Leandro da Silva Sampaio viajou mais de 3,5 mil quilômetros, de Anajatuba (MA) até Vacaria (RS), para trabalhar na colheita de maçã. Sampaio é formado em Pedagogia e sua esposa está grávida de 5 meses.
Leandro na colheita: trabalho extra compensa o pequeno salário de professor. Foto: Lauro Alves/Agência RBS |
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— Você é o único
formado da família e vai atravessar o Brasil para apanhar maçã?
A pergunta foi feita
a Leandro da Silva Sampaio pela mãe, quando contou a ela que viajaria de
Anajatuba, no Maranhão, até Vacaria, no Rio Grande do Sul — uma distância de
aproximadamente 3,5 mil quilômetros.
Professor de
Pedagogia, o maranhense de 26 anos é um dos 84 trabalhadores que lotaram dois
ônibus e viajaram quase três dias para colher maçã na Rasip, uma das maiores
produtoras da fruta do país. A escolha pelos pomares do Sul, após lecionar em
escolas municipais, foi racional.
— Para
conseguir um contrato temporário em Anajatuba, tenho de ficar batendo na porta
de político — reclama Sampaio, formado em 2011 pela Faculdade Atenas
Maranhense, em São Luís (MA).
Na coordenação de
uma escola de Anajatuba, com contrato temporário de 40 horas, o professor
ganhava pouco mais de R$ 1 mil.
— Sem contar
que nunca tive nenhum apoio pedagógico para formação continuada. Isso vai
desanimando — conta o jovem.
Com a mulher grávida
de cinco meses, Sampaio acabou optando por buscar uma renda maior em um período
menor de tempo. Nos 90 dias em que trabalhará na colheita, calcula ganhar cerca
de R$ 2 mil, sem nenhum custo com alimentação e hospedagem.
Na lida nos pomares,
é chamado de professor pelos conterrâneos desde o primeiro dia da colheita.
Convivendo com pessoas que sequer concluíram o Ensino Fundamental, Sampaio diz
aprender a cada dia:
— Minha avó sempre
dizia que, às vezes, a sorte da gente não está no lugar onde nascemos.
Um comentário:
Triste essa realidade!
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