A DECADÊNCIA DO CONSENSO DE WASHINGTON

Em ligeiras palavras, o Consenso de Washington é uma expressão utilizada para designar o conjunto de políticas neoliberais formuladas em 1989, sob o manto do FMI, como receita econômica de sucesso para o mundo.

Ronald Regan (EUA) e Margareth Tatcher (Inglaterra) foram os ícones desta cartilha econômica fracassada: privatizações, flexibilidade dos direitos trabalhistas, Estado mínimo e ampla liberdade para o capital.

A submissão da economia internacional às regras do Consenso de Washington mostrou-se equivocada. Os resultados estão aí: a Europa quebrada, a Grécia falida e o espectro da crise rondando o mundo todo.

Meramente ilustrativos, os parágrafos acima servem apenas para ornamentar, por coincidência de nomes, uma situação política interessante de observar na conjuntura local.

No Maranhão exótico também houve um consenso de Washington. Quando o atual vice-governador Washington Oliveira (WO) militava no PT e no movimento sindical, a velha tendência Articulação (hoje CNB) rendia-lhe culto.

Havia um alinhamento às diretrizes do consenso. Mas, foi-se o tempo em que a formação dos diretórios do PT era feita nas listas de WO, anotadas em um caderno de doze matérias.

Hoje é diferente. A CNB no Maranhão virou uma confederação de subtendências e agrupamentos com vários líderes: Joab Jeremias, Rodrigo Comerciário, Mundico Teixeira etc.

O consenso de Washington entrou em franca decadência. Para conseguir maioria nas disputas internas do PT, o vice-governador tem de render-se aos outros líderes.

Em várias ocasiões, os chefes das subtendências negociam direto com o Governo do Estado, sem a mediação do vice, quebrando-lhe a autoridade.

Sem Jeremias e Comerciário, por exemplo, WO é certamente derrotado em todas as disputas.

Candidato a vereador, Joab Jeremias sabe que corre o risco de ser apedrejado nas ruas de São Luís se andar à tira-colo com o vice-governador, carimbado de Roseana Sarney e Ricardo Murad.

No pragmatismo de Jeremias o mandato na Câmara dos Vereadores virá com um bom candidato majoritário puxador de votos, como Bira do Pindaré.

Joab tem força na prévia do PT e sabe que Bira é o melhor nome para ganhar de Castelo e eleger uma bancada de vereadores petistas.

Se aderir ao consenso decadente, todos perdem.

A vice-governadoria transformou-se em uma confederação de pessoas físicas e jurídicas neoliberais sem nenhum projeto sólido, a não ser os interesses imediatos de WO.

Visando atingir seus objetivos, o vice utiliza as subtendências para formar uma base instável, podendo trocar a qualquer momento Joab Jeremias e Rodrigo Comerciário por outros operadores.

E cada dia chega mais. A nova aquisição da vice-governadoria é um jovem de nome Sadam Hussein, importado de Coroatá, onde militava nas fileiras de Ricardo Murad.

Se Joab e Rodrigo não se cuidarem, logo logo Sadam Hussein funda uma tendência, dá um golpe e assume o comando.