Passados 20 anos da queda do Muro de Berlim, as interpretações de inspiração marxista permanecem fortes em muitas aldeias.
Foi o que vimos nos acirrados debates da Conferência Estadual de Comunicação, realizada no Convento das Mercês, em São Luís, dias 17 e 18 de novembro.
Convocada pela Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), o evento reuniu empresários do ramo midiático, representantes do poder público e da sociedade civil.
Logo no início, durante a aprovação do regimento interno, destacou-se a tropa de choque comandada pela família do deputado estadual Manoel Ribeiro (PTB), famoso latifundiário de rádio e TV no Maranhão.
O deputado estadual Joaquim Haickel (PMDB), parceiro do empresário Fernando Sarney, endossou o coro dos contentes animados por Kátia Ribeiro, gerente do Sistema Maranhense de Radiodifusão, cuja sigla (SMR) coincide nas duas últimas letras com as maiúsculas do deputado petebista.
No comando da Secom, o secretário Sergio Macedo operou o comitê executivo dos interesses do baronato da mídia maranhense.
Do outro lado, a CUT e os movimentos pela democratização da comunicação disparavam artilharia sobre o monopólio dos radiodifusores no espectro eletromagnético.
Em que pese a boa vontade e o empenho de vários integrantes da equipe da Secom, a pauta geral da conferência – democratização da comunicação – nunca interessou ao comando político do Governo do Estado.
Já na fase preparatória do evento o Palácio dos Leões adiantava que “não tinha orçamento” nem para transportar nem para hospedar os participantes do interior do Maranhão.
As delegações da Região Tocantina e da Baixada Maranhense vieram a São Luís por conta própria, em número reduzido, por total falta de apoio do governo Roseana Sarney (PMDB) em viabilizar os custos.
As etapas estaduais são pré-requisito da Conferência Nacional de Comunicação, a ser realizada de 14 a 16 de dezembro, em Brasília, com o tema ”Meios para a construção de direitos e cidadania na era digital”.
Das rádios artesanais rádios “a cabo”, passando pelos impressos e audiovisuais, até o satélite, quase tudo será debatido na plenária de Brasília, com uma expectativa de 2000 participantes.
Assembleísmos à parte, a conferência é pioneira no Brasil, desde quando aportava clandestinamente no Brasil o jornal “Correio Braziliense”, de Hipólito José da Costa, editado em Londres. Lá pelos idos de 1808.
A Imprensa brasileira surgiu sob o signo da censura, estendendo-se por várias etapas históricas no cenário nacional, com mais violência nos períodos de Getúlio Vargas e da Ditadura Militar.
À censura sucedeu-se a montagem de uma rede midiática monopolizada e o conseqüente massacre aos meios alternativos como as rádios comunitárias.
O tom de disputa sobre o caminho a seguir - o monopólio ou a pluralidade - predominou no Convento das Mercês, abrindo uma guerra declarada entre os empresários e os movimentos sociais.
As conferências (estaduais e nacional) são momentos interessantes para juntar gente de variadas correntes ideológicas, debatendo e formulando propostas com o objetivo de reuni-las em uma Política Nacional de Comunicação.
São bandeiras antigas de entidades e pessoas que desde os anos 1960 vinham fazendo comunicação e cultura fora do circuito comercial, com experimentalismos estéticos variados e um viés filosófico da negação da ordem: da ditadura, do padrão, da família, do mercado e do Estado.
Com o tempo, esta forma de agir foi mudando. A sociedade agregou novos valores e formas organizativas. Entidades surgiram, especificando-se na área de Comunicação: FNDC, Abraço, Intervozes, Enecos, Fitert, Fenaj e tantas outras.
Ao contrário da contra-cultura e da vanguarda, a conferência é um ambiente institucional formalizado em decretos e normas que regem o conteúdo dos debates, as formas de participação dos representantes e a metodologia.
Produção de conteúdo, meios de distribuição e cidadania são os eixos temáticos orientadores dos grupos de trabalho de cada etapa realizada nos municípios, na estadual e nacional.
Nessas pequenas oficinas espalhadas pelo Brasil serão elaboradas as propostas de cada segmento, posteriormente levadas à plenária final de Brasília.
Ao cabo de tantos debates pode dar tudo certo: finalmente teremos uma Política Nacional de Comunicação democrática.
Ou errado: o governo federal não encaminha nada, os estaduais batem palmas e os prefeitos vão ficar cada qual no quadrado das suas paróquias.
Apesar dos entraves, a conferência já vale pela movimentação que está causando. É salutar que este primeiro embate seja acirrado, animando os opositores para as próximas batalhas.
Foi o que vimos nos acirrados debates da Conferência Estadual de Comunicação, realizada no Convento das Mercês, em São Luís, dias 17 e 18 de novembro.
Convocada pela Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), o evento reuniu empresários do ramo midiático, representantes do poder público e da sociedade civil.
Logo no início, durante a aprovação do regimento interno, destacou-se a tropa de choque comandada pela família do deputado estadual Manoel Ribeiro (PTB), famoso latifundiário de rádio e TV no Maranhão.
