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quarta-feira, 31 de março de 2010

OKAZAJO: TEATRO QUE FAZ RIR, MAS NÃO BRINCA EM SERVIÇO

PROFESSOR VÊ BOAS CENAS NO TEATRO EM IMPERATRIZ

Marcos Fabio *

No último dia 20, fui mais uma vez a um espetáculo da Companhia Okazajo. Estava em cena a oitava temporada da “TV Okazajo”, a montagem que celebrizou a trupe de Rogério Benício como representante do teatro de humor - aquele tipo de teatro que só nos pede que sentemos e soltemos os músculos dos lábios para mostrar os dentes.

Desde que cheguei a Imperatriz, há quase quatro anos, tenho visto os espetáculos da Okazajo. Já vi uns cinco ou seis, acho, talvez um pouco mais. Sempre fico com a melhor impressão das montagens. Os meninos e meninas se esforçam muito para nos proporcionar a melhor diversão: fazem um bom roteiro, cuidam do cenário, capricham nos recursos audiovisuais e na interpretação. É tudo muito bem feito, a despeito dos poucos recursos que caem no caixa por conta dos patrocínios que eles amealham do comércio local e dos pequenos erros, que eles vão tratando de incorporar, como gags, às suas falas (quase sempre) improvisadas.

Só por causa da persistência em fazer teatro por aqui, sem grandes incentivos financeiros e contando mais com garra que com dedicação profissional dos atores e atrizes (quase todos os componentes da companhia trabalham em outras ocupações para se manterem), já valia elogiá-los e lhes conceder todos os louros. Mas os espetáculos são mesmo bons, leves, divertidos. O que pode confirmar este fato são as plateias das montagens – a última teve todas as suas sessões lotadas; na que eu fui assistir havia cadeiras extras para comportar o público e parece que ficou gente do lado de fora...

A boa performance da Okazajo aponta para uma dupla feliz perspectiva. A primeira é a de que, ao contrário do que se pode pensar, há público para o teatro na cidade: jovens, estudantes, crianças, adultos, idosos; o público que atende ao chamado da Okazajo pode muito bem atender ao chamado de outras companhias. E já o faz, basta lembrar a premiada montagem, no fim do ano passado, de “Versos de Holanda”, um espetáculo do Grupo de Teatro da UFMA, a partir das letras de música de Chico Buarque, que fez boas casas, tanto nas noites em que se apresentou no auditório da UFMA quanto no teatro. E ainda o fato de que, imediatamente depois das apresentações da “TV Okazajo”, entraram em cena no Ferreira Gullar “Quasímodo” e “Entre o céu e o inferno”.

A segunda perspectiva é a de que o empresariado local, também ao contrário de julgamentos pessimistas, pode ser persuadido a investir algum quinhão na divulgação da sua marca em produções artísticas – uma ferramenta que o marketing cultural, em outros centros, já descobriu e aperfeiçoou. Os espetáculos da Okazajo têm sempre muitos anúncios e muitos agradecimentos logo após a peça. Talvez valha a pena, também, pensar em projetos de maior monta para apresentar a órgãos de fomento cultural, públicos e privados.

O que falta para melhorar a realidade do teatro por aqui é um incentivo maior do poder público e a convergência de outros lutadores aguerridos para investirem nessa arte. Ah, claro, e um teatro maior, pois a população cresce e precisa: “a gente não quer só comida”, né?

Fazer teatro é difícil em qualquer lugar do mundo. A dificuldade que a turma de empreendedores da Okazajo enfrenta é igual à de muitos outros Brasil afora, guardadas as devidas proporções. Mas, fundamentalmente, a Okazajo vai mostrando, a cada produção que põe em cena, que é possível (e necessário) perseverar. Fazer teatro, com muito ou com pouco, mas fazer com qualidade, prazer e envolvimento; esse é o maior mérito e o maior exemplo que nos dão Rogério, Wallace, Wanderson, Welton, Hennisson, Hailene, Thaísia, Rafael Pinto, Rafael Pirangi, Raul, Wesley, Renan, Elisângela, Marco Duallibe, Ana, Yago, Ingrid, Hellen, Evaldo – e um ou outro que eu tenha esquecido...

Vida longa à Okazajo e sua arte de fazer rir – porque, de fazer chorar, a própria vida já se encarrega...

* Marcos Fábio é jornalista, doutor em Comunicação e professor da UFMA, no campus de Imperatriz.

terça-feira, 30 de março de 2010

PELA UNIDADE NO PT

Saradas as feridas do Encontro de Tática Eleitoral, o melhor caminho para o PT é marchar junto na candidatura do deputado federal Flavio Dino (PC do B) ao governo do Maranhão.

A decisão está tomada, com base nos argumentos e no voto dos delegados no encontro.

É preciso maturidade de todas as tendências para superar as rivalidades e disputar a eleição com chances de vitória.

O enlace entre petistas e comunistas, iniciado em 2008, desemboca em novo momento. Esta coligação supera o antigo dilema petista maranhense: ora sublegenda de Jackson Lago/PSDB, ora sublegenda do grupo Sarney.

Na nova aliança com o PC do B, o petismo vai na condição de protagonista, libertando-se do mariqueísmo e do discurso “oligarquia” e “contra a oligarquia”.

O que está em jogo, agora, é o pós-Sarney. Aos 30 anos, é hora de pensar no futuro promissor desta aliança no campo democrático-popular.

Esse é o caminho: PT unido na aliança com o PC do B. Sem mágoas nem medo de ser feliz.

segunda-feira, 29 de março de 2010

SEMANA SECA

A adutora do Sistema Italuís rompeu novamente, deixando sem água cerca de 60 bairros de São Luís nos próximos cinco dias.

Rompimento no Italuís é tão velho quanto esta notícia. Construída na década de 1980, no governo João Castelo, a encanação do rio Itapecuru para a capital foi feita para atender aos interesses da Alumar.

Enquanto cidades como Porto Alegre preocupam-se em ofertar água tratada a mais de 80% da população, a população de São Luís vive do conta-gotas da Caema.

A velha Caema de guerra, que já enriqueceu tanta gente, parece sucateada de propósito. Roseana Sarney já privatizou a compania elétrica (Cemar).

Água da Caema não dá lucro. Vai ver que preparam também a liquidação da Caema a preço de banana.

domingo, 28 de março de 2010

COLETIVA COM FLÁVIO DINO

O deputado federal Flávio Dino (PC do B) concede entrevista coletiva nesta segunda feira 29, às 10 horas, no auditório do Grand São Luís Hotel (antigo Vila Rica).

Em pauta, a decisão do PT em apoiar a sua pré-candidatura ao governo do Maranhão.

Além de Flávio Dino estarão presentes na coletiva as direções estaduais do PC do B e PT.

O DIA E A HORA DO PLANETA URBANO


O texto abaixo deveria ter sido publicado ontem, por ocasião da "Hora do Planeta", mas não foi possível devido à urgência de atualizar o blogue com o resultado do encontro do PT. Peço desculpas ao leitor e ao amigo colaborador Samuel Marinho. Aprecie:

Samuel Marinho *

“No dia 27 de março apague as luzes as 20:30”

Foi um anúncio da Rede Globo que vi hoje às 00:05 , dia 27 de março, antes de começar a escrever este post.

Dia 27 de março de 2010 é assim então o dia da hora do Planeta.

Dia 27 de março de 2010 é, por coincidência, o dia em que Renato Russo faz 50 anos.

É também o dia do aniversário de Xuxa, “a Rainha dos Baixinhos”. Aquela que tinha um programa chamado Planeta Xuxa, lembram? Bem... acho que estou fugindo do assunto...

Ilariês e luas de cristais à parte, Renato Russo em uma de suas canções mais executadas bradou: “Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas agora”.

Sinceramente não sei o que fazer da minha vida, nem com essas luzes todas.

Ajudo o Planeta (que não é o da Xuxa hein gente...) ou presto uma sincera homenagem ao poeta que quis o perigo e sangrou sozinho?

Como bom adepto da necrofilia da arte, fui pesquisar a pauta de homenagens dos fãs religiosos da Legião.

Descobri, por acaso na internet, que alguns lançamentos fonográficos estão em pauta e nenhum deles tem haver com o tal dia da hora do Planeta.

A trilha sonora do longa-metragem “Faroeste Caboclo”, a ser lançado provavelmente este ano, é um deles.

Um disco de duetos-montagens é outro.

Esta última proposta, bizarra como um frankstein, é aguardada pela interpretação de Cássia Eller para “Vento no Litoral”, em um tributo ao líder da Legião, mixada com os vocais de Renato na versão original de 1991 do disco “V”, o que também não é tanta novidade para os fãs mais fervorosos.

Que planeta é esse, meu Deus?

A homenagem mais sincera parece ser a da cantora e compositora paraense Leila Pinheiro.

Amiga íntima de Renato, a quem ele dedicou uma bela música intitulada “Leila” que fala de baratas voadoras, Leila Pinheiro está lançando “Se fosse só sentir saudades...”, um disco inteiro com canções daquele que ela sempre lembra como o “compositor mais lírico da minha geração”.

