FAÇA SUA PARTE
Implantamos na Ufma de Imperatriz uma campanha de coleta seletiva para material reciclável. Nada de tão extraordinário. Nada que as escolas de ensino fundamental e médio, pagas e caras, não façam todo ano, dentro da sua ‘pedagogia de projetos’, para justificar o que os pais investem na educação dos filhos, boleto a boleto. Mas é uma campanha que, se der certo, pode servir para muitas coisas.
Surgiu assim: quando assumimos a direção do Centro, encontramos umas lixeiras estocadas num canto, daquelas de cores variadas, em que cada cor representa um tipo de material a ser coletado: azul para papel, verde para vidro e amarelo para metal (Nota: como quase não temos coleta de vidro, renomeamos a verde para plástico). Decidimos distribuir as lixeiras e seus suportes pelas áreas do campus, mas logo verificamos que apenas deixá-las na paisagem não iria adiantar, as pessoas iam continuar jogando latas, papéis, caixas, restos de comida na lixeira que quisessem.
Então montamos a campanha. Com a ajuda indefectível do pessoal do Núcleo Assessoria de Comunicação, planejamos tudo. A campanha teria um slogan e uma marca, seria feita com materiais reciclados, quase toda artesanalmente, e englobaria palestras, mostras de vídeo, sorteios, oficinas, intervenção, informação e exortação. Teria ainda uma presença marcante na mídia tradicional e nas redes sociais. “Acerte a lata” foi o slogan adotado – e tudo gira em torno dele. A campanha contou com o apoio financeiro da Câmara de Dirigentes Lojistas de Imperatriz, que doou as camisas para a equipe da organização e para sorteios.
Outro ponto forte da ação é a destinação do material acumulado. Fizemos uma parceria com a Ascamari (Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Imperatriz) para que eles recolham os materiais e façam a venda, gerando renda para os associados. Assim, ajudamos o meio ambiente, nos tornamos cidadãos melhores e ainda contribuímos para que mais pessoas melhorem suas vidas, financeiramente. A lógica do ganha-ganha.
Nossa intenção é que seja uma campanha não apenas de intervenção, mas de permanência de mensagem e de reeducação de hábitos. Por isso ela vai se estender por uns três meses ou mais. Até que muita gente já esteja acostumada a usar as lixeiras certas para depositar os materiais. E até que possamos pautar essa ideia para novos nichos.
Se conseguirmos, ao final da campanha, fazer com que a comunidade universitária se conscientize de que é possível assumir uma nova postura de destinação do lixo que geramos lá, vai ser legal. Se conseguirmos que as pessoas levem essa prática para as suas casas, o seu trabalho, a sua comunidade, será melhor ainda. Se conseguirmos fazer este projeto sair dos muros da Ufma e alcançar escolas, faculdades, empresas, melhor ainda ainda. Se conseguirmos criar, na agenda do poder público municipal, a pauta da coleta seletiva para a cidade, seria a recompensa ideal.
Mas se nada disso der certo, ainda assim já valeu a pena. Desde o início da campanha, eu já mudei as minhas práticas quanto ao descarte do meu lixo. Se ela não servir para ninguém (o que eu, definitivamente, não acredito que acontecerá), ela já serviu para mim.
* Jornalista e professor doutor do curso de Jornalismo da UFMA/Imperatriz (marcosfmatos@gmail.com)
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