O Maranhão perdeu ontem o ex-governador Jackson Lago (PDT). Nessa temporada tão cruel de abandono de São Luís, vêm sempre as boas lembranças da primeira gestão do prefeito Jackson Lago (1989 - 1992), pautada no bordão "Trabalho e Honestidade".
Lago arrumou a cidade e obteve reconhecimento nacional pela sua administração. Até Caetano Veloso, em um show realizado no antigo Espaço Cultural, no fim dos anos 1980, elogiou Jackson.
Lago governou a cidade novamente de 1997 a 2000, mantendo ainda os princípios do início da carreira, mas vacilou ao fazer uma parceria institucional com o grupo Sarney, em 2000, na famosa coligação vitoriosa em que aparece brindando champanhe com Roseana Sarney.
Aquela aliança de Lago e Sarney surpreendeu e decepcionou a todos que votaram em Jackson tantas vezes para prefeito e deputado. Começou aí uma série de desvios e acertos, dentro e fora da lógica política.
Registre-se que foi uma aliança sem necessidade no contexto das obviedades da política porque o prefeito era muito bem avaliado. Mas havia outros interesses em jogo.
Na aliança de 2000, Roseana e Jackson combinavam o jogo de 2002, quando ela seria candidata à Presidência da República e ele ao Governo do Maranhão.
Porém, no meio do caminho veio a "Operação Lunnus", o projeto de candidatura presidencial de Roseana derreteu rapidamente e Jackson Lago voltou à oposição.
Atravessando o tempo, Jackson elegeu-se governador em 2006, com o apoio decisivo do governador José Reinaldo Tavares, recentemente rompido com o grupo Sarney. Chegava ao poder a "Frente de Libertação do Maranhão", reunindo um espectro partidário que ia do PDT ao PSDB.
Com a hegemonia do PSDB, a frente governou sob denúncias de corrupção e Lago teve uma morte política em 2009, ao ser cassado pelo TSE, em circunstâncias que todos conhecem. Nunca antes na história deste país um tribunal foi tão diligente.
Na eleição de 2008, ainda antes de ser cassado, Lago comete outro erro: o apoio à candidatura de João Castelo (PSDB) à Prefeitura de São Luís. Uma falha tão grave quanto a aliança com Roseana em 2000.
Em 2010 Lago volta à guerra, em nova disputa ao governo, mas já abalado pelo abandono dos seus principais beneficiários nos bons tempos do Palácio dos Leões. O primeiro a deixá-lo foi o prefeito João Castelo, eleito com o apoio do governo.
Outros seguiram o mesmo caminho, acolhendo-se à sombra do governo Roseana, sem o mínimo respeito ou solidariedade a Jackson Lago.
O ex-governador teve muitos méritos. Um deles foi a fidelidade da vida inteira ao PDT que ajudou a fundar junto com Leonel Brizola. Foram os trabalhistas o esteio de quase todas as candidaturas vitoriosas em São Luís, desde 1989, e ao governo do Maranhão, em 2006.
Ele foi fiel também aos seus amigos e aos seus princípios, nem sempre tendo a reciprocidade necessária. Em várias circunstâncias, via-se cercado de aproveitadores e bajuladores de todos os ocupantes do Palácio dos Leões.
A vitória de Lago em 2006, com o apoio de José Reinaldo Tavares, serviu para romper a barreira do medo no Maranhão. Na campanha ao Governo do Estado, em 2010, os prefeitos já não temiam reunir-se com os candidatos da oposição e declarar apoio.
Jackson Lago deu um passo importante no processo de reconstrução do Maranhão. No pouco tempo de governo, antes de ser cassado, abriu o caminho para outras possibilidades além do mais do mesmo Sarney.
A eleição e o mandato interrompido de Jackson, sem julgar os méritos, começou a derrubar essa muralha de pavor que domina o nosso estado desde os tempos de Vitorino Freire. Conseguiu mostrar que o Maranhao não tem um só dono eterno.
A muralha abalada ainda resiste, mas não ficará pedra sobre pedra.
Que Jackson Lago descanse em paz.
Lago arrumou a cidade e obteve reconhecimento nacional pela sua administração. Até Caetano Veloso, em um show realizado no antigo Espaço Cultural, no fim dos anos 1980, elogiou Jackson.