Coincidência ou não, Leila Pinheiro só tinha gravado até aqui duas das músicas de Renato Russo a que fiz referência anteriormente: Tempo Perdido e Vento no Litoral. Talvez a música das baratas voadoras não tenha caído tão bem para a sua voz.

No seu blogue oficial, ela declara o desafio que é cantar a originalidade absurda de uma discografia inteira gerada em cima de três acordes: "Tomara eu consiga achar a minha cara no que tenho ouvido e consiga dar voz a essa música tão diversa da que faço, ouço e canto".

O anúncio da Rede Planeta, digo Globo, terminava intimidando o telespectador: “Hoje é o dia do Planeta. E você de que lado está?”

Acho que estou do lado da “Casseta”, pensei na lata.

Mas pra prestar minha homenagem a Renato e ficar em paz comigo mesmo prefiro responder aqui agora com um de seus versos “Estou do lado do bem, com a luz e com os anjos”.

Esqueçam a Casseta, minha gente.

Salvem o Planeta Urbano, urgente!

* Samuel Marinho é colaborador deste blogue, contador e servidor público federal.

sábado, 27 de março de 2010

PT OPTA POR FLAVIO DINO

Em disputa acirrada, com uma diferença de apenas dois votos (87 x 85), a tese de aliança com o PC do B venceu o Encontro de Tática Eleitoral do PT, neste sábado, no Sesc Olho d'Água.

A decisão petista alavanca a pré-candidatura do deputado comunista Flavio Dino ao Governo do Maranhão, contrariando a orientação do comando nacional petista e do presidente Lula, que preferiam uma aliança com Roseana Sarney (PMDB).

Venceram o encontro os grupos liderados pelo deputado federal Domingos Dutra. As tendências orientadas pelo deputado Washington Oliveira, defensoras da tese pró-Roseana/PMDB, saíram derrotadas.

O "consenso de Washington" foi quebrado por dissidências internas. Vários dos seus delegados não concordavam com a idéia de levar o PT a um enlace com o senador José Sarney (PMDB).

Rodrigo Comerciário, ex-vice de Flavio Dino na eleição de 2008 para a Prefeitura de São Luís, também não conseguiu controlar todos os seus 14 delegados.

Juntos na defesa do PMDB/Roseana, eles computavam 95 votos: 81 das tendências ligadas a Washington e 14 de Rodrigo. Ao conferir os crachás, tiveram apenas 85.

Desde sexta-feira à noite, convencionais de todas as regiões do estado, observadores e militantes de variadas tendências fizeram um produtivo e democrático debate sobre o posicionamento do partido nas eleições de 2010.

Da quebradeira de côco ao professor universitário, todo mundo fala por igual na chamada democracia petista.

No primeiro tempo da defesa de posições, 10 oradores de cada lado pronunciaram-se na tribuna. Posteriormente, três representantes de cada tese argumentaram no auditório lotado.

Com discursos mais consistentes e melhor elaborados, os defensores da candidatura de Flavio Dino ganharam o debate. Ao apurar os votos, a suposta vantagem de Oliveira e Comerciário caiu e revelou a derrota.

UNIDADE - Passado o encontro, a tarefa agora é esquecer a contagem de votos, apagar as palavras ganhador e perdedor, buscando a unidade do PT na campanha de Flavio Dino.

Esta foi uma das mensagens do pré-candidato do PC do B, ao agradecer a todos os convencionais petistas, quando discursou ao final do encontro.

Atitude madura agora é esquecer os atritos do Sesc e unir o PT na campanha, ganhar as ruas e vencer a eleição. Há um cenário favorável ao crescimento de Flavio Dino. E o PT não pode nem deve desperdiçar esta oportunidade em função de querelas e antipatias mútuas.

O conjunto da militância petista precisa fazer um gesto de grandeza em nome de uma campanha promissora no presente e no futuro.

PROGRAMA - Outra tarefa é construir um programa de governo consistente. A oposição não vai distinguir-se do grupo Sarney com chavões e palavras-de-ordem que não levam a lugar algum.

É preciso um projeto de governo com diretizes concretas para o desenvolvimento sustentável do Maranhão, em vez da modernização conservadora dos últimos quarenta e tantos anos, incluindo o governo de Jackson Lago (PDT).

Aprender com os erros da campanha de 2008 é outra observação importante, principalmente no horário eleitoral da televisão e do rádio.

Unidade, democratização do comando, programa de governo e uma boa campanha midiática podem levar Flavio Dino ao Palácio dos Leões. É só querer.

PT PERTO DA DECISÃO

Daqui a cerca três horas os 175 delegados do Encontro de Tática Eleitoral do PT vão definir o rumo do partido nas eleições 2010.

Duas teses estão em disputa: aliança com o PC do B, tendo Flávio Dino candidato a governador; ou aliança com o PMDB, formando chapa com Roseana Sarney.

A tese pró-Dino venceu os primeiros rouds do encontro, com discursos mais entusiasmados e consistentes.

Avaliações de observadores nas várias tendências petistas avaliam que o resultado será apertado e no momento não há definição de quem vai ganhar.

Há uma intensa oscilação de delegados nos grupos, seduzidos por negociações e ofertas de vários tipos.

No momento está em pauta a indicação de nomes do PT para disputar o Senado. Estão inscritos Bira do Pindaré e Kleber Gomes.

Logo mais começa a votação sobre a tática eleitoral.

sexta-feira, 26 de março de 2010

PROTAGONISTA OU COADJUVANTE: O PT E AS ELEIÇÕES 2010

Genilson Alves*

O Congresso mais importante dos 30 anos de história do Partido dos Trabalhadores maranhense terá que decidir, neste sábado, 27, qual o papel que o maior partido de esquerda da América Latina quer cumprir nestas eleições no Maranhão: se, por um lado, deseja ocupar papel de coadjuvante, secundário, em apoio à prática política nefasta da oligarquia mais atrasada do país, representada pela governadora biônica Roseana Sarney; ou, por outro lado, deseja assumir um papel de protagonista, principal, rearticulando o campo popular e progressista, em defesa de um programa de esquerda, democrático e popular para o Maranhão, simbolizado pelo competente companheiro deputado Flávio Dino.

Os 175 delegados e delegadas petistas têm o dever de refletir sobre o momento presente e delinear os caminhos do futuro, sob pena de o PT ser hostilizado pela sociedade maranhense e relegado a mais uma sub-legenda do sarneismo no Maranhão.

Ser coadjuvante significa ocupar um lugar menor, negar a própria história e sucumbir à prática do atraso. Significa ocupar a periferia de uma coalizão hegemonizada pelo DEM e PMDB, síntese do autoritarismo, retrocesso e desmandos no Maranhão.

O mesmo DEM, antigo PFL, historicamente vinculado às elites tradicionais, partido originário de Roseana e Lobão, que ataca violentamente o governo do presidente Lula, combatendo nosso projeto nacional.

Mas no Maranhão, O PFL, alma gêmea do PMDB, ocupa espaços estratégicos do governo biônico, tanto na Assembléia Legislativa quanto na administração, com a presença de personagens como Raimundo Cutrim (Segurança), Max Barros (Infraestrutura), César Pires (Educação), etc.

Abraçar a aliança DEM/PMDB significa aplaudir os escândalos que marcaram os três governos Roseana e a prática política dos sarneys, tais como o projeto Salangô (São Mateus), operação Lunus, Usimar, Tele-ensino, privatização Cemar/BEM, apropriação do Convento, politicagem no Senado, apropriação indébita, via esquema Mirante, verbas da Petrobrás, da Caixa, Setor Energético, operação Boi Barrica (Fernando), concentração de terras, sucateamento da saúde, falência do sistema de segurança, uso eleitoreiro da máquina pública...

Papel coadjuvante também teremos na campanha da companheira Dilma Presidenta. A bandeira do PT ficará ao fundo, escondida, na penumbra. Dilma ficará refém de Sarney, comprometendo os avanços das políticas do Governo Federal no Maranhão, condenando o estado a carregar, por mais quatro anos, a bandeira de número um em péssimos indicadores sociais do país.

Por fim, nesse papel secundário, dividiremos o palanque com figuras emblemáticas do sarneismo, símbolo do retrocesso, como João Alberto, Ricardo Murad, Edinho, Manoel Ribeiro, Filuca, Cafeteira, Remi Trinta, Lobão, Jorge Murad, Fernando Sarney, Zé Vieira, Coronel Rovélio, Eliseu Moura, etc.

Por outro lado, O PT pode escrever, com letras vermelhas, a mais bela página da sua história política, assumindo um papel de Protagonista.

O partido vai hegemonizar uma aliança de esquerda com o PC do B e PSB, irmãos históricos, defensores das grandes lutas em favor das liberdades e da garantia dos direitos. Reafirmar um projeto alternativo pautado na defesa da transparência na administração do dinheiro público, inversão de prioridades e participação popular.

Eleitoralmente, ser protagonista na aliança com o campo popular nos dará melhores condições para fortalecer nossa bancada, podendo eleger 4 deputados estaduais, 2 federais e disputar uma vaga ao senado. Flávio, em reunião com a Executiva do PT, esta na sede do nosso partido, colocou como natural o PT assumir a vaga de vice-governador e uma vaga ao senado.

Uma aliança comprometida com o projeto de transformação pela qual passa o país, no combate ao neoliberalismo e em defesa das garantias sociais.

Quem nos guiará nesse processo é um nome novo, mas historicamente ligado ao PT e às lutas do povo maranhense. Parlamentar destacado, defensor intransigente do governo Lula, Flávio Dino representa a ruptura com o modo fisiológico de fazer política no Maranhão.

Ficha limpa e ardoroso defensor do nome de Dilma, Flávio, juntamente com o PT, terá a chance de construir um palanque ético, limpo e comprometido com o projeto de transformação iniciado pelo presidente Lula e que seguirá, aprofundado, pela companheira Dilma.

Flávio Governador e Dilma Presidenta significará libertar o Maranhão da miséria; radicalizar na reforma agrária; combater a desigualdade e romper com o atraso engendrado na educação do estado.

Dividiremos nosso palanque com os lutadores do povo, como Manoel da Conceição, Nice, Carlito, Domingos Dutra, Euraldina, Chico Gonçalves, Franklin, Ed Wilson, Dáda, Valdinar, Salvador Fernandes, Gerson, Terezinha, Bembem, Moisés Nobre, Márcio, Irilene, Augusto, Bira do Pindaré, Silvana e, por que não dizer, com o mesmo espírito de luta de Negro Cosme, Maria Aragão, Pe. Josimo, Dr. Messias e tantos outros que sacrificaram a própria vida em defesa da justiça.

O reencontro com nossa história tem data, local e horário para acontecer. É neste sábado, no SESC Turismo, a partir das 9 da manhã. O enredo está definido; o roteiro traçado; o elenco é conhecido, mas cabe agora escolher que papel exerceremos, se protagonista ou coadjuvante.

Temos a chance de reafirmar que nosso coração é vermelho, que nossa luta em defesa da justiça não sucumbiu. De dizer ao Brasil que a história que queremos protagonizar é a que expressa a esperança, que defende uma sociedade justa, fraterna e solidária, ou seja, uma sociedade socialista.

* Genilson Alves é jornalista, Secretário de Formação do PT e delegado ao IV Congresso. E-mail: genilsonalves2006@hotmail.com

quinta-feira, 25 de março de 2010

NA FOLHA DE SÃO PAULO: SUÍÇA BLOQUEIA A CONTA DO FILHO DE SARNEY (US$ 13 mi)

BLOG DO JOSIAS DE SOUZA

O governo da Suíça ordenou o bloqueio de uma conta de US$ 13 milhões controlada por Fernando Sarney, o filho mais velho de José Sarney (PMDB-AP).

Deve-se a revelação aos repórteres Leonardo Souza e Andreza Matais. Em notícia levada às páginas da Folha, a dupla informa:

1. Os depósitos feitos na Suíça foram rastreados a pedido da Justiça brasileira. Suspeita-se que o dinheiro tenha emigrado ilegalmente.

2. A conta suíça foi registrada em nome de empresa batizada de Lithia. Apurou-se que Fernando Sarney é a única pessoa autorizada a movimentá-la.

3. O dinheiro não foi declarado à Receita Federal.

LEIA TUDO NO LINK ABAIXO:
http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

quarta-feira, 24 de março de 2010

DILMA PRESIDENTE, FLAVIO DINO GOVERNADOR

Um espectro ronda o Maranhão: a candidatura de Flavio Dino (PC do B) ao Governo do Estado.

O cenário de 2010 oportuniza ao campo democrático e popular a construção de uma alternativa aos tradicionais grupos oligárquicos que controlam a máquina pública.

Este projeto iniciou em 2008, quando o PT e o PC do B costuraram a frente Unidade Popular na disputa pela Prefeitura de São Luís.

A chapa encabeçada por Flavio Dino, tendo Rodrigo Comerciário (PT) de vice, largou com 4% das intenções de voto, passou ao segundo turno e finalizou com 45%.

Firmou-se, em 2008, uma aliança para o futuro (agora presente) 2010. De lá para cá, cresceu a expectativa de renovação na política maranhense.

Há um forte sentimento de cansaço do eleitorado com os políticos ultrapassados, velhos nas idéias e carregados de vícios administrativos. As duas faces da oligarquia estão em derrocada.

Chega a hora decisiva. O PT e o PC do B não podem abrir mão dessa oportunidade. Não devem negar ao povo maranhense a chance de experimentar o novo.

Mas a candidatura de Flavio Dino só terá viabilidade eleitoral com a participação do PT. Por vários motivos: tempo de propaganda, militância pulverizada nos municípios, programas sociais do governo federal, o imaginário de Lula associado à estrela etc.

Por isso o grupo Sarney tenta, a todo custo, tomar o PT da aliança com os comunistas. Sob o argumento do “projeto nacional”, que prega a aliança com o PMDB, uma parte do PT quer aderir ao governo e à chapa de Roseana Sarney.

Sarney chama o PT para perto porque pretende matá-lo a faca. Oferta aos petistas somente o tempo presente do pragmatismo.

Indo com o grupo Sarney o PT cometerá um erro semelhante ao de 2006, quando ocupou a periferia do governo Jackson Lago (PDT), controlado pelo PSDB.

José Sarney é do PDMB, mas a natureza do seu grupo político, a forma de governar e as atitudes têm o DNA do DEM. É a expressão do liberalismo, do monopólio e da desigualdade.

Portanto, o argumento do “projeto nacional”, tão propalado pelos defensores da aliança com o PMDB, vai contra o desenvolvimento do Maranhão.

Os nossos indicadores sociais melhoraram em decorrência de uma ação direta do governo federal nos grotões, independente da administração estadual.

Há um ambiente propício à melhoria destes indicadores, se o projeto nacional for associado a um governo com perfil e princípios alinhados ao governo Lula.

E essa tarefa não cabe ao PMDB com DNA do DEM. Cabe aos partidos do campo democrático-popular, aos movimentos sociais, às forças progressistas envoltas na construção da aliança PT – PC do B.

Não há futuro para o PT com o PMDB-DEM. O petismo maranhense, se aderir a esta coligação, terá o mesmo destino do grupo “Nossa Luta na Constituinte”, liderado pelo PSB no final dos anos 1980, cujas principais lideranças – Conceição Andrade, Juarez Medeiros, José Carlos Sabóia, José Costa – sucumbiram ou abandonaram a vida partidária.

O PC do B também experimentou o ostracismo nos dois mandatos da governadora Roseana Sarney, de 1994 a 2002, e não recomenda a convivência novamente.

Os registros históricos comprovam que a adesão aos grupos políticos tradicionais só atrapalha e atrasa o campo democrático.

Em 2010, a oposição tem chance de dar um passo maior na caminhada pelo desenvolvimento do Maranhão.

São muitos os desafios. O primeiro é definir a aliança da foice/martelo com a estrela. O segundo é ganhar a eleição. E, ato contínuo, governar com firmeza.

Os delegados ao encontro estadual do PT, neste final de semana, têm uma responsabilidade histórica com o Maranhão.

A eles cabe escolher o caminho. Só há duas opções: o atraso com o PMDB-DEM ou um futuro desafiador com o PC do B.

Companheiros(as) e camaradas, vamos juntar nossas bandeiras vermelhas e marchar pela liberdade do Maranhão.

Neste sábado, 26 de março, podemos dar início a uma nova página política. Com esperança e sem medo de ser feliz.

terça-feira, 23 de março de 2010

12 TESES E ½ SOBRE A CONJUNTURA DO MARANHÃO

Wagner Cabral da Costa *
Historiador e professor da UFMA

1. Nunca é demais lembrar o ponto central das disputas políticas no Maranhão, do ponto de vista democrático de esquerda, que é o enfrentamento da mais velha oligarquia do país. Esta foi a tônica predominante nas últimas décadas, com seus acertos e erros, sucessos e derrotas.

2. Filha direta da ditadura militar, a oligarquia se manteve no poder durante quatro décadas em virtude, em primeiro lugar, das relações com o poder central, com o que teve e tem acesso a cargos federais e verbas públicas, manejados visando preservar e ampliar seu poder. Dos militares, apoiou a Nova República (do PMDB de Tancredo Neves), passando depois pelo PSDB de Fernando Henrique e agora pelo PT de Luís Inácio.

3. Sua ideologia é não ter ideologia, abraçando qualquer idéia, desde que oriunda do centro de poder, num governismo e adesismo congênitos que a transformaram desde sempre numa oligarquia “de uso exclusivo da Presidência da República”. Numa eventual vitória tucana em 2010, logo a veremos reconvertida ao credo do PSDB, dando-lhe sustentação política e governabilidade.

4. Em outro ângulo, a oligarquia também é produto e patrocinadora minoritária do processo de modernização conservadora da economia. Processo levado adiante pelo grande capital nacional e estrangeiro, com o apoio decisivo do Estado, e que transformou o Maranhão num corredor de exportação de produtos e insumos básicos, ao custo da superexploração dos trabalhadores, da destruição da agricultura familiar, da explosão dos conflitos no campo, do assassinato de lideranças populares, da destruição do meio ambiente. Nesse sentido, a oligarquia é expressão e aliada orgânica do grande capital.

