Editorial do suplemento JP Turismo
(21 agosto 2015), do Jornal Pequeno
(21 agosto 2015), do Jornal Pequeno
População protestou após a morte de uma jovem grávida, aos 19 anos de idade |
O significado da palavra Alcântara, de origem árabe, é “A
Ponte” (Al = A e Kantara = Ponte). Fazendo justiça ao nome, Alcântara já foi
ponte ou trampolim para muita gente pilantra, desde os primeiros colonizadores.
Após a expulsão dos franceses do Maranhão, o território foi doado a Jerônimo de
Albuquerque, e a colonização da área se deu a ferro e fogo, com extermínio de
dez mil índios desde Matias de Albuquerque.
Depois vieram os jesuítas, que exploraram o local,
aumentando seus lucros, em seguida ocorreu o domínio da aristocracia rural,
cujo apogeu, à custa do suor dos negros escravizados, resplende no imponente
patrimônio arquitetônico exibido ainda hoje pela sede, patrimônio histórico
nacional em 1948.
Na década de 80 do século passado, foi instalado o Centro de
Lançamento de Alcântara, que tanto prejuízo trouxe para os moradores
quilombolas rurais, que amargaram a perda de suas terras. Hoje, muitos filhos
desses quilombolas se tornaram marginais, traficantes, e infernizam a cidade.
Somado a isso, os prefeitos que se sucedem não resolvem os problemas da cidade,
e muitos deles conseguem piorar o que já era ruim.
A ex-prefeita Heloísa Leitão foi presa por desviar 5 milhões
de reais da merenda escolar e, agora, o atual prefeito, Domingos Arakém (“O
Prefeito de Araque”, como está sendo chamado), que prometeu maravilhas que
nunca cumpriu, e seu vice, o Pastor Pedro (sim, um pastor evangélico, valha-nos
Deus) estaria envolvido com o mesmo problema. Os vereadores e a população
denunciam que vários processos contra o prefeito nunca foram julgados, enquanto
que o juiz local diz que não existem processos. Nesse jogo de conversa fiada, a
população é que sofre.
O hospital de Alcântara é uma calamidade pública. Uma moça
de 19 anos faleceu ali, no último dia 30 de julho, por negligência médica. Em
trabalho de parto desde as sete da manhã, só foi atendida às cinco da tarde.
Tarde demais! Morreu e, com ela, a criança. Foi a gota d’água para que a
população, revoltada, ganhasse as ruas no último dia 6 de agosto, transformando
a praça da Matriz de Alcântara em verdadeira praça de guerra.
Tentaram invadir a prefeitura, adentraram o Fórum, fizeram
um Judas simbolizando o prefeito, amarraram o mesmo no Pelourinho, e depois
atearam fogo ao boneco. Teve bala de borracha, gás lacrimogênio, helicóptero do
GTA, viaturas da ROTAM, uma senhora foi agredida por policiais, o inferno. O
tempo passa e a cidade não melhora, os prefeitos se sucedem e se aproveitam da
boa fé da população de Alcântara, que é ordeira, mas que já se cansou, há muito
tempo, de falsas promessas.
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