Lago governou a cidade novamente de 1997 a 2000, mantendo ainda os princípios do início da carreira, mas vacilou ao fazer uma parceria institucional com o grupo Sarney, em 2000, na famosa coligação vitoriosa em que aparece brindando champanhe com Roseana Sarney.
Aquela aliança de Lago e Sarney surpreendeu e decepcionou a todos que votaram em Jackson tantas vezes para prefeito e deputado. Começou aí uma série de desvios e acertos, dentro e fora da lógica política.
Registre-se que foi uma aliança sem necessidade no contexto das obviedades da política porque o prefeito era muito bem avaliado. Mas havia outros interesses em jogo.
Na aliança de 2000, Roseana e Jackson combinavam o jogo de 2002, quando ela seria candidata à Presidência da República e ele ao Governo do Maranhão.
Porém, no meio do caminho veio a "Operação Lunnus", o projeto de candidatura presidencial de Roseana derreteu rapidamente e Jackson Lago voltou à oposição.
Atravessando o tempo, Jackson elegeu-se governador em 2006, com o apoio decisivo do governador José Reinaldo Tavares, recentemente rompido com o grupo Sarney. Chegava ao poder a "Frente de Libertação do Maranhão", reunindo um espectro partidário que ia do PDT ao PSDB.
Com a hegemonia do PSDB, a frente governou sob denúncias de corrupção e Lago teve uma morte política em 2009, ao ser cassado pelo TSE, em circunstâncias que todos conhecem. Nunca antes na história deste país um tribunal foi tão diligente.
Na eleição de 2008, ainda antes de ser cassado, Lago comete outro erro: o apoio à candidatura de João Castelo (PSDB) à Prefeitura de São Luís. Uma falha tão grave quanto a aliança com Roseana em 2000.
Em 2010 Lago volta à guerra, em nova disputa ao governo, mas já abalado pelo abandono dos seus principais beneficiários nos bons tempos do Palácio dos Leões. O primeiro a deixá-lo foi o prefeito João Castelo, eleito com o apoio do governo.
Outros seguiram o mesmo caminho, acolhendo-se à sombra do governo Roseana, sem o mínimo respeito ou solidariedade a Jackson Lago.
O ex-governador teve muitos méritos. Um deles foi a fidelidade da vida inteira ao PDT que ajudou a fundar junto com Leonel Brizola. Foram os trabalhistas o esteio de quase todas as candidaturas vitoriosas em São Luís, desde 1989, e ao governo do Maranhão, em 2006.
Ele foi fiel também aos seus amigos e aos seus princípios, nem sempre tendo a reciprocidade necessária. Em várias circunstâncias, via-se cercado de aproveitadores e bajuladores de todos os ocupantes do Palácio dos Leões.
A vitória de Lago em 2006, com o apoio de José Reinaldo Tavares, serviu para romper a barreira do medo no Maranhão. Na campanha ao Governo do Estado, em 2010, os prefeitos já não temiam reunir-se com os candidatos da oposição e declarar apoio.
Jackson Lago deu um passo importante no processo de reconstrução do Maranhão. No pouco tempo de governo, antes de ser cassado, abriu o caminho para outras possibilidades além do mais do mesmo Sarney.
A eleição e o mandato interrompido de Jackson, sem julgar os méritos, começou a derrubar essa muralha de pavor que domina o nosso estado desde os tempos de Vitorino Freire. Conseguiu mostrar que o Maranhao não tem um só dono eterno.
A muralha abalada ainda resiste, mas não ficará pedra sobre pedra.
Que Jackson Lago descanse em paz.
3 comentários:
Texto conciso e pontual para explicar a trajetória política de Jackson Lago, em um momento em que se dá enfase a lembrança da cassação do seu mandato no governo.
Acino dem baixo o comentário aí de cima. Um belo relato, Ed.
Abraços, meu bom.
Jackson cometeu um erro fatal para a luta anti-oligárquica , teimosamente entregou a prefeitura ao traíra do João Castelo . Remou para 30 anos atrás e deixou-se essa nefasta herança . ele mesmo provou a amargo sabor da traição , quando fez uma campanha sem recursos , enquanto Gardeninha chegou a bancar deputados federais , sobrou na campanha ...
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