Francisco Gonçalves da Conceição *
Qualquer que seja a decisão do próximo encontro estadual, o PT tende a ocupar um lugar político, ideológico e eleitoralmente decisivo nas eleições de 2010. As negociações nacionais para a construção da aliança de sustentação da candidatura Dilma posicionam o PT regional no centro do cenário político-eleitoral.
As negociações regionais colocam o PT diante do dilema de legitimar o passado ou projetar o futuro. Variáveis regionais e nacionais precisam ser balizadas para efeito de qualquer decisão. Para contribuir com a qualidade e a ampliação do debate, apresento três questões, uma imbricada na outra, sobre o cenário político-eleitoral.
1. Embora Roseana mantenha a liderança da corrida eleitoral e tenha crescido nas últimas pesquisas, existe um sentimento latente de mudança, que devidamente mobilizado será capaz de alterar a lógica eleitoral.
O perfil do eleitorado maranhense, segundo pesquisas qualitativas, pode ser caracterizado do seguinte modo: cerca de 30% do eleitorado a priori votam na oposição; cerca de 40% votam na candidatura sarneysista; e cerca de 30% são eleitores flutuantes, que serão disputados por Roseana Sarney e por candidatos da oposição.
Este perfil do eleitorado maranhense torna o resultado eleitoral incerto por duas razões, de acordo com a análise do especialista em pesquisa eleitoral Juliano Corbellini:
a) por trás da liderança de Roseana nas pesquisas, existe uma realidade “subterrânea” e uma configuração estrutural do tabuleiro maranhense que indica uma eleição em aberto, cujo destino pode ser mudado a depender dos atores e suas estratégias;
b) no bloco dos 30% de eleitores flutuantes, que não são nem pró e nem anti Sarney, predomina a simpatia pela idéia de mudança e de renovação da política maranhense. Pesquisa qualitativa indica também a existência de um espaço eleitoral generoso para um candidato que simbolize a renovação da política maranhense.
Perguntados sobre a principal característica de um candidato a governador, os entrevistados se referem ao quesito “honestidade” como o mais importante, chegando a 28%. Dos três possíveis candidatos ao governo (Roseana, Jackson e Flávio), é a imagem de Flávio Dino que mais se aproxima desse desejo do eleitor.
No quesito honestidade, Roseana apresenta 01,5% de menção como motivadoras de voto, e Jackson 04,9%. No quesito confiança, 01,5% e 04,9% respectivamente. A partir destes dados, Corbellini faz a seguinte análise:
a) Jackson e Roseana são candidatos que conjugam a movimentação de uma máquina populista e clientelista e uma imagem de “competência administrativa”, ou seja, uma motivação raciona;
b) Flávio Dino, por sua vez, é o candidato que se diferencia por ter consigo a bandeira da honestidade, e por poder mobilizar o sentimento de mudança e renovação que existe na opinião pública maranhense, ou seja, a motivação do seu voto está mais no terreno da emoção, que é mais poderoso do que a razão numa batalha eleitoral.
Estes mesmos dados, com alguma variação, também são base de análise do PMDB na montagem do cenário regional. A leitura desse cenário permite afirmar que a aliança PT-PMDB, no plano regional, possibilitaria ao grupo Sarney atingir simultaneamente três objetivos:
a) consolidar a vinculação da candidatura Roseana à imagem e às conquistas do governo Lula, que tem sido um dos motores do seu mais recente crescimento nas pesquisas;
b) impedir o surgimento de uma candidatura capaz de arregimentar os eleitores anti-sarneysistas e mobilizar o sentimento de mudança dos eleitores flutuantes;
c) implodir qualquer perspectiva de construção do campo democrático e popular no Maranhão e qualquer mudança na correlação de forças regional, um dos fatores de sustentabilidade do grupo Sarney no cenário nacional.
2. A decisão do PT do Estado do Maranhão em construir uma candidatura capaz de unir o campo democrático e popular e mobilizar o desejo de mudança da população maranhense não colocará em risco a aliança nacional e a base de sustentação da candidatura Dilma. Diferentes pesquisas acadêmicas confirmam que o grupo Sarney se sustenta em três pilares:
a) a mediação entre as esferas estadual e federal a partir do controle dos cargos federais no Estado e do controle de setores estratégicos no governo federal, a exemplo do setor elétrico;
b) a utilização da máquina pública a favor de interesses privados a partir do controle do governo estadual, através do qual é possível (i)mobilizar os eleitores em torno de uma candidatura;
c) a disputa das mentes e corações a partir do controle das agências midiáticas (rádio, jornal, televisão, portal de internet), que dão forma a espaços públicos na sociedade maranhense. Para a reprodução do grupo Sarney é vital tanto o controle do governo estadual, como o controle da mídia e de setores estratégicos do governo federal.
Embora Sarney e os seus aliados sejam chaves na montagem da aliança com o PMDB, a voracidade desse grupo tem reduzido a presença do PT no governo e a ampliação da base de sustentação do governo petista com outros atores sociais.
No segundo mandato de Lula, por exemplo, os petistas na região foram gradativamente excluídos de posições estratégicas no governo federal, como Eletronorte e INCRA, e substituídos por políticos e/ou profissionais vinculados ao grupo Sarney.
A mudança na correlação de forças política e eleitoral no Estado tende a contribuir para a alteração, a favor das demandas dos movimentos sociais, da base de governalibilidade do próximo governo e para a consolidação de novo bloco de poder no Maranhão.
O grupo Sarney não romperá com a candidatura Dilma caso o PT regional decida se manter no campo democrático e popular, já que isto implicaria em abrir mão de uma de suas bases de sustentação, às vésperas de uma eleição competitiva e incerta.
