Salvador Fernandes *
O recente e inesperado falecimento do Governador Jackson Lago, militante político cuja trajetória foi marcada pela intransigente defesa da democracia e das causas populares, significa o perecimento do principal ícone do centro-esquerda maranhense, no período pós ditadura militar. Tal liderança foi comprovada nos três mandatos de Prefeito de São Luís e um de Governador do Estado.
Foi-se o Doutor Jackson. E agora, quem o substituirá no comando da oposição maranhense? Os nomes mais badalados são: João Castelo, Roberto Rocha, Flávio Dino e Bira do Pindaré.
Sobre os dois primeiros, João Castelo e Roberto Rocha, – estuários de aglutinação de parcelas das forças conservadoras de oposição da política maranhense – comenta-se que estariam buscando uma reaproximação com a Oligarquia Sarney. Por outro lado, eles têm pouco ou nenhum trânsito com quase a totalidade da esquerda maranhense, hoje orbitando na constelação flavista e birista.
Flávio Dino vive o dilema de repetir, em
Dizem que uma candidatura de Flávio Dino em 2012 propiciaria a junção odienta dos sarneysistas e castelistas. No caso, afirmam também, que uma terceira derrota numa disputa majoritária inviabilizaria a candidatura do Flávio Dino ao Governo do Estado em 2014. Esquecem que um fracasso, no complexo cenário a ser montado em 2014, pode representar o fim, nos embates majoritários, de uma emergente liderança política.
O último, Bira do Pindaré, eleito Deputado Estadual com uma expressiva votação em São Luís, enfrenta outro impasse: é membro de um agrupamento político marginal nos planos local e nacional da composição petista. Deste modo, dificilmente terá uma carta de anuência dos neosarneysistas que controlam a sigla partidária no Maranhão para ser candidato a Prefeito de São Luís. Caso aconteça, poderá ser barrado, a pedido do próprio José Sarney, pelo comando nacional do PT.
Sob a ótica popular, o mais grave neste tabuleiro político é que os expoentes Flávio Dino e Bira do Pindaré, ativistas políticos e filiados a partidos de esquerda desde a juventude, têm em comum contra si a indisposição da Direção Nacional do PT. Na atual conjuntura, qualquer movimento de ambos que contrarie os interesses da Oligarquia no Maranhão terá a reprovação de Lula e Zé Dirceu e, por tabela, do PT nacional e do Governo Dilma.
No espectro partidário, o adesismo à Oligarquia amplia-se entre as maiores agremiações oposicionistas, sejam de direita, centro ou de esquerda. No PSDB, pelas últimas notícias, há uma ambiência de distensão capitaneada por Roberto Rocha, João Castelo e Sebastião Madeira. O PT há tempo já faz parte da cesta partidária dos Sarneys, e inclusive indicou o Vice-Governador na chapa majoritária de 2010. Os que resistem a esta sucumbência política, estão convidados a procurar novos rumos.
No PDT, a senha adesista veio com o posicionamento de parte da bancada estadual favorável à candidatura governamental na eleição para Mesa Diretora da Assembléia Legislativa e à debandada de alguns Prefeitos para a base governista. No PSB e PCdoB as defecções foram menores, mas suficientes para contribuir, em 2010, com a não realização do segundo turno da eleição para Governador do Estado.
O certo é que o desenho da disputa político-eleitoral de 2010 dificilmente se repetirá em 2014. Afinal, com o falecimento do Governador Jackson Lago, provavelmente não se terá duas candidaturas de oposição – originárias do setor democrático-popular e com forte apelo eleitoral – ao Governo do Estado.
Aliás, a derrota político-eleitoral da oposição em 2010 foi determinada pela maquiavélica cassação do Governador Jackson Lago, arquitetada nos gabinetes palacianos de Brasília, e pela truculenta intervenção da Direção Nacional do PT, para alterar a democrática decisão do Encontro Estadual do braço maranhense do partido de apoiar a candidatura de Flávio Dino ao Governo do Estado. Essas negociatas foram decisivas para garantir o continuísmo do domínio oligárquico no Maranhão.
Salvador Fernandes é economista, servidor público federal e ex-presidente do PT no Maranhão.
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