Caboclo de pena do Boi da Mata Grande |
Cantador Neto lidera o batalhão no ensaio deste domingo, 9,
no povoado Bom Jardim, na zona rural de São Luís
José Domingos Ramos Neto traz o bumba-meu-boi no sangue.
Filho de Nicolau Sodré Ramos, um dos fundadores do tradicional boi de Ribamar,
no Oiteiro, Neto despertou cedo para cantar e compor toadas. Desde criança já
se divertia nos terreiros da ilha, mas começou a profissionalização aos 20
anos, compondo toadas para outros cantadores.
Nos últimos cinco anos Neto é o cantador do boi Renovador da
Mata Grande. Considerado um dos mais tradicionais da ilha de São Luís, o
batalhão da Mata Grande já teve outros nomes e ficou parado por 23 anos. Em
2002 a comunidade ressuscitou a brincadeira, agora sob a presidência de Regina
Célia Alves, a Célia da Mata. “Renovamos o boi em 2002, com suor e paixão,
ganhando a confiança do público e agora o boi ficou grande”, explica a
presidente.
CD 2013
Desde 2002 o boi vem gravando CDs anualmente, mas em 2013
traz uma novidade: as toadas feitas em parceria. “Eu não cantava nada de
ninguém, tinha um orgulho. Tudo que eu cantei até hoje foi de minha autoria. Eu
dizia que não queria cantar nada de ninguém para minha mente não ficar
preguiçosa, mas esse ano eu gravei uma toada do coronel Franklin e outra em
parceria com Maurão de Panaquatira”, conta Neto.
Outra novidade é o ensaio do boi fora do local de origem. Domingo,
9, o batalhão foi convidado para encenar no povoado Bom Jardim, na zona rural
de São Luís. Segundo o diretor de eventos, Augusto da Mata Grande, o batalhão
está reforçado em 2013 com dois cantadores, Soró e Valdinar, o CD está sendo
bem recebido e a comunidade muito integrada.
DE PAI PARA FILHO
Neto estreou como cantador no boi do Sítio do Apicum, depois
empunhou o maracá nos batalhões de Panaquatira e Matinha. Nos últimos cinco
anos fixou-se no boi Renovador da Mata Grande.
O novo CD tem uma toada em homenagem a Humberto do Maracanã,
mas é no seu pai, Nicolau Sodré, que Neto tem a maior inspiração. “Meu pai era
um folclorista tão querido que, mesmo sem ser rico nem político, foi
homenageado com o nome de uma praça em São José de Ribamar. Ele é meu ídolo. Eu
sempre seguirei os passos dele”, relatou.
Neto é policial militar, mas no período junino troca a farda
pelos adereços enfeitados de canutilhos e miçangas, sacode o maracá e agita o
batalhão da Mata Grande, fazendo toda a ilha tremer ao som das matracas e
pandeirões.
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