Do mesmo modo, a decisão do congresso nacional do PT em reconhecer a possibilidade de dois palanques nos estados em que não for possível reproduzir a aliança nacional, o desgaste da figura de Sarney no cenário nacional em razão de uma sequência de escândalos e a sua voracidade por cargos federais, o papel do PC do B na base de sustentação do governo Lula nos dois mandatos e a crescente liderança de Dilma entre o eleitorado maranhense retiram do cenário qualquer possibilidade de intervenção do diretório nacional no diretório regional.
A decisão de coligar com o PMDB ou com o PC do B e o PSB depende, neste momento, mais da vontade dos militantes e dirigentes locais do que de injunções nacionais. Ou, será que o PT não deve levar em conta os cenários regionais e suas imbricações nos cenários nacionais para tomar essa decisão?
Por exemplo, a aliança com o PMDB pode levar o partido a uma intensa disputa interna, com perca de significativas bases políticas e eleitorais. A aliança com o PC do B e o PSB cria condições para a unidade partidária e ampliação da base democrática e popular da candidatura Dilma, com profundos efeitos na base de apoio do próximo governo.
3. As últimas eleições já demonstraram que é possível e viável a constituição de um novo bloco de poder no Estado do Maranhão, comprometido com a mudança e a renovação e sensível às demandas dos movimentos sociais.
Não é novidade para ninguém, que nas últimas décadas cresceu o eleitorado de oposição no Estado e que o grupo hegemônico na política maranhense vem passando, nas últimas décadas, por uma série de cisões. A última crise no grupo Sarney levou ao rompimento com o grupo liderado pelo então governador Zé Reinaldo e de lideranças como Edson Vidigal.
Esta crise possibilitou a eleição de Jackson Lago (PDT) e a formação de um governo com forte e determinante influência de setores dissidentes do grupo Sarney. A composição e a concepção política do governo Jackson, no entanto, contribuíram para a aplicação de medidas antipopulares e o distanciamento do governo das demandas populares, com redução de popularidade.
É neste cenário que o PT e o PC do B, em um gesto de ousadia e generosidade política, reeditam a frente democrática e popular na disputa da prefeitura da capital, levando o seu candidato para o segundo turno contra candidatura de João Castelo (PSDB).
Naquela ocasião, o PT e o PC do B souberam interpretar e dar conseqüência ao desejo de mudança e renovação presente no eleitorado da capital. Hoje, os partidos do campo democrático e popular lideram cerca de 50% do eleitorado da capital nas pesquisas de opinião, com capacidade de ampliação.
Esta disputa eleitoral, classificada pelas lideranças do PT como estratégica na construção de um novo bloco de poder no Estado, demonstrou a viabilidade da frente democrática e popular e revelou os espaços abertos para projetos de renovação. Hoje, todas as pesquisas indicam que os eleitores anti-Sarney e os eleitores flutuantes simpáticos à mudança e a renovação formam a maioria dos eleitores.
O PT, junto com o PC do B e o PSB e com uma candidatura capaz de expressar e mobilizar esse sentimento, pode transformar esse desejo de mudança e renovação em maioria política e eleger o próximo governador do Estado do Maranhão, comprometido com as demandas populares e democráticas e com a governabilidade do futuro governo Dilma.
Caberia ao PT renunciar à possibilidade de construir uma nova maioria política no Maranhão para ser apenas coadjuvante de um jogo cujos jogadores o eleitorado deseja ver fora de campo? Durante três décadas o PT insistiu na tese da construção de uma frente de caráter democrático e popular.
No momento em que essa possibilidade ganha materialidade histórica e eleitoral, caberia ao PT renunciar a esse projeto para renovar o passado e comprometer o futuro da população maranhense?
Parece-me que este é o dilema ideológico, político e eleitoral do PT, parido e criado na tradição da esquerda, cuja característica é a defesa da igualdade na diversidade, a luta pela emancipação humana e a mobilização social como formação de novos sujeitos. Ou seja, a candidatura do campo democrático e popular, como apontam as pesquisas e as últimas eleições, é viável tanto do ponto de vista político como eleitoral.
O PT não está sem opção. O PT tem a opção de refundar o passado ou renovar o presente.
No mês de março, o encontro estadual do PT decidirá a tática eleitoral. Você e os seus companheiros de chapa participarão dessa decisão, que atinge os filiados e o povo do Maranhão.
Desejo a você e aos seus companheiros que não deixem de mirar a estrela mais alta, aquela que anima as nossas esperanças e impulsiona a defensa das idéias que dão sentido ao nosso partido, o Partido dos Trabalhadores. Nos próximos dias, as pressões serão intensas a favor de uma tese e outra.
Em momentos como esse, penso que o hino da nossa terra continua sendo uma boa referência para quem sonha que o mundo pode ser melhor, melhor para todos: “a liberdade é o sol que nos dá vida!”.
Abraços do amigo e companheiro,
* Francisco Gonçalves da Conceição é jornalista, professor da UFMA e militante histórico do PT.
Qualquer que seja a decisão do próximo encontro estadual, o PT tende a ocupar um lugar político, ideológico e eleitoralmente decisivo nas eleições de 2010. As negociações nacionais para a construção da aliança de sustentação da candidatura Dilma posicionam o PT regional no centro do cenário político-eleitoral.
As negociações regionais colocam o PT diante do dilema de legitimar o passado ou projetar o futuro. Variáveis regionais e nacionais precisam ser balizadas para efeito de qualquer decisão. Para contribuir com a qualidade e a ampliação do debate, apresento três questões, uma imbricada na outra, sobre o cenário político-eleitoral.
1. Embora Roseana mantenha a liderança da corrida eleitoral e tenha crescido nas últimas pesquisas, existe um sentimento latente de mudança, que devidamente mobilizado será capaz de alterar a lógica eleitoral.
O perfil do eleitