Visões interior e exterior do monotrilho: agilidade no transporte de massa nas capitais |
Existe uma alternativa viável para melhorar o sistema de
transporte na capital, utilizando o monotrilho, já testado nos Estados Unidos,
Japão, Europa e recentemente em São Paulo.
Com amplo conhecimento e experiência de 30 anos no setor ferroviário,
o especialista Romeu Bisso Junior, 53 anos, explica nesta entrevista os
detalhes da implantação e operação do monotrilho.
Formado em Tecnologia Mecânica Modalidade Projetos, pela
Faculdade de Tecnologia de Cruzeiro-SP, ele atua como consultor técnico para
Operadoras Logísticas.
Professor do Uniceuma, filho de mestre em Construções de
Vagões na antiga Fábrica Nacional de Vagões, em Cruzeiro (SP), Bisso Junior
cresceu em meio a linha férrea e as estações ferroviárias do Interior de São
Paulo. Reside em São Luís desde 2008 e atuou na Vale como representante técnico
de uma grande empresa fabricante de vagões.
Mais barato e com melhores condições de instalação que o
VLT, o monotrilho é adequado para os canteiros centrais das grandes avenidas de
São Luís.
Veja a entrevista:
Blogue – Como você avalia a tentativa de implantação do VLT
em São Luís?
Romeu Bisso Jr: Não conheci o projeto nem os profissionais
que nele estavam envolvidos, porém, pelo que foi apresentado e implantado ao
fim do Governo Castelo tenho certeza absoluta que o VLT não seria (e não o é) a
melhor opção para nossa ilha.
Blogue – Você recomenda a retomada do projeto do VLT?
Romeu Bisso Jr: Não. Temos atualmente outras tecnologias
mais eficazes e com custos muito menores que a do VLT.
Blogue – Quais seriam os principais impedimentos e
dificuldades para a concretização do VLT em São Luís?
Romeu Bisso Jr: As desapropriações para a construção da via
seriam de valores extremamente altos o que de imediato elevaria
astronomicamente o custo desse projeto. Outro fator importante é a Legislação
Ferroviária Brasileira. Ela exige uma área de recuo em ambos os lados da via e
recuo nas áreas inicialmente implantadas era tudo que não se teria.
Blogue – Descartado o VLT, que tipo de transporte sobre
trilho você recomenda para a capital?
Romeu Bisso Jr: São Luis é provida de grandes avenidas de
pista dupla que dão acesso a vários pontos importantes da cidade. E uma
característica importantíssima nessas avenidas é que elas possuem Canteiro
Central. Essa é a grande vantagem que propicia a implantação de um sistema moderno,
de custo muito menor que o VLT em São Luis. Esse sistema de transporte é o
MONOTRILHO.
Blogue – Quais as vantagens do monotrilho para São Luís?
Romeu Bisso Jr: Primeiramente é a grande diminuição ou quase
ausência dos custos de desapropriações, visto que o sistema é construído em
áreas públicas, no caso de São Luis, nos canteiros centrais das grandes
avenidas.
Muitos outros fatores avalizam o sucesso desse sistema de
transporte como o fato de o Monotrilho circular por via aérea sobre estruturas
de concreto pré-fabricadas. Assim um sistema rodoferroviário seria implantado
em um só espaço físico. A sua implantação também tem um tempo abreviado pelo
fato de serem usadas estruturas prontas.
Outro aspecto importante é a questão do menor impacto
ambiental do sistema seja em termos de ruído (NBR 10151 e 10152), na emissão de
poluentes, obstrução visual e efeito sombra das estruturas de suporte.
A velocidade média do sistema é de 35 km/h e a velocidade
operacional pode chegar a 90 km/h.
Blogue – Como o monotrilho poderia ser implantado
concretamente? Cite um exemplo de avenidas na capital onde seria viável.
