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segunda-feira, 20 de junho de 2011

PT MAIS PRÓXIMO DE KASSAB EM SÃO PAULO



No encontro dos petistas de SP, neste final de semana, Zé Dirceu e Lula comandaram as articulações para atrair o ex-DEM Gilberto Kassab

Por Alberto Bombig, d'O Estado de São Paulo
estadao.com.br

Sob ataque do DEM em todo o País, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ganhou no fim de semana um forte aliado em sua intenção de criar seu novo partido, o PSD. Reunido em Sumaré (SP), o PT paulista decidiu manter abertas as portas para que a nova sigla integre a base de apoio da presidente Dilma Rousseff no Congresso e, pelo menos por enquanto, possa até fazer coligações com candidatos petistas nas eleições do ano que vem.


A decisão foi interpretada como um sinal para os demais diretórios do País de que o partido de Kassab não deverá ser tratado como um adversário natural do PT, mas sim como uma sigla a ser usada na sustentação do governo e na luta contra a oposição, especialmente em São Paulo, Estado governado pelo PSDB desde 1995 e hoje a principal obsessão do Planalto e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Durante o Encontro das Macrorregiões do PT-SP, a direção paulista conseguiu vetar uma resolução que proibiria alianças eleitorais com o partido de Kassab, caso a sigla seja viabilizada. Seria mais uma medida para asfixiar o PSD no seu nascedouro (São Paulo), pois a nova sigla já é alvo de ações na Justiça capitaneadas pelo DEM, o antigo partido do prefeito.


A proposta de proibir coligações do PT com o PSD partiu de um grupo de petistas da capital do Estado, oposição ao prefeito Kassab. Mas a direção estadual atuou fortemente para evitar que ela fosse aprovada e conseguiu ao menos rachar o partido. O resultado da consulta foi de 236 votos favoráveis à proibição e 236 contrários. Na prática, isso significa que não existe hoje um veto formal ao PSD dentro do comando petista.

A decisão agora deverá ser tomada em um seminário a ser organizado pelo PT somente para analisar a questão. No encontro, que contou com a participação de Lula, os petistas aprovaram o veto formal às coligações com o PSDB, o DEM e o PPS em todo o Estado. Por sugestão de vereadores de São Paulo, o PSD foi incluído na consulta, mas a direção conseguiu barrar a restrição formal ao partido que ainda está na fase de coletas de assinaturas para ser viabilizado a tempo de concorrer nas eleições de 2012.


"Em termos de cenário nacional, seria ruim para o PT paulista mandar um recado negativo ao novo partido do prefeito Kassab. Todos os sinais hoje são para que ele integre a base de apoio ao governo federal no Congresso. Seria, antes de mais nada, prematuro um veto ao PSD neste momento", disse o deputado estadual Edinho Silva, presidente do PT do Estado de São Paulo.


Edinho defendeu pessoalmente a proibição ao veto e colocou todo o peso da direção estadual para evitar que os paulistanos obtivessem êxito. O diretório da capital já declarou ser contra a aproximação com Kassab. 'O PT da capital não aceita qualquer possibilidade de união com o prefeito. Discordamos das políticas públicas implementadas pela gestão dele e vamos permanecer na oposição', diz o vereador Antônio Donato, presidente dos petistas paulistanos.


"A questão da capital não pode balizar o PT em todo o Estado", diz Edinho. Em Ribeirão Preto, importante cidade do interior, por exemplo, a prefeita Dárcy Vera tem a intenção de concorrer à reeleição pelo PSD com o apoio decisivo dos petistas.


Na capital do Estado, o sonho de parte dos petistas seria ter o apoio de Kassab no caso de um eventual segundo turno entre um candidato do PT e um do PSDB. Em conversas reservadas, o prefeito acena com essa hipótese para seduzir os petistas da direção estadual.


CPI do PSD - Donato também é autor de um requerimento que propõe a criação de uma CPI na Câmara Municipal para investigar o suposto uso da máquina pública da gestão Kassab na coleta de assinaturas para a criação do partido. Para isso, são necessárias 28 adesões de parlamentares.


No fim de semana, porém, o governador Geraldo Alckmin declarou não ser favorável à instalação da CPI, o que deve inviabilizar o apoio dos sete vereadores do PSDB à proposta de Donato. Além disso, dentro da própria bancada do PT, Kassab possui a simpatia dos grupos ligados ao vereador Arselino Tatto e ao deputado estadual João Antônio.

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