5. A modernização conservadora também modificou parcialmente as bases de sustentação da oligarquia. Pois, ao lado do patrimonialismo (uso da máquina federal e estadual, nepotismo, clientelismo e corrupção), a oligarquia se constituiu em grupo econômico, com ramificações mafiosas em setores-chave da economia e do Estado nacional (vide as Minas e Energia), laços com empreiteiras e construtoras (corrompendo licitações e contratos), além da imensa fortuna familiar (visível e invisível).

6. O quase monopólio dos meios de comunicação de massa é outro componente da estrutura oligárquica, um controle direto (Sistema Mirante) ou indireto (aliados políticos e financiamento da mídia por verbas públicas). Estruturou-se dessa forma um Ministério da Mentira (MiniMent), espalhado na TV, no rádio, em jornais e na internet, cuja função é fabricar falsas verdades e distribuir falsas ilusões de progresso e desenvolvimento. Com a aproximação do período eleitoral, passou a vigorar o “vale-tudo”, com a divulgação sistemática de falsas notícias e pesquisas, de boatos e mexericos fabricados para comprometer seus adversários e críticos.

7. A violência e o medo formam ainda um dos sustentáculos da estrutura oligárquica. A violência física e simbólica voltada contra os trabalhadores e suas organizações, contra políticos e partidos da oposição. Alimenta-se a crença de que o chefe oligárquico é um Deus onipotente e onipresente, que tudo pode e tudo quer. No entanto, a imagem divina de um mestre de marionetes apenas esconde a fragilidade de toda essa estrutura de poder, sustentada não na consciência popular, mas na coerção, no clientelismo, na compra de votos, no abuso de poder político, econômico e midiático. A oligarquia é apenas a caricatura de um falso Deus.

8. Por outro lado, a trajetória das oposições tem sido múltipla, fragmentada e sem continuidade, por diversas razões que convém brevemente examinar. Em primeiro lugar, pelo espaço ocupado por dissidentes da oligarquia, cuja ruptura se deu por questões menores, pois em sua maioria são meros parricidas, que pretendem eliminar o deus-oligarca apenas para ocupar o seu lugar, repetindo a estória do José que substituiu o Vitorino. Ou ainda retornando ao ninho da oligarquia ao primeiro sinal de adversidade e à primeira promessa de benesses, pois se trata de uma classe política majoritariamente patrimonial e governista.

9. O exemplo do governo deposto pelo golpe judiciário do TSE deve ser retomado. Eleito num Condomínio de forças políticas contraditórias, tanto conservadoras quanto progressistas, o governo pedetista optou por privilegiar o atraso, afastando-se das esperanças e aspirações populares. O sentido parricida logo se revelou no projeto de substituir a velha oligarquia e não avançar na perspectiva da democratização da política e da participação popular, promovendo um governo de efetivas reformas. Nada disso aconteceu e pagamos todos hoje o alto preço da opção pelo atraso, com o retorno ilegítimo da filha oligarca ao poder.

10. Ainda quanto à trajetória das oposições, verificou-se historicamente um amplo processo de cooptação no seio dos setores e partidos do campo democrático e popular. Cooptação de lideranças, militantes e partidos, que foram absorvidos e depois aniquilados pela máquina política da oligarquia. Em lugar de comemorar, devemos lamentar tais trajetórias, já que, se tivessem permanecido na luta, outro seria o quadro político e outras seriam as possibilidades de transformação do Maranhão. Assim, muito nos preocupa, nesse momento, que companheiros do PT estejam cogitando aliar-se com a oligarquia, em nome de um projeto nacional que, por todos os pontos de vista, não ficará comprometido se a decisão tomada for pela construção de uma candidatura do bloco de esquerda e progressista. Não há um único argumento a favor da aliança com a oligarquia que não tenha sido refutado no debate público estabelecido nas últimas semanas. Mas se o debate político já foi ganho, o jogo de bastidores e o processo de cooptação continuam...

11. A hora, portanto, é de preocupação. Mas principalmente de conclamar todos esses companheiros e companheiras a rever sua posição pró-aliança com a oligarquia, a rever sua opção pelo atraso, pois a construção de um novo Brasil não pode se dar ao custo da preservação do velho Maranhão!. Em nome de suas próprias histórias de vida e das histórias de todos os combatentes sociais desse estado, que lutaram e morreram em nome das idéias de democracia e transformação social, não se deixem seduzir pelo canto de sereia da oligarquia, que agora promete cargos e votos, apenas para cooptá-los, utilizá-los e depois jogar todos vocês fora. Não troquem sua história nas lutas e nos movimentos sociais para virar a chupa da laranja. Não se tornem o bagaço da cana, depois de bem triturado na moenda da Casa Grande do José. O juízo da história é implacável, como nos lembra o poema de Bertold Brecht:
Há homens que lutam um dia, e são bons;Há outros que lutam um ano, e são melhores;Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;Porém há os que lutam toda a vidaEstes são os imprescindíveis!

12. Nesse espírito de (re)construção da unidade política do campo democrático, popular e progressista é preciso avançar também na construção de uma cultura política democrática, que supere a luta fratricida que tanto custou e ainda custa para o avanço das forças de esquerda em nosso estado, e que só serve aos interesses dominantes. A construção do protagonismo da esquerda passa também pela recomposição dos laços internos entre tendências e facções, num jogo de colaboração onde todos ganham politicamente, ao passo em que constroem coletivamente alternativas populares e democráticas para o Maranhão.

12 e ½. Para finalizar, aos que eventualmente estranharam o título de minha intervenção no debate, gostaria de dizer que a 13ª tese será escrita pelos delegados do PT em seu Encontro Estadual. Logo veremos com que tintas os companheiros pretendem contar a sua história. Se pretendem ou não continuar imprescindíveis às lutas sociais, construindo o protagonismo das forças de esquerda e aproveitando as possibilidades abertas na atual conjuntura para a derrota da oligarquia no campo eleitoral e a formulação de um projeto alternativo para o Maranhão.
Logo veremos, portanto, com que cores pretendem pintar o futuro dos trabalhadores e trabalhadores do Maranhão. Sinceramente, contamos que seja um futuro onde se desmascare o falso deus e onde possamos cantar, com Mercedes Sosa: “Gracias a la vida, que me ha dado tanto”. Pois, mais uma vez, a ESPERANÇA terá vencido o MEDO!

* Palestra proferida em 19 de março de 2010, durante o Ciclo de Debates “Alternativas Populares e Democráticas para o Maranhão”, promovido pela Fundação Maurício Grabois, CUT, CTB, FETAEMA, MST, CEBRAPAZ.

segunda-feira, 22 de março de 2010

COMPANHEIRA

Ed Wilson Araújo *

Quando botei os olhos nela, não vacilei: ia ser minha.

Estava de amarelo e branco, encantadora. Fui direto ao assunto e o nosso relacionamento iniciou com um namoro fortuito. Encontros rápidos sem muito compromisso.

Aos poucos fomos fazendo descobertas, andando mais juntos, tecendo laços. Quase sem perceber, estávamos apaixonados, entrelaçados por uma espécie de transcendência.

Ela, literalmente, cruzou o meu caminho. Quando isso acontece é sinal de compromisso forte, coisa de pele e alma. Ficamos amarrados como nó de marinheiro, presos pelas tranças dos cabelos, untados pelo mel dos nossos beijos.

Tínhamos tanta intimidade que, em algumas ocasiões, desprezávamos aquela proteção. Queria sentir-me totalmente à vontade com ela, somente com o vento entre nós dois.

Viajamos juntos. Vimos o mar no Ceará, cachoeiras no interior e o litoral da Bahia, as praças e avenidas verdejantes em Belém e o rio Guamá, os búfalos na Ilha de Marajó, as pedras de cantaria da Praia Grande, as praias de São Luís, as ruas de Imperatriz, as belezas do rio Tocantins e outras tantas plagas.

Adorava flanar com ela, nos dias de céu azul, sol forte e vento na cara. Muitas calçadas, ruas, avenidas e praças conhecemos juntos. Programa bom era percorrer serelepes os paralelepípedos da cidade velha, vendo a água escorrer depois da chuva forte.

Estou falando da minha bermuda amarela. Foi a peça de roupa mais importante da minha vida até aqui. Eu tinha outras bermudas, mas nenhuma delas tão perfeita quanto a amarela com uns vazados em branco, de dois bolsos laterais e um traseiro.

Cabíamo-nos. Simples assim. Eu sentia-me lindo naquela roupa, feliz, contagiante. Mangas-compridas, calças sob medida, ternos de aluguel... nada ficou tão ajustado a mim como aquela bermuda amarela.

Ela representou mais que uma roupa. Foi um sonho de liberdade. Bastava uma sandália e uma camisa de meia e eu estava pronto para os finais de semana e viagens de férias.

Foram sete anos juntos, vividos intensamente. Outro dia ela partiu, durante uma caminhada no Caúra, em São José de Ribamar. Fim de tarde, fui tirá-la para tomar um banho na maré cheia. Durante a manobra, engatei a ponta do dedão na parte de baixo. Forçou um pouco e rompeu no fundo.

