O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da
Presidência da República, Edinho Silva, foi direto ao ponto no tema central do
debate sobre a democratização da comunicação no Brasil.
Questionado sobre os privilégios da Globo, destinatária de
54% do bolo publicitário do governo federal, Silva afirmou que esse critério
vai continuar, é a regra do jogo e não há perspectiva de mudá-la.
Em outras palavras, o ministro disse que o governo é refém
do esquema de poder do grande capital controlador dos meios de comunicação e
não há meios de romper esse cenário.
A síntese de Edinho Silva foi apresentada no evento “Diálogos
pela Comunicação”, realizado hoje à tarde, no Palácio dos Leões, com a
participação do governador Flávio Dino, o secretário de Comunicação Robson Paz,
os deputados federais Waldir Maranhão (PP) e Rubens Junior (PCdoB).
Na plateia, dezenas de profissionais de mídia e radialistas
de emissoras comunitárias esperavam alguma resposta concreta ou pelo menos um
atenuante sobre o excesso de dinheiro público distribuído pelo governo federal
para a Globo.
De uma coisa não se pode reclamar: o ministro foi sincero ao
justificar o status quo. “Eu poderia
fazer um discurso radical e agradar a todos. Muitos gostariam que invertêssemos
toda a lógica da distribuição das verbas publicitárias”, explicou.
PODER REGIONAL
Se no Planalto é difícil, no Maranhão é parecido. “Nós
entendemos muito de coronelismo eletrônico. Ganhamos a eleição e governamos
contra ele”, destacou o governador Flávio Dino.
Ocorre que, diferente de Lula e Dilma, que mantiveram os
privilégios da Globo na distribuição das verbas publicitárias, o governo Dino
faz uma engenharia para pulverizar os recursos.
Anuncia no Sistema Mirante, controlado pelo grupo Sarney,
mas não exclui ou destrata os demais operadores da mídia.
No Maranhão há uma guerra dentro da regra. No governo
Lula/Dilma há uma submissão total à regra.
Para compensar esse ajuste com os barões da mídia, o
ministro Edinho Silva levanta o estandarte da regionalização e da internet.
Sua vinda ao Maranhão teve foco no fortalecimento da Empresa
Brasil de Comunicação (EBC), na perspectiva de ampliar as parcerias entre os
governos federal e estadual, visando à produção e difusão de conteúdo. “A EBC
sediada no Maranhão tem um papel estratégico na visibilidade da cultura
regional e no incremento da comunicação pública”, enfatizou.
O ministro também aposta na Internet como plataforma de
democratização. Nesse tópico, o governador Flávio Dino, destacado tuiteiro,
sentiu-se à vontade para complementar o diálogo. Citando Norberto Bobbio, sobre
democracia e publicidade, afirmou: “faço questão de que todos os maranhenses
saibam das minhas ações e opiniões”.
No mais, o “Diálogo pela Comunicação” serviu para reafirmar
perguntas e respostas óbvias, contando com a medida certa da sinceridade do
ministro Edinho Silva. Ele tem boas intenções, é preparado, demonstrou conhecimento
da sua missão e os limites da institucionalidade.
Só pecou quando disse, ao saudar os integrantes da mesa, que
os maranhenses deveriam se orgulhar do deputado federal Waldir Maranhão (PP),
por tudo que o parlamentar tem feito.
Menos, ministro, menos.
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