O deputado estadual Joaquim Haickel (PMDB), parceiro do empresário Fernando Sarney, endossou o coro dos contentes animados por Kátia Ribeiro, gerente do Sistema Maranhense de Radiodifusão, cuja sigla (SMR) coincide nas duas últimas letras com as maiúsculas do deputado petebista.
No comando da Secom, o secretário Sergio Macedo operou o comitê executivo dos interesses do baronato da mídia maranhense.
Do outro lado, a CUT e os movimentos pela democratização da comunicação disparavam artilharia sobre o monopólio dos radiodifusores no espectro eletromagnético.
Em que pese a boa vontade e o empenho de vários integrantes da equipe da Secom, a pauta geral da conferência – democratização da comunicação – nunca interessou ao comando político do Governo do Estado.
Já na fase preparatória do evento o Palácio dos Leões adiantava que “não tinha orçamento” nem para transportar nem para hospedar os participantes do interior do Maranhão.
As delegações da Região Tocantina e da Baixada Maranhense vieram a São Luís por conta própria, em número reduzido, por total falta de apoio do governo Roseana Sarney (PMDB) em viabilizar os custos.
As etapas estaduais são pré-requisito da Conferência Nacional de Comunicação, a ser realizada de 14 a 16 de dezembro, em Brasília, com o tema ”Meios para a construção de direitos e cidadania na era digital”.
Das rádios artesanais rádios “a cabo”, passando pelos impressos e audiovisuais, até o satélite, quase tudo será debatido na plenária de Brasília, com uma expectativa de 2000 participantes.
Assembleísmos à parte, a conferência é pioneira no Brasil, desde quando aportava clandestinamente no Brasil o jornal “Correio Braziliense”, de Hipólito José da Costa, editado em Londres. Lá pelos idos de 1808.
A Imprensa brasileira surgiu sob o signo da censura, estendendo-se por várias etapas históricas no cenário nacional, com mais violência nos períodos de Getúlio Vargas e da Ditadura Militar.
À censura sucedeu-se a montagem de uma rede midiática monopolizada e o conseqüente massacre aos meios alternativos como as rádios comunitárias.
O tom de disputa sobre o caminho a seguir - o monopólio ou a pluralidade - predominou no Convento das Mercês, abrindo uma guerra declarada entre os empresários e os movimentos sociais.
As conferências (estaduais e nacional) são momentos interessantes para juntar gente de variadas correntes ideológicas, debatendo e formulando propostas com o objetivo de reuni-las em uma Política Nacional de Comunicação.
São bandeiras antigas de entidades e pessoas que desde os anos 1960 vinham fazendo comunicação e cultura fora do circuito comercial, com experimentalismos estéticos variados e um viés filosófico da negação da ordem: da ditadura, do padrão, da família, do mercado e do Estado.
Com o tempo, esta forma de agir foi mudando. A sociedade agregou novos valores e formas organizativas. Entidades surgiram, especificando-se na área de Comunicação: FNDC, Abraço, Intervozes, Enecos, Fitert, Fenaj e tantas outras.
Ao contrário da contra-cultura e da vanguarda, a conferência é um ambiente institucional formalizado em decretos e normas que regem o conteúdo dos debates, as formas de participação dos representantes e a metodologia.
Produção de conteúdo, meios de distribuição e cidadania são os eixos temáticos orientadores dos grupos de trabalho de cada etapa realizada nos municípios, na estadual e nacional.
Nessas pequenas oficinas espalhadas pelo Brasil serão elaboradas as propostas de cada segmento, posteriormente levadas à plenária final de Brasília.
Ao cabo de tantos debates pode dar tudo certo: finalmente teremos uma Política Nacional de Comunicação democrática.
Ou errado: o governo federal não encaminha nada, os estaduais batem palmas e os prefeitos vão ficar cada qual no quadrado das suas paróquias.
Apesar dos entraves, a conferência já vale pela movimentação que está causando. É salutar que este primeiro embate seja acirrado, animando os opositores para as próximas batalhas.
Um comentário:
estamos juntos nesta batalha contra o dagrão de destruição...
nada de novo no velho mundo.
Da Lama ao Caos
Chico Science
Composição: Chico Science & Nação Zumbi
Posso sair daqui pra me organizar
Posso sair daqui pra me desorganizar
Da lama ao caos, do caos a lama
o homem roubado nunca se engana
O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu vi um chié andando devagar
E um aratú pra lá e pra cá
E um caranguejo andando pro sul
Saiu do mangue e virou gabiru
Ô Josué eu nunca vi tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça
Peguei um balaio fui na feira roubar tomate e cenoura
Ia passando uma véia e pegou as minhas cenouras
"Aê minha véia deixa as minhas cenouras aqui
e Com a barriga vazia eu não consigo dormir"
E com o bucho mais cheio comecei a pensar
Que eu me organizando posso me organizar
Que eu desorganizando posso me desorganizar
Que eu me organizando posso me organizar
Da lama ao caos, do caos a lama
o homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos a lama
o homem roubado nunca se engana
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