Salvador Fernandes *
O Partido dos Trabalhadores no Maranhão tornou-se, negativamente, objeto de consumo predileto das rodas de conversas sobre as eleições de 2010 e dos analistas políticos dos meios de comunicação ludovicenses.
A temática é: o PT coligará ou não com PMDB? Em outras palavras, os representantes da ala majoritária da sigla conseguirão oficialmente levar o PT de mala e cuia para as hostes sarneysistas?
Algum tempo atrás, quem imaginaria o combativo Partido da resistência política à oligarquia Sarney assumir uma exacerbada postura adesista em defesa do governo golpista de Roseana Sarney Murad e de coligação com o PMDB - este, simplesmente, a principal agremiação da cesta de siglas de aluguel controlada, no estado, pelo chefe do Clã?
Os argumentos para a mudança nos trilhos políticos do Partido são muitos: defesa de um tal projeto nacional; suporte à posição político-eleitoral do presidente Lula; ou não comprometimento das possibilidades de eleição de Dilma Rousseff devido às querelas regionais.
Enfim, este é o alinhamento absoluto, festejado pelo segmento petista defensor da tese de apoio ao governo golpista de Roseana Sarney Murad e de formação da futura coligação estadual com vistas à disputa eleitoral de 2010.
Aliás, esta pérola política tão decantada foi pronunciada pelo presidente Lula na sua penúltima passagem pelo Maranhão, quando ditou o comando ao afirmar que “o PT já tem uma história no Maranhão, já sabe quem é a força desse estado, portanto não tem que ficar sonhando com quem não tem (força), e sim com quem tem. Se quiserem fazer política com pé no chão que faça (sic), contudo tem que ver a realidade aprender a ser pragmático em política”.
Assim, a ala petista majoritária de posse destas “verdades”, ao estilo dos exploradores europeus quando da invasão do território latino, considera-se liberada e legitimada a enxovalhar o rumo da historia partidária, afinal é como se estivesse em nome do Rei e do Papa.
Pergunto-me: será que um projeto nacional de centro-esquerda precisa do pilar sarneysista? Por que tanta subserviência? Com certeza não é o insignificante peso eleitoral do Maranhão, com 11,77% do eleitorado nordestino e apenas 3,19% dos votantes brasileiros.
Não bastam os estragos administrativos, éticos e políticos provocados pelos integrantes da oligarquia, cujo principal protagonista é o próprio José Sarney?
Não é suficiente a entrega da presidência do Senado, resultado de uma conspiração contra um senador petista, o comando do estratégico setor de minas e energia, além da eternização em inúmeros cargos federais?
Será que os alarmantes índices econômicos e sociais das regiões Norte e Nordeste não são motivos para renegar alguns de seus patrocinadores, como José Sarney, Jader Barbalho e Fernando Collor de Melo? Repito, qual é o projeto nacional?
Que mudanças estruturais apregoam, se estes “aliados preferenciais” são fomentadores e reprodutores históricos dos arcaicos sistemas oligárquicos, onde o patromonialismo é a única fonte de riqueza e poder?
O pior, no estado, é que este adesismo à oligarquia Sarney, em nome do suposto projeto nacional, é uma prática recorrente de parte da esquerda maranhense.
Não esqueçamos que, em meados da década de 80 e nos dois mandatos anteriores de Roseana Sarney Murad, segmentos de centro-esquerda do estado utilizaram-se deste mesmo sofisma para serem apêndice oligárquico.
No primeiro caso, diziam que para evitar o retrocesso engajaram-se ao governo da “Nova República”. Por último, segundo eles, por ser o governo de Roseana Sarney Murad moderno e progressista, era a justificativa para uma participação ativa.
Acrescente-se que o descabido adesismo atinge também outros setores da esquerda maranhense, que só veem possibilidade de mudanças na política estadual se este projeto tiver como sócio hegemônico as lideranças da oposição conservadora.
Absolutizam ao afirmar que não existe outra opção viável: ou se está com a sarneyzada, ou se engaja mas forças da oposição conservadora. O exemplo recente fatídico foi o apoio aberto, ou camuflado, de algumas destas lideranças à nefasta candidatura do ultra-direitista João Castelo à Prefeitura de São Luis.
Aqui, mais que em outros lugares, parece que política é impermeável à ética. Pragmatismo, adesismo e, essencialmente, favorecimento pessoal fazem parte do cotidiano da maioria das lideranças políticas, inclusive de algumas personalidades ditas de esquerda.
Oportunismo é tratado como senso de oportunidade ou capacidade de iniciativa política. É a realpolitik em sua versão soberbamente provinciana.
* Salvador Fernandes é servidor público federal, economista e ex-presidente de PT-MA.
