Como diz o ditado, "é no chacoalhar da carroça que as abóboras se acomodam". Assim acontece com os partidos e as candidaturas no período de costura das alianças e definição das chapas.
Nos bastidores da Assembleia Legislativa circulava a versão de que a deputada estadual Eliziane Gama (PPS) cogitava a candidatura a governadora apenas para ganhar visibilidade, mas no fundo ela mirava uma vaga de deputada federal.
Do começo do ano para cá, o cenário mudou e tudo indica que Eliziane será candidata ao governo do Maranhão em 2014, de olho na prefeitura da capital em 2016.
Ela vê uma brecha na disputa entre Luís Fernando (PMDB) e Flavio Dino (PCdoB). Os marqueteiros e o próprio faro da deputada sentem chance de um bom desempenho dela no contexto da disputa polarizada nos dois grandes grupos: Sarney x oposição ampla (incluindo setores conservadores).
Lá no fundo, ela sabe que as chances de chegar ao segundo turno em 2014 são remotas, mas pode cumprir um papel na campanha, ser bem votada e sair credenciada para disputar a Prefeitura de São Luís em 2016.
Porém, 2014 é tudo! E que papel será esse? Uma incômoda e barulhenta "neutralidade" no segundo turno, sem declarar apoio nem a Flavio Dino nem a Luís Fernando.
É importante observar, também, que durante a campanha Eliziane terá uma discreta torcida do Palácio dos Leões. Ela vai arrastar parte do eleitorado de Flavio Dino, fazendo o comunista cair nas pesquisas, que hoje lidera com folga.
Com o discurso da oposição, Gama vai tentar se distinguir no ambiente maniqueísta entre sarneístas e a coligação ampla liderada por Dino.
Nesse cenário, o eleitorado anti-Sarney tende à divisão, favorecendo diretamente Eliziane e; indiretamente, Luís Fernando. Este pode continuar estagnado ou registrar pouco crescimento, mas será motivado pela queda de Flavio Dino, o adversário mais forte.
Sobre o resto da campanha é impossível fazer qualquer consideração, porque no Maranhão tudo pode acontecer, até mesmo Eliziane Gama ser governadora. Você duvida!?
Exageros à parte, o fato concreto é que a candidatura dela terá uma discreta torcida da oligarquia Sarney. E essa discreta torcida pode até evoluir para um apoio discreto ou uma vontade declarada.
É no futuro que ela pensa. Se fizer uma boa parceria em 2014 pode ser ajudada em 2016, visando a uma candidatura forte à Prefeitura de São Luís.
Objetivamente, Eliziane "atrapalha" os planos de Flavio Dino, principalmente se ela repetir no segundo turno a "neutralidade" de 2012, quando fez boa campanha, teve ótima votação, mas não tomou posição entre Edivaldo Holanda Junior (PTC) e João Castelo (PSDB).
A neutralidade, se repetida, pode ser uma pedra no meio do caminho de Flavio Dino para chegar ao Palácio dos Leões.
Um comentário:
Eliziane parece ter um certo ressentimento por ter sido preterida por Flávio Dino na eleição de 2012. Políticos movidos por ressentimento, em geral, acabam ficando isolados.
De qualquer forma, creio que a candidatura da deputada tem muito potencial para crescer. Pelo cansaço da oligarquia, pela postura impecavelmente petulante da "oposição ampliada" em querer eleger Flávio Dino por aclamação, pela disposição aparente da própria candidata em construir um palanque em oposição a Dilma (Marina e Serra em 2010 tiveram, juntos, 30% no 1º turno!.
Há de se concordar que a nível nacional, uma candidatura de Campos ou Marina é benéfica para o debate. No Maranhão, também não seria diferente.
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