Romeu Bisso Jr: As estruturas (pilares) são construídas no
canteiro central da Avenida que recebe posteriormente as vigas a uma altura
entre 12 a 15 metros. Nelas são instalados todo o sistema de movimentação da
Unidade Operacional de Trem (TUE). Avenidas como a Jerônimo de Albuquerque que
possui ligação com a Guajajaras e Gov. Matos Carvalho é um exemplo de grande
avenida que pode receber o projeto pelo fato de cortar a cidade e interligar
vários bairros.
A Avenida Daniel de La Touche, Holandeses idem. Tudo depende
de estudos de viabilidade.
As estações de embarque e desembarque poderão ser
construídas em convênio entre estado e iniciativa privada da capital em locais
estratégicos como, por exemplo, nos shoppings.
Blogue – É possível instalar uma linha de monotrilho ligando
São Luís a Itapecuru, por exemplo?
Romeu Bisso Jr: (suspiro)... É possível, porém com custo
elevadíssimo. Mas a grande prioridade hoje, todos nós sabemos é solucionarmos
os problemas de transporte da capital. De Itapecuru a São Luis, o meio de
transporte mais viável é o rodoviário.
Blogue – Você teria uma estimativa de custo do monotrilho
para um trecho dentro de São Luís?
Romeu Bisso Jr: Temos como base o projeto de São Paulo que
foi amplamente divulgado. A linha que ligará a Vila Prudente a Cidade
Tiradentes, por exemplo, é um projeto de proporções muito maiores que a
realidade de São Luis, assim, qualquer estimativa de custo sem a devida análise
seria no mínimo descabidas. Somente um grupo de estudos e de viabilidades para
tal.
Blogue – Considerando as nossas avenidas estreitas, por onde
passaria a linha do monotrilho?
Romeu Bisso Jr: A visão maior seria prover por esse sistema,
as grandes avenidas que necessitam dar condições para um maior fluxo de ida e
vinda para a população e que seriam usadas como espinha dorsal. O sistema de
ônibus que pode ser instalado a partir das estações principais é também o
grande apoio ao sistema, pois proverá o acesso a outros vários bairros de São
Luis.
Blogue – Como ficaria a iluminação pública dos canteiros
centrais, levando em conta que o monotrilho ocuparia essa faixa? O que fazer
para substituir os postes de luz?
Romeu Bisso Jr: A própria estrutura abriga o sistema de
iluminação já que tudo estaria localizado no canteiro central da avenida. Claro
que dispostos de forma racionalizada e sempre sob a inspeção periódica.
Blogue – Quantas pessoas podem ser transportadas em cada
vagão do monotrilho? Há uma estimativa de quantidade diária de passageiros?
Você poderia fazer uma simulação para uma linha, por exemplo?
Romeu Bisso Jr: Irá depender de um estudo prévio para São
Luis, como disse. Em São Paulo, na linha Vila Prudente a Cidade Tiradentes um
trem contendo sete carros passageiros transporta mil pessoas. E a capacidade do
sistema é para 48 mil passageiros por hora. Só para se ter ideia, uma linha de
metrô leva em média 60 mil pessoas por hora.
Blogue – Quais os níveis de segurança e manutenção do
monotrilho, em caso de pane?
Romeu Bisso Jr: Todo sistema é mantido por equipes
dispostas ao longo da via. O fato de ocorrer uma pane é remoto dado à
tecnologia avançada que monitora todo o sistema. Exemplo disso é o fato de que
os trens funcionam sem operadores.
Blogue – Existem experiências bem-sucedidas de implantação
do monotrilho? Onde e desde quando funcionam?
2 comentários:
Dr. Romeu Bisso Jr, ao ver suas sugestões, apropriadas, visto que a sua participação no projeto "Aeroporto Cargueiro de Anapolis", fora todas aproveitadas e se transformaram em soluções, incluindo o "Trevo DAIA" que desafogou todo o transito da BR-153, parabenizo o Blog por ter um profissional como o Sr. Dr. Romeu.
Show, gostei da idéia.
Postar um comentário