Um rasgão horizontal discreto, embaixo do bolso traseiro, quase imperceptível, porque um amor desses não iria deixar-me em maus lençóis naquela tarde tão linda. Pus uma camisa por cima e não perdi a energia do crepúsculo.

Quando cheguei a casa ainda pensei em fazer um remendo para usá-la mais uns tempos. Depois desisti. Mesmo sem vesti-la, está eternizada em meus pensamentos.

Certas roupas e pessoas são tão ajustadas a nós que passam juntos uma temporada; outras, uma vida inteira. Aquela bermuda era uma segunda pele sobre meu quadril e coxas.

Estava impregnada em mim, como diz aquela música de Chico Buarque:

“Quero ficar no teu corpo

feito tatuagem

Que é pra te dar coragem

pra seguir viagem

quando a noite vem”

* "Companheira" é um dos textos que estou recolhendo para criar coragem de publicar qualquer dia desses.

domingo, 21 de março de 2010

MOZART NA ANTESSALA DO DENTISTA


Samuel Marinho *

Esse mês tirei enfim meu aparelho ortodôntico.

Agora estou com uma contenção que me atrapalha duas coisas: a fala e a mania de assoviar músicas sozinho.

O que mais vou sentir falta na minha ida mensal para manutenção ao ortodontista são as regalias que eu tinha na sala de espera.

Café, biscoitos variados, revistas diversas, televisão de alta definição e muzak, muito muzak.

Aquela música, dizem, que está ali simplesmente por estar.

Na sala de estar, na sala de jantar, na sala de espera, no elevador, no escritório.

Não quer te fazer refletir, nem pensar.

Parece ao mesmo tempo inebriar-te e inanizar-te.

Faço uso dos versos de Ferreira Gullar: Será arte?

Pois assim eu escutava as mais celébres sinfonias de Beethoven, “As quatro estações” de Vivaldi, Sebastian Bach (não é a banda de rock!), e Mozart, muito Mozart. O be-a-bá da música clássica.

Corria pra casa para tentar ouvir qualquer execução que soasse mais original.

Nada.

Estava inebriado pela associação “Mozart e Sala de Espera”.

Fiquei extremamente perturbado.

Contei tudo para meu analista de linha comportamental.

Afinal Mozart não era um dos grandes gênios daquele tipo de música que classificam como “clássica”?

Como eu poderia reduzi-lo agora a esse conceito muzak?

Sem êxito.

Praticamente um bate-estaca e qualquer das sinfonias que eu ouvisse a partir de então parecia o mesmo muzak daquela sala de espera.

Tudo sintetizado, pasteurizado, tirado a essência para completar o ambiente de revistas, cadeiras e pessoas à espera de apertar os aparelhos que prometiam fazer dentes rebeldes um dia voltarem para algum lugar.

Vou sentir mesmo muita saudade da antessala da minha ortodontista.

De todas essas reflexões absurdas que o muzak, uma música que não quer fazer refletir sobre nada, conseguiu me impor; e, sobretudo, saudades daquele universo de pequenas coisas a serem vividas em pouco menos de vinte minutos, por quem na grande parte do tempo não percebe a vida passar.


Samuel Marinho é colaborador deste blogue, contador e servidor público federal.

sábado, 20 de março de 2010

PT DO MARANHÃO: LOTES À VENDA?

por ROGÉRIO TOMAZ JR

A governadora biônica – colocada no cargo pelo voto de cinco juízes – do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), quer comprar o Partido dos Trabalhadores (PT) no seu estado.

Doloroso constatar, há quem esteja disposto a vendê-lo.

Ignorando mais de quatro décadas de luta renhida, onde não foram poucas as baixas, contra a oligarquia Sarney – tendo à frente do campo popular o PT e o PDT – e tudo de ruim que ela representa, algumas lideranças obtusas estão dispostas a rasgar a história do maior partido de massas do Ocidente e capitular diante do poder econômico.

No próximo dia 26 de março, no Encontro Estadual do PT-MA, não estarão em disputa apenas a política de alianças e a estratégia eleitoral da legenda para 2010.

Estará em jogo, acima de tudo, que tipo de mensagem o Partido dos Trabalhadores enviará à sociedade maranhense.
LEIA O ARTIGO COMPLETO NO BLOGUE DO ROGÉRIO TOMAZ JR: http://brasiliamaranhao.wordpress.com/

sexta-feira, 19 de março de 2010

DEBATES CULTURAIS EM IMPERATRIZ

Integrantes da comunidade artística na região tocantina reúnem-se no Fórum Municipal de Cultura (FMC) para dialogar e preparar ações de difusão e valorização das manifestações estéticas de Imperatriz.

O diretoria provisória do Fórum é composta pela Fundação Cultural, Casa das Artes, Núcleo de Estudos Afro-Indígenas da UEMA (NEAI), Centro Acadêmico de História e Coletivo de Cultura e Meio Ambiente Arte Alternativa.

A Lei de Proteção ao Patrimônio e o Sistema Municipal de Cultura são algumas das bandeiras da organização, que agora concentra esforços na realização do 5º Fórum Imperatrizense de Cultura, previsto para o início de maio.

A mobilização dos artistas na região tocantina resultou, em 2008, no movimento Ocuparte. À época integrantes de várias organizações tomaram de forma organizada e produtiva o prédio da biblioteca pública municipal de Imperatriz.

O Ocuparte tinha como desdobramentos instalar os artistas nos prédios públicos abandonados e utilizar os espaços para a implementação de ações culturais na cidade.

As reuniões do FMC vão traçando também o calendário cultural de 2010 na região tocantina.

UFMA - No campus II da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o projeto Comcultura, coordenado pela professora de Jornalismo Leticia Cardoso, trabalha no mapeamento das diversas vertentes estéticas da região, observando como ocorre o processo de visibilidade midiática de cada estilo.

Veja mais sobre as cenas culturais de Imperatriz no site: www.pracadacultura.com/index.php

quinta-feira, 18 de março de 2010

ALIANÇA PT/PC do B NÃO AMEAÇA O PROJETO NACIONAL, DIZ FLAVIO DINO

Pré-candidato ao governo do Maranhão, o deputado federal do PC do B alimenta esperança em uma composição com os petistas. Leia o texto capturado no blogue do Flavio Dino:

A DISPUTA NO PT

Estamos próximos da decisão dos 175 delegados no Encontro Estadual do PT. Existem duas teses inscritas. Uma, prioriza a relação com a esquerda; a outra, com o PMDB. Respeitamos todos os argumentos que estão sendo expostos no debate interno do PT.

Como já disse, defendemos o direito de os petistas deliberarem com autonomia, sem pressões de quaisquer naturezas.

Tenho apenas uma ponderação. Não concordo com o discurso de que o apoio do PT ao PC do B "ameaça o projeto nacional". Apoio Lula desde 1989. Integro o único partido que sempre foi aliado do PT.

Somos parceiros de luta social. Resistimos bravamente à tentativa de cassar Lula, em 2005, quando alguns vacilavam ou se escondiam. Estou no Congresso há três anos, sustentando as posições do Governo, muitas vezes em condições adversas, sem pedir nada em troca, sem nenhuma barganha.

Dilma esteve em nosso palanque na Praça Deodoro, na eleição municipal de 2008. PT e PC do B juntos! Fizemos um belíssimo comício, com sabor de vitória e ousadia.

Lula esteve no nosso "palanque eletrônico", no 1º e no 2º turno. Ambos têm imenso respeito pelos 45% que obtivemos nas urnas da nossa capital, PT e PC do B unidos.

Palanques duplos para Dilma existirão em todo o país. O Maranhão não é exceção nesse contexto.

Logo, onde reside a ameaça ao projeto nacional?

Os companheiros e companheiras do PT decidirão o que acharem melhor para o Maranhão. Vamos aguardar. Estou otimista. Aqui na Câmara, inclusive na bancada do PT, ganhamos com uma imensa maioria.

Deputados de todas as correntes e tendências petistas me abraçam, dizem para não desistir, seguir firme e vencer. Sou muito grato a eles. A torcida é grande, o que amplia a nossa responsabilidade. Resta a decisão definitiva, dia 27, pelos delegados do PT no Maranhão.

Tenho confiança na história, na altivez, na coragem e na independência da militância e da direção do PT. Vamos construir a unidade do PT do Maranhão.

A eleição de 2010 começa a se decidir no dia 27 de março. Vamos à luta e à vitória. Décadas de lutas populares, de sonhos e esperanças, valem mais do que todas as máquinas.

quarta-feira, 17 de março de 2010

OPOSIÇÃO ORGANIZADA A CASTELO

A primeira reunião da nova diretoria do PT de São Luís, sob a presidência de Fernando Silva, aprovou diretrizes visando construir uma frente de oposição ao prefeito João Castelo (PSDB).

O documento aponta várias ações de mobilização junto aos movimentos sociais para fiscalizar o executivo municipal.

A iniciativa petista visa também somar esforços com a direção do PC do B em São Luís no combate ao prefeito tucano.


Veja a resolução.


