por André Forastieri, do portal R7
Hoje é o dia D para o senador Demóstenes Torres. Seu partido, o DEM, deu a ele um prazo para explicar suas ligações com um bicheiro da pesada. Não dá pra explicar. Demóstenes calou. A direção do DEM decidiu expulsá-lo.
O goiano era considerado um exemplo de retidão. Foi secretário de Justiça de seu estado. Chegou a ser ungido um dos cem brasileiros mais influentes, em 2009. Foi relator da Lei da Ficha Limpa, na Comissão de Justiça.
Fez campanha como defensor da retidão e inimigo número um dos políticos corruptos. É um bandido. Está provado por gravações. É pior que um bandido. É um bandido hipócrita.
Nunca me enganou. Eu tenho muito preconceito contra políticos em geral, e especial preconceito contra políticos que trabalharam para a ditadura militar, ou que se beneficiaram dela, ou que se arrogam seus herdeiros.
Quem lutou contra a democracia não poderia concorrer a nada, nem exercer cargo público - no mínimo. Sou rancoroso e revanchista.
A expulsão, então, pode sair hoje. São os rotos expulsando o rasgado. O DEM é o antigo PFL, que por sua vez é a antiga Arena, partido criado pelos militares golpistas de 1964.
Só de alguém se filiar a essa coisa, que para completar se batizou Democratas, já merece escárnio e desprezo.
Todo partido e político merece ceticismo e questionamento, mas não, não é tudo farinha do mesmo saco. Alguns são ruins e outros piores.
Demóstenes supostamente representava a face nova do conservadorismo nacional. Tinha fama de honesto, articulado, bem assessorado. Era respeitado por seus opositores - trouxas.
Não precisava muito mais que ler sua explicação de que a escravidão no Brasil tinha sido culpa dos africanos, dois anos atrás, para perceber o fedor feudal por baixo do perfume francês.
É o tipo de político mais odioso - o picareta que posa de dono da verdade e se arroga defensor da lei e da ordem.
Se seu mandato for cassado pelos colegas, ou se ele renunciar, será inelegível pelos próximos 25 anos, até 2027. É a condenação à morte, do ponto de vista político.
Humilhação, mas não puxará um dia de cana e manterá seu dinheirinho bem protegido. É pouco.
A pena de morte é uma violência que iguala moralmente uma sociedade toda a um criminoso. Sou contra. Mas gente como Demóstenes atiça meus piores instintos.
Todo mundo reclama que o Brasil não tem jeito enquanto continuar a impunidade, mas ninguém quer punir de verdade. Bem, eu quero, e tem que ser coisa de meter medo.
Tipo um tiro na nuca? Talvez, depois da Lei da Ficha Limpa, seja hora de aprovar a Lei da Morte Súbita, exclusiva para político. Pisou na bola, morreu.
Qualquer traficantezinho de esquina pega dez anos de cadeia, e esses caras continuam circulando por aí, rindo da nossa cara, apesar de todos os grampos provando suas podreiras?
Morte política é pouco. Delenda Demóstenes!
Um comentário:
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões
Estão todas perdidas
Os meus sonhos
Foram todos vendidos
Tão barato
Que eu nem acredito
Ah! eu nem acredito... E o Cazuza, tão atual...Belo texto, é sempre bom ver as máscaras caindo!
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