O Partido dos Trabalhadores no Maranhão tornou-se, negativamente, objeto de consumo predileto das rodas de conversas sobre as eleições de 2010 e dos analistas políticos dos meios de comunicação ludovicenses.
A temática é: o PT coligará ou não com PMDB? Em outras palavras, os representantes da ala majoritária da sigla conseguirão oficialmente levar o PT de mala e cuia para as hostes sarneysistas?
Algum tempo atrás, quem imaginaria o combativo Partido da resistência política à oligarquia Sarney assumir uma exacerbada postura adesista em defesa do governo golpista de Roseana Sarney Murad e de coligação com o PMDB - este, simplesmente, a principal agremiação da cesta de siglas de aluguel controlada, no estado, pelo chefe do Clã?
Os argumentos para a mudança nos trilhos políticos do Partido são muitos: defesa de um tal projeto nacional; suporte à posição político-eleitoral do presidente Lula; ou não comprometimento das possibilidades de eleição de Dilma Rousseff devido às querelas regionais.
Enfim, este é o alinhamento absoluto, festejado pelo segmento petista defensor da tese de apoio ao governo golpista de Roseana Sarney Murad e de formação da futura coligação estadual com vistas à disputa eleitoral de 2010.
Aliás, esta pérola política tão decantada foi pronunciada pelo presidente Lula na sua penúltima passagem pelo Maranhão, quando ditou o comando ao afirmar que “o PT já tem uma história no Maranhão, já sabe quem é a força desse estado, portanto não tem que ficar sonhando com quem não tem (força), e sim com quem tem. Se quiserem fazer política com pé no chão que faça (sic), contudo tem que ver a realidade aprender a ser pragmático em política”.
Assim, a ala petista majoritária de posse destas “verdades”, ao estilo dos exploradores europeus quando da invasão do território latino, considera-se liberada e legitimada a enxovalhar o rumo da historia partidária, afinal é como se estivesse em nome do Rei e do Papa.
Pergunto-me: será que um projeto nacional de centro-esquerda precisa do pilar sarneysista? Por que tanta subserviência? Com certeza não é o insignificante peso eleitoral do Maranhão, com 11,77% do eleitorado nordestino e apenas 3,19% dos votantes brasileiros.
Não bastam os estragos administrativos, éticos e políticos provocados pelos integrantes da oligarquia, cujo principal protagonista é o próprio José Sarney?
Não é suficiente a entrega da presidência do Senado, resultado de uma conspiração contra um senador petista, o comando do estratégico setor de minas e energia, além da eternização em inúmeros cargos federais?
Será que os alarmantes índices econômicos e sociais das regiões Norte e Nordeste não são motivos para renegar alguns de seus patrocinadores, como José Sarney, Jader Barbalho e Fernando Collor de Melo? Repito, qual é o projeto nacional?
Que mudanças estruturais apregoam, se estes “aliados preferenciais” são fomentadores e reprodutores históricos dos arcaicos sistemas oligárquicos, onde o patromonialismo é a única fonte de riqueza e poder?
O pior, no estado, é que este adesismo à oligarquia Sarney, em nome do suposto projeto nacional, é uma prática recorrente de parte da esquerda maranhense.
Não esqueçamos que, em meados da década de 80 e nos dois mandatos anteriores de Roseana Sarney Murad, segmentos de centro-esquerda do estado utilizaram-se deste mesmo sofisma para serem apêndice oligárquico.
No primeiro caso, diziam que para evitar o retrocesso engajaram-se ao governo da “Nova República”. Por último, segundo eles, por ser o governo de Roseana Sarney Murad moderno e progressista, era a justificativa para uma participação ativa.
Acrescente-se que o descabido adesismo atinge também outros setores da esquerda maranhense, que só veem possibilidade de mudanças na política estadual se este projeto tiver como sócio hegemônico as lideranças da oposição conservadora.
Absolutizam ao afirmar que não existe outra opção viável: ou se está com a sarneyzada, ou se engaja mas forças da oposição conservadora. O exemplo recente fatídico foi o apoio aberto, ou camuflado, de algumas destas lideranças à nefasta candidatura do ultra-direitista João Castelo à Prefeitura de São Luis.
Aqui, mais que em outros lugares, parece que política é impermeável à ética. Pragmatismo, adesismo e, essencialmente, favorecimento pessoal fazem parte do cotidiano da maioria das lideranças políticas, inclusive de algumas personalidades ditas de esquerda.
Oportunismo é tratado como senso de oportunidade ou capacidade de iniciativa política. É a realpolitik em sua versão soberbamente provinciana.
* Salvador Fernandes é servidor público federal, economista e ex-presidente de PT-MA.
Um comentário:
O PT deve dar apoio a quem julgarem melhor. Devem apoiar quem puder abrir mais espaço para eles, se a atual Governadora faz isso, pq não? Alguns dogmas devem ser quebrados mesmo.
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