“Face ao caos administrativo em que se encontra a Prefeitura de São Luís e ao descaso do governo Castelo com as políticas públicas para a melhoria das condições de vida da população e, especialmente, ao verdadeiro golpe que foi o aumento das tarifas de transporte coletivo, resolve:


1 - Desencadear uma ampla campanha de cobrança das promessas feitas por João Castelo (PSDB) na campanha de 2008 e até hoje não cumpridas;

2 - Intensificar a mobilização dos movimentos popular, comunitário, sindical e estudantil para a coleta de assinaturas para um projeto de iniciativa popular que revogue o aumento abusivo das tarifas de transporte, a ser apresentado na Câmara de Vereadores da capital;


3 - Constituir um grupo de trabalho em apoio à Executiva Municipal do PT para organizar seminários com os zonais do partido, mobilizar os militantes petistas dos movimentos sociais para convocar a organização de um movimento popular de transportes, promover um seminário sobre as políticas democráticas de transporte público para São Luís, bem como realizar as ações necessárias para a efetivação desta resolução;


“O PT de São Luís, assim, solidariza-se com a população sofrida da capital frente à falta de limpeza urbana e coleta de lixo, os buracos e a ausência de infra-estrutura das vias e bairros da cidade, à falta de leitos e unidades de saúde em pleno funcionamento.

“E, a partir deste momento, juntará fileiras com o povo da ilha rebelde por uma cidade de fato para todos, e não apenas para os donos do poder.”


O texto cita ainda a criação de uma companhia municipal de transporte coletivo.

terça-feira, 16 de março de 2010

LIXO E BURACOS PROLIFERAM EM SÃO LUÍS





Multiplicam-se como ratos os montes de lixo acumulados nas calçadas, canteiros, terrenos baldios e no meio das ruas em dezenas de bairros da capital.

A Prefeitura de São Luís rompeu o contrato com uma das empresas de coleta, a pernambucana Limpfort, anunciando a contratação emergencial de nova prestadora de serviço.

Com dívidas trabalhistas em torno de R$ 12 milhões, junto a motoristas e garis, a Limpfort é uma velha conhecida nos negócios com o Palácio La Ravardière.

O ex-prefeito Tadeu Palácio, herdeiro de Jackson Lago (PDT) no comando de São Luís, contratou sem licitação a Limpel e a Limpfort, alegando estado de emergência na coleta de lixo.

Daí em diante os contratos foram renovados sem nenhuma transparência, mesmo já superada a fase emergencial.

Os valores pagos ao esquema do lixo permaneceram obscuros na desastrada gestão de João Castelo (PSDB), de quem não se espera quase nada de interessante para a cidade.

Correto seria abrir licitação para contratar o serviço de coleta. E que os valores fossem publicados no site da Prefeitura.

Mas a tradição em São Luís reza o contrário. Antes da Limpel e da Limpfort, prosperava no esquema do lixo o engenhoso Renato Dionísio da Coliseu.

A Coliseu faliu, foi liquidada e até hoje os responsáveis não foram punidos.


Enquanto isso, a população sofre com uma cidade suja, malcheirosa, esburacada e cada vez mais decadente.

domingo, 14 de março de 2010

O TECNOBREGA PARAENSE E A ANTROPOFAGIA OSWALDIANA


Samuel Marinho *

Fiz uma audiometria recentemente.

Foi diagnosticada uma leve perda auditiva do lado esquerdo.

Adoro música.

De todos os gêneros e tipos, denominações e conceitos.

Ela me interessa para além de gostos estéticos podados, mais até enquanto fenômeno de expressão.

Minha audição haveria um dia de reclamar mesmo.

Mas, coincidência ou não, tudo aconteceu após minha inédita incursão no melody paraense.

Melody, pra quem não sabe, é um nome de roupagem para um fenômeno mais abrangente da música destas bandas: o tecnobrega.

Há quem abomine o som.

Assim como abominam alguns o reggae do Maranhão, lamentando a alcunha de “Jamaica Brasileira” conferida a São Luís.

As radiolas estão para o reggae maranhense como as aparelhagens estão para o tecnobrega paraense.

E o tecnobrega consegue soar tão genuíno quanto o funk carioca, conseguindo ser mais discriminado que este último.

Para o horror dos puritanos, ele mistura Carimbó, Siriá e Lundu e outros sons populares às batidas eletrônicas e sintetizadores.

O meio oficial de divulgação é a pirataria e as lojas dos discos são os camelódromos, um mundo não contabilizado, “off-ICMS”, o “caixa 2” da cultura.

Crime seria desprezar o fenômeno que saltava diariamente aos meus olhos e ouvidos.

Meu doce castigo foi me aventurar.

Segui o convite de Lobão: “Tá a fim de arrebentar no universo paralelo”?

Foi num distrito de Belém que meu choque aconteceu.

Sucessos de todos os tempos e estilos são condensados numa batida lancinante, com letras trocadas para o sabor da diversão.

“All the single ladies”, megasucesso da popstar Beyoncé, por exemplo, vira um hit inconteste em português com o refrão fielmente adaptado: “Hoje eu tô solteira”.

Eu sinceramente nem me lembro mais da música de Beyoncé.

Antropofagia pura, no melhor conceito oswaldiano.

Dessas de comer a Madonna e o Michael Jackson, vivos ou mortos, juntos.

Sem falar da dança: muito original.

Um misto de calypso, lambada e qualquer coisa eletrônica pulsante num enlace envolvente que, diferente do reggae maranhense, só pode ser saboreado a dois.

Adriana Calcanhotto, Otto e Regina Casé são alguns artistas de renome que já andaram investigando esses timbres daqui do norte.

Hermano Vianna, irmão antropólogo do líder dos Paralamas do Sucesso, dedicou o artigo “Tecnobrega: A música paralela” a explicar sua perplexidade sobre o que considera ser uma das mais genuínas manifestações da periferia brasileira.

Há experiências na vida que nos deixam marcas pra todo o sempre, quaisquer que sejam.

A médica disse que a minha audição nunca mais será a mesma.

• Samuel Marinho é colaborador deste blogue, servidor público federal e contador.

sábado, 13 de março de 2010

PROJETO NACIONAL OU ADESISMO RECORRENTE

Salvador Fernandes *

O Partido dos Trabalhadores no Maranhão tornou-se, negativamente, objeto de consumo predileto das rodas de conversas sobre as eleições de 2010 e dos analistas políticos dos meios de comunicação ludovicenses.

A temática é: o PT coligará ou não com PMDB? Em outras palavras, os representantes da ala majoritária da sigla conseguirão oficialmente levar o PT de mala e cuia para as hostes sarneysistas?

Algum tempo atrás, quem imaginaria o combativo Partido da resistência política à oligarquia Sarney assumir uma exacerbada postura adesista em defesa do governo golpista de Roseana Sarney Murad e de coligação com o PMDB - este, simplesmente, a principal agremiação da cesta de siglas de aluguel controlada, no estado, pelo chefe do Clã?

Os argumentos para a mudança nos trilhos políticos do Partido são muitos: defesa de um tal projeto nacional; suporte à posição político-eleitoral do presidente Lula; ou não comprometimento das possibilidades de eleição de Dilma Rousseff devido às querelas regionais.

Enfim, este é o alinhamento absoluto, festejado pelo segmento petista defensor da tese de apoio ao governo golpista de Roseana Sarney Murad e de formação da futura coligação estadual com vistas à disputa eleitoral de 2010.

Aliás, esta pérola política tão decantada foi pronunciada pelo presidente Lula na sua penúltima passagem pelo Maranhão, quando ditou o comando ao afirmar que “o PT já tem uma história no Maranhão, já sabe quem é a força desse estado, portanto não tem que ficar sonhando com quem não tem (força), e sim com quem tem. Se quiserem fazer política com pé no chão que faça (sic), contudo tem que ver a realidade aprender a ser pragmático em política”.

Assim, a ala petista majoritária de posse destas “verdades”, ao estilo dos exploradores europeus quando da invasão do território latino, considera-se liberada e legitimada a enxovalhar o rumo da historia partidária, afinal é como se estivesse em nome do Rei e do Papa.

Pergunto-me: será que um projeto nacional de centro-esquerda precisa do pilar sarneysista? Por que tanta subserviência? Com certeza não é o insignificante peso eleitoral do Maranhão, com 11,77% do eleitorado nordestino e apenas 3,19% dos votantes brasileiros.

Não bastam os estragos administrativos, éticos e políticos provocados pelos integrantes da oligarquia, cujo principal protagonista é o próprio José Sarney?

Não é suficiente a entrega da presidência do Senado, resultado de uma conspiração contra um senador petista, o comando do estratégico setor de minas e energia, além da eternização em inúmeros cargos federais?

Será que os alarmantes índices econômicos e sociais das regiões Norte e Nordeste não são motivos para renegar alguns de seus patrocinadores, como José Sarney, Jader Barbalho e Fernando Collor de Melo? Repito, qual é o projeto nacional?

Que mudanças estruturais apregoam, se estes “aliados preferenciais” são fomentadores e reprodutores históricos dos arcaicos sistemas oligárquicos, onde o patromonialismo é a única fonte de riqueza e poder?

O pior, no estado, é que este adesismo à oligarquia Sarney, em nome do suposto projeto nacional, é uma prática recorrente de parte da esquerda maranhense.

