O tambor de Crioula é considerado um Patrimônio Cultural
Brasileiro. Como forma de valorizá-lo, a Biblioteca Pública Benedito Leite,
órgão vinculado a Secretaria de Estado de Cultura (Secma), está realizando a
exposição Folclore e Literatura, com o tema “Crioula, simples como deve ser!” A
exposição faz parte da programação de agosto na biblioteca, pois este é
considerado o mês do folclore.
A ideia da exposição foi do Tambor de Crioula Maracrioula,
do bairro da Liberdade, em São Luís, que se dispôs em separar alguns elementos
característicos na dança para ser posto em exposição. Quem for à Biblioteca
Pública Benedito Leite, até sábado (27), vai poder ver de perto a vestimenta
utilizada pelos brincantes, além dos instrumentos musicais.
“Queremos que a população esteja mais próxima de nós. Essas
exposições que acontecem aqui são fundamentais para acabar com aquele conceito
que em biblioteca só tem livro, mas mostrar que temos também cultura”, destaca
a diretora da Biblioteca, Aline Nascimento.
A programação deste mês também contempla uma exposição sobre
o folclore nacional, enfatizando as expressões maranhenses, no Salão do Acervo
Geral. Vários livros sobre a história do folclore estão à disposição de todos
que tiverem interesse. Os livros fazem parte do rico acervo da biblioteca e é
um meio de valorizar o artista maranhense, Pedro Júnior, que está expondo
“Artes, lendas e magias maranhenses”.
Tambor de Crioula
É uma dança afro-brasileira que contém movimentos
circulares, tambores e muita cantoria. Os escravos de várias partes da África
trouxeram a dança para o Brasil no século XVII, mas hoje em dia, além de ser
uma expressão cultural, é um meio em que os fiéis pagam promessas a santos do
catolicismo tradicional como São Bendito ou a entidades de terreiros.
As dançarinas são chamadas de “coreiras”; as batucadas e a
música com o ritmo frenético ficam por conta dos tocadores e cantadores. As
coreiras praticam a umbigada, que é o gesto de tocar no ventre uma da outra
como sinal de saudar ou convidar para a dança. Essa prática existe tanto no
Brasil quanto na África e somente no Maranhão é conhecida como Tambor de
Crioula.
São tocados três tambores (meião, tambor grande e crivador)
que compõem o conjunto instrumental e, geralmente, são feitos de madeira, afunilado
cobertos com couro e amarrados com corda de couro. A música é construída sobre
um sotaque próprio e repleto de regionalismo e palavras antigas, em que, quem é
de fora, muitas vezes não compreende.
Hoje os grupos de Tambor de Crioula devem possuir um
registro jurídico e, principalmente, uma sede para que funcione normalmente na
casa do “mestre” do tambor. São Luís já conta com mais de 80 grupos cadastrados
e no dia 21 de junho foi intitulado com o dia do Tambor de Crioula.
O primeiro registro da dança foi feito por Mário de Andrade,
em uma de suas expedições pelo Brasil. Foram notadas regras como só mulheres
poderiam dançar no centro da roda e somente os homens tocariam os tambores.
Esse estilo de dança possui uma forte ligação com a fertilidade e feminilidade.
Agência Secom / Foto: Lidya Lima
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