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domingo, 16 de agosto de 2015

ALIANÇA ENTRE PT E PSDB É UM CAMINHO PARA ENFRENTAR A CRISE

Fernando Henrique e Lula panfletando na porta da fábrica, nos anos 80
A fronteira entre o PT e o PSDB é curta e tênue.

Logo após a campanha de 2014, quando amigos e familiares ainda costuravam as feridas provocadas pelo tom agressivo da guerra eleitoral, a presidente eleita Dilma Roussef negou suas promessas e transformou-se em uma espécie de Aécio Neves de saia.

Dilma adotou o programa econômico do PSDB e efetivou no Ministério da Fazenda um dos principais representantes do neoliberalismo – Joaquim Levy.

Ato contínuo, o governo petista adotou uma série de medidas restritivas aos direitos dos trabalhadores, atingindo salários e aposentadoria.

Tudo aquilo que se esperava de um governo tucano foi antecipado pelo segundo mandato de Dilma.
Lula e Fernando Henrique, companheiros de velhas lutas
Portanto, é preciso superar o maniqueísmo entre o PT e o PSDB. Esse fundamentalismo partidário entre vermelhos e amarelos não leva a lugar nenhum.

Para além das paixões eleitorais e afetos partidários, agravou-se uma crise da democracia brasileira que vai perdurar e seguir contaminando este e o próximo governo a ser eleito em 2018.

A crise é grave, ampla e não será resolvida apenas com a vitória eleitoral do PT ou do PSDB. Todo o Estado brasileiro está controlado pela corrupção eleitoral e administrativa.

Diante desse cenário, não será surpresa se Lula e FHC abrirem um diálogo na perspectiva de construir uma agenda mínima para o Brasil.

Afinal, entre eles não há grandes divergências. Os tucanos deram a Lula o mapa para navegar nas águas mansas da estabilidade do Plano Real. Até os economistas do PT reconhecem isso!

Lula aperfeiçoou os programas sociais criados pelo PSDB, transformando o Bolsa Família em uma das maiores plataformas de distribuição de renda do mundo.

INIMIGO MAIOR
Parasitismo do PMDB está agora sob o comando de Eduardo Cunha e Renan Calheiros
Na atual conjuntura e no pós-2018, seja qual for o presidente eleito, o governo será parasitado pelo PMDB e a sua constelação – o PMDBismo.

O PMDBismo é a moeda da governabilidade, o cimento político do conservadorismo democrático e da corrupção. Nos últimos 20 anos, já teve várias denominações: Anões do Orçamento, Centrão, Mensalão e Petrolão.

No retrato atual da conjuntura, a principal figura pública do PMDBismo é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, síntese da política degenerada em todos os sentidos.

O PMDBismo é a negação da República, porque parasita todos os governos. É disso que o Brasil precisa se livrar, atacando a cultura política que domina o sistema partidário brasileiro.

Esse tipo de coronelismo contemporâneo sustenta o ciclo vicioso do financiamento de campanha e amplia essa prática para a compra de apoio dentro do Congresso Nacional, através de cargos, favores e, na versão degenerada, o pagamento em dinheiro aos parlamentares.

PACTO PELO BRASIL
Lula herdou de FHC a estabilidade do Plano Real, criado pelos tucanos
Lula já manifestou interesse em dialogar com FHC. Se a ideia prosperar, petistas e tucanos podem consolidar um bloco partidário para enfrentar o parasitismo do PMDB e construir uma agenda urgente para o Brasil.

A Reforma Política, cortando o financiamento privado de campanha, deve ser o centro do debate, viabilizando uma Constituinte Exclusiva para rever as regras do jogo.

É fundamental estancar o mecanismo de alimentação financeira dos partidos por meios escusos. Essa é a raiz principal dos esquemas de corrupção que controlaram o Congresso Nacional.

Torna-se impositivo cortar pela raiz o mal da corrupção eleitoral.

Além da reforma política, a agenda entre PT e PSDB deve incluir a pactuação da governabilidade sem submissão ao PMDB, daí a necessidade da aliança entre petistas e tucanos dentro do Congresso Nacional.

Outra questão fundamental é atualizar o programa da social-democracia, comum ao PT e ao PSDB, construindo um conjunto de ações para a retomada do desenvolvimento econômico.

A crise é ruim para todos os partidos que pretendem construir a governabilidade no quadro atual.

Diante das condições políticas e administrativas do Brasil contemporâneo, inviável sob a égide do PMDBismo, a saída é juntar as afinidades e o pragmatismo do PT e do PSDB para salvar o Brasil.

Acima de tudo, é preciso deixar bem claro que o pacto não tem o objetivo de resolver as graves desigualdades do Brasil. Essa é uma questão mais profunda do capitalismo e da luta de classes.

O pacto é uma agenda emergencial, visando impedir o caos político e administrativo, que vai penalizar principalmente os mais pobres.

EVITANDO O PIOR
Lula já enviou sinais de que está aberto ao diálogo com os tucanos liderados por FHC
Assim, o pacto entre o PT e o PSDB visa destruir o inimigo maior – o PMDBismo – para evitar o pior cenário: a ascensão do fascismo e a negação da democracia.

Enquanto petistas e tucanos apaixonados se agridem na internet, enxergando grandes diferenças entre Lula e FHC, a extrema direita cresce, ganhando a simpatia de fanáticos despolitizados.

Nesse oceano de incertezas e vazios na condução do país, há um ambiente fértil para a adesão da massa desempregada e sem esperança aos ideais totalitários. O Congresso Nacional está cheio de Bolsonaros dispostos a conduzir as insatisfações da população ao pior dos mundos.

A democracia foi o melhor regime até agora construído pela humanidade, com todos os seus defeitos. Não podemos abrir mão dela.

O pacto PT+PSDB visa evitar o pior – a emergência de setores fascistas e a abertura de espaço para os golpismos da extrema direita.

Entre a social-democracia de Lula/FHC e o fascismo da extrema direita, é melhor ficarmos com a parceria tucano-petista.

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