Não esqueçamos que, em meados da década de 80 e nos dois mandatos anteriores de Roseana Sarney Murad, segmentos de centro-esquerda do estado utilizaram-se deste mesmo sofisma para serem apêndice oligárquico.

No primeiro caso, diziam que para evitar o retrocesso engajaram-se ao governo da “Nova República”. Por último, segundo eles, por ser o governo de Roseana Sarney Murad moderno e progressista, era a justificativa para uma participação ativa.

Acrescente-se que o descabido adesismo atinge também outros setores da esquerda maranhense, que só veem possibilidade de mudanças na política estadual se este projeto tiver como sócio hegemônico as lideranças da oposição conservadora.

Absolutizam ao afirmar que não existe outra opção viável: ou se está com a sarneyzada, ou se engaja mas forças da oposição conservadora. O exemplo recente fatídico foi o apoio aberto, ou camuflado, de algumas destas lideranças à nefasta candidatura do ultra-direitista João Castelo à Prefeitura de São Luis.

Aqui, mais que em outros lugares, parece que política é impermeável à ética. Pragmatismo, adesismo e, essencialmente, favorecimento pessoal fazem parte do cotidiano da maioria das lideranças políticas, inclusive de algumas personalidades ditas de esquerda.

Oportunismo é tratado como senso de oportunidade ou capacidade de iniciativa política. É a realpolitik em sua versão soberbamente provinciana.

* Salvador Fernandes é servidor público federal, economista e ex-presidente de PT-MA.

sexta-feira, 12 de março de 2010

CARTA AOS DELEGADOS E DELEGADAS DO PT

Francisco Gonçalves da Conceição *

Qualquer que seja a decisão do próximo encontro estadual, o PT tende a ocupar um lugar político, ideológico e eleitoralmente decisivo nas eleições de 2010. As negociações nacionais para a construção da aliança de sustentação da candidatura Dilma posicionam o PT regional no centro do cenário político-eleitoral.

As negociações regionais colocam o PT diante do dilema de legitimar o passado ou projetar o futuro. Variáveis regionais e nacionais precisam ser balizadas para efeito de qualquer decisão. Para contribuir com a qualidade e a ampliação do debate, apresento três questões, uma imbricada na outra, sobre o cenário político-eleitoral.

1. Embora Roseana mantenha a liderança da corrida eleitoral e tenha crescido nas últimas pesquisas, existe um sentimento latente de mudança, que devidamente mobilizado será capaz de alterar a lógica eleitoral.

O perfil do eleitorado maranhense, segundo pesquisas qualitativas, pode ser caracterizado do seguinte modo: cerca de 30% do eleitorado a priori votam na oposição; cerca de 40% votam na candidatura sarneysista; e cerca de 30% são eleitores flutuantes, que serão disputados por Roseana Sarney e por candidatos da oposição.

Este perfil do eleitorado maranhense torna o resultado eleitoral incerto por duas razões, de acordo com a análise do especialista em pesquisa eleitoral Juliano Corbellini:

a) por trás da liderança de Roseana nas pesquisas, existe uma realidade “subterrânea” e uma configuração estrutural do tabuleiro maranhense que indica uma eleição em aberto, cujo destino pode ser mudado a depender dos atores e suas estratégias;

b) no bloco dos 30% de eleitores flutuantes, que não são nem pró e nem anti Sarney, predomina a simpatia pela idéia de mudança e de renovação da política maranhense. Pesquisa qualitativa indica também a existência de um espaço eleitoral generoso para um candidato que simbolize a renovação da política maranhense.

Perguntados sobre a principal característica de um candidato a governador, os entrevistados se referem ao quesito “honestidade” como o mais importante, chegando a 28%. Dos três possíveis candidatos ao governo (Roseana, Jackson e Flávio), é a imagem de Flávio Dino que mais se aproxima desse desejo do eleitor.

No quesito honestidade, Roseana apresenta 01,5% de menção como motivadoras de voto, e Jackson 04,9%. No quesito confiança, 01,5% e 04,9% respectivamente. A partir destes dados, Corbellini faz a seguinte análise:

a) Jackson e Roseana são candidatos que conjugam a movimentação de uma máquina populista e clientelista e uma imagem de “competência administrativa”, ou seja, uma motivação raciona;

b) Flávio Dino, por sua vez, é o candidato que se diferencia por ter consigo a bandeira da honestidade, e por poder mobilizar o sentimento de mudança e renovação que existe na opinião pública maranhense, ou seja, a motivação do seu voto está mais no terreno da emoção, que é mais poderoso do que a razão numa batalha eleitoral.

Estes mesmos dados, com alguma variação, também são base de análise do PMDB na montagem do cenário regional. A leitura desse cenário permite afirmar que a aliança PT-PMDB, no plano regional, possibilitaria ao grupo Sarney atingir simultaneamente três objetivos:

a) consolidar a vinculação da candidatura Roseana à imagem e às conquistas do governo Lula, que tem sido um dos motores do seu mais recente crescimento nas pesquisas;

b) impedir o surgimento de uma candidatura capaz de arregimentar os eleitores anti-sarneysistas e mobilizar o sentimento de mudança dos eleitores flutuantes;

c) implodir qualquer perspectiva de construção do campo democrático e popular no Maranhão e qualquer mudança na correlação de forças regional, um dos fatores de sustentabilidade do grupo Sarney no cenário nacional.

2. A decisão do PT do Estado do Maranhão em construir uma candidatura capaz de unir o campo democrático e popular e mobilizar o desejo de mudança da população maranhense não colocará em risco a aliança nacional e a base de sustentação da candidatura Dilma. Diferentes pesquisas acadêmicas confirmam que o grupo Sarney se sustenta em três pilares:

a) a mediação entre as esferas estadual e federal a partir do controle dos cargos federais no Estado e do controle de setores estratégicos no governo federal, a exemplo do setor elétrico;

b) a utilização da máquina pública a favor de interesses privados a partir do controle do governo estadual, através do qual é possível (i)mobilizar os eleitores em torno de uma candidatura;

c) a disputa das mentes e corações a partir do controle das agências midiáticas (rádio, jornal, televisão, portal de internet), que dão forma a espaços públicos na sociedade maranhense. Para a reprodução do grupo Sarney é vital tanto o controle do governo estadual, como o controle da mídia e de setores estratégicos do governo federal.

Embora Sarney e os seus aliados sejam chaves na montagem da aliança com o PMDB, a voracidade desse grupo tem reduzido a presença do PT no governo e a ampliação da base de sustentação do governo petista com outros atores sociais.

No segundo mandato de Lula, por exemplo, os petistas na região foram gradativamente excluídos de posições estratégicas no governo federal, como Eletronorte e INCRA, e substituídos por políticos e/ou profissionais vinculados ao grupo Sarney.

A mudança na correlação de forças política e eleitoral no Estado tende a contribuir para a alteração, a favor das demandas dos movimentos sociais, da base de governalibilidade do próximo governo e para a consolidação de novo bloco de poder no Maranhão.

O grupo Sarney não romperá com a candidatura Dilma caso o PT regional decida se manter no campo democrático e popular, já que isto implicaria em abrir mão de uma de suas bases de sustentação, às vésperas de uma eleição competitiva e incerta.

Do mesmo modo, a decisão do congresso nacional do PT em reconhecer a possibilidade de dois palanques nos estados em que não for possível reproduzir a aliança nacional, o desgaste da figura de Sarney no cenário nacional em razão de uma sequência de escândalos e a sua voracidade por cargos federais, o papel do PC do B na base de sustentação do governo Lula nos dois mandatos e a crescente liderança de Dilma entre o eleitorado maranhense retiram do cenário qualquer possibilidade de intervenção do diretório nacional no diretório regional.

A decisão de coligar com o PMDB ou com o PC do B e o PSB depende, neste momento, mais da vontade dos militantes e dirigentes locais do que de injunções nacionais. Ou, será que o PT não deve levar em conta os cenários regionais e suas imbricações nos cenários nacionais para tomar essa decisão?

Por exemplo, a aliança com o PMDB pode levar o partido a uma intensa disputa interna, com perca de significativas bases políticas e eleitorais. A aliança com o PC do B e o PSB cria condições para a unidade partidária e ampliação da base democrática e popular da candidatura Dilma, com profundos efeitos na base de apoio do próximo governo.

3. As últimas eleições já demonstraram que é possível e viável a constituição de um novo bloco de poder no Estado do Maranhão, comprometido com a mudança e a renovação e sensível às demandas dos movimentos sociais.

Não é novidade para ninguém, que nas últimas décadas cresceu o eleitorado de oposição no Estado e que o grupo hegemônico na política maranhense vem passando, nas últimas décadas, por uma série de cisões. A última crise no grupo Sarney levou ao rompimento com o grupo liderado pelo então governador Zé Reinaldo e de lideranças como Edson Vidigal.

Esta crise possibilitou a eleição de Jackson Lago (PDT) e a formação de um governo com forte e determinante influência de setores dissidentes do grupo Sarney. A composição e a concepção política do governo Jackson, no entanto, contribuíram para a aplicação de medidas antipopulares e o distanciamento do governo das demandas populares, com redução de popularidade.

É neste cenário que o PT e o PC do B, em um gesto de ousadia e generosidade política, reeditam a frente democrática e popular na disputa da prefeitura da capital, levando o seu candidato para o segundo turno contra candidatura de João Castelo (PSDB).

Naquela ocasião, o PT e o PC do B souberam interpretar e dar conseqüência ao desejo de mudança e renovação presente no eleitorado da capital. Hoje, os partidos do campo democrático e popular lideram cerca de 50% do eleitorado da capital nas pesquisas de opinião, com capacidade de ampliação.

Esta disputa eleitoral, classificada pelas lideranças do PT como estratégica na construção de um novo bloco de poder no Estado, demonstrou a viabilidade da frente democrática e popular e revelou os espaços abertos para projetos de renovação. Hoje, todas as pesquisas indicam que os eleitores anti-Sarney e os eleitores flutuantes simpáticos à mudança e a renovação formam a maioria dos eleitores.

O PT, junto com o PC do B e o PSB e com uma candidatura capaz de expressar e mobilizar esse sentimento, pode transformar esse desejo de mudança e renovação em maioria política e eleger o próximo governador do Estado do Maranhão, comprometido com as demandas populares e democráticas e com a governabilidade do futuro governo Dilma.

Caberia ao PT renunciar à possibilidade de construir uma nova maioria política no Maranhão para ser apenas coadjuvante de um jogo cujos jogadores o eleitorado deseja ver fora de campo? Durante três décadas o PT insistiu na tese da construção de uma frente de caráter democrático e popular.

No momento em que essa possibilidade ganha materialidade histórica e eleitoral, caberia ao PT renunciar a esse projeto para renovar o passado e comprometer o futuro da população maranhense?

Parece-me que este é o dilema ideológico, político e eleitoral do PT, parido e criado na tradição da esquerda, cuja característica é a defesa da igualdade na diversidade, a luta pela emancipação humana e a mobilização social como formação de novos sujeitos. Ou seja, a candidatura do campo democrático e popular, como apontam as pesquisas e as últimas eleições, é viável tanto do ponto de vista político como eleitoral.

O PT não está sem opção. O PT tem a opção de refundar o passado ou renovar o presente.
No mês de março, o encontro estadual do PT decidirá a tática eleitoral. Você e os seus companheiros de chapa participarão dessa decisão, que atinge os filiados e o povo do Maranhão.

Desejo a você e aos seus companheiros que não deixem de mirar a estrela mais alta, aquela que anima as nossas esperanças e impulsiona a defensa das idéias que dão sentido ao nosso partido, o Partido dos Trabalhadores. Nos próximos dias, as pressões serão intensas a favor de uma tese e outra.

Em momentos como esse, penso que o hino da nossa terra continua sendo uma boa referência para quem sonha que o mundo pode ser melhor, melhor para todos: “a liberdade é o sol que nos dá vida!”.

Abraços do amigo e companheiro,

* Francisco Gonçalves da Conceição é jornalista, professor da UFMA e militante histórico do PT.

quinta-feira, 11 de março de 2010

JAZZ COM PELLEGRINI


por Celijon Ramos

Augusto Pellegrini é um cantor conhecido entre nós por suas belas apresentações de jazz e bossa nova.

Nos últimos anos apresentou-se em diversos locais de São Luís, incluindo bares, restaurantes e teatros, quando foi acompanhado por músicos como Celson Mendes, Julinho Ribeiro, Paulo Trabulsi, Maninho, Victor Castro, Arlindo Pipiu e Luís Junior.

A partir de 11/03, Pellegrini inicia temporada no Marisco Bar e Restaurante, na Lagoa da Jansen.

Para essas apresentações, que ocorrem às quintas-feiras, o artista contará com o acompanhamento de Júlio (guitarra) e Jeff Soares (contrabaixo e violoncelo) para execução de um repertório baseado em standards de jazz, bossa e também com músicas do pop dos anos 1960/70, vertidas ao espírito jazzista.

O Marisco bar e restaurante fica na rua São José (Lagoa da Jansen), ao lado do antigo bar Maloca, com couvert artístico.

quarta-feira, 10 de março de 2010

PT DECIDE

Neste sábado 13 diversas correntes do PT maranhense reúnem-se para debater a conjuntura política e começar a definir os rumos do partido em 2010.

A banda liderada pelo deputado Domingos Dutra convocou militantes e presidentes de diretórios municipais para uma reunião em São Luís, na qual pretende lançar um manifesto em defesa da aliança com o PC do B, com Flavio Dino candidato a governador.

No grupo do deputado Washington Oliveira conflitam duas teses: aliança com o PMDB ou PC do B. Os defensores da aliança com o PMDB, tendo Roseana Sarney candidata ao governo, não têm hegemonia na tendência.

Diversas lideranças defendem a composição com os comunistas. O editor deste blogue prega a aliança com o PC do B desde 2008, quando Flavio Dino disputou a prefeitura de São Luís em chapa com o PT.

O Encontro de Tática Eleitoral do PT será realizado nos dias 26 e 27 de março. Até lá, serão intensas articulações nos bastidores do petismo.

terça-feira, 9 de março de 2010

OSCAR PREMIA O ÓBVIO

"Guerra ao terror" é um filme tradicional e previsível acerca do suposto heroísmo dos EUA no Iraque.

O filme conta a história de soldados da invasão norte-americana que trabalham no desarmamento de bombas.

Pelo título sente-se o cheiro dos velhos chavões de combate ao "terrorismo" no Oriente Médio.

Comparado ao envolvente "Avatar", "Guerra ao terror" não apresenta nada de novo no front.

sábado, 6 de março de 2010

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES


Samuel Marinho *

Hoje deixei a seguinte inscrição no meu orkut: Flores, as de plástico não morrem.

No twitter repliquei a forma direta do período.

Agora aqui no blog tento refletir.

São versos de uma conhecida canção dos Titãs.

Década de oitenta.

Procurei a interpretação mais emocionada.

Acústico MTV Titãs: 1997, Marisa Monte e Branco Mello.

Não recomendo.

Excesso de sentimentalismo.

A história por trás dessa música sempre me instigou.

Fala da morte de um ente muito querido.

O desespero.

Depois disso uma tentativa de suicídio.

As imagens criadas a partir da letra me perturbaram o sono à noite toda.

Não saí pra balada com os meus amigos.

“Os punhos, os pulsos cortados e o resto do meu corpo inteiro.”

Há flores por todos os lados.

Inclusive agora no papel de parede do meu notebook.

Flores em computadores.

Tão bonitas, mas sem odores.

Na vida real, eu preferia antes jasmins e gerânios.


* Samuel Marinho é colaborador deste blogue, contador e servidor público federal.

quinta-feira, 4 de março de 2010

LUZ PARA NINGUÉM





Com tantos bairros às escuras em São Luís, a prefeitura empurra há meses uma "extraordinária" obra de iluminação pública na avenida Getúlio Vargas.

A Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Semosp) rasgou o meio-fio ao longo de toda a avenida, do Canto da Fabril ao Filipinho, para colocar novos postes e lâmpadas onde já havia luz.

Além do transtorno causado no trânsito e da destruição no canteiro central, a obra da prefeitura colocou novos postes com luminárias que mais parecem lamparinas.

Quando anoitece, percorrendo a Getúlio Vargas, nada de novo há nos postes de Castelo. Apenas duas hastes em verde e azul e uma luz fraquinha nas pontas.

Iluminação pública, todos sabem, é uma necessidade em muitos bairros periféricos de São Luís e mesmo no centro da cidade. Não nesta avenida já provida de postes.

Depois de plantar carnaúbas podres nos canteiros da cidade, o prefeito gasta não se sabe quanto com uma obra desnecessária para a Getúlio Vargas.

Talvez ele queira transformar São Luís em Paris, como diz aquela música famosa, mas acaba errando em tudo.

Com carnaúbas e lamparinas, São Luís agora vai.

quarta-feira, 3 de março de 2010

DIREITA TONTA, MAS PERIGOSA

A ascensão de Dilma Roussef nas pesquisas, superando as estimativas do PT, deixa o PSDB sem rumo e sem discurso nesta fase pré-eleitoral.

Fernando Henrique não sabe o que diz e Serra posterga o anúncio oficial de sua candidatura. Outra banda do tucanato tenta desesperadamente fazer de Aécio Neves o vice de Serra.

Uma eventual chapa pura do PSDB desagrada ao Democratas, sócios do condomínio da direita no Brasil. A crise de Brasília também afasta os demos dos tucanos.

Sem discurso para "bater" em Lula, a tucanagem pode apelar para o pior: o baixo nível contra Dilma. Não está descartada uma campanha sórdida contra a presidenciável petista, acusando-a de sequestradora e quadrilheira.

Tudo isso só aumenta a responsabilidade de cada militante do PT. Em vez de comemorar o sucesso nas pesquisas, temos de abrir os olhos e ouvidos para o que virá do adversário.

A campanha ainda nem começou e o salto alto antecipado é perigoso. Cautela, muito trabalho e olho na direita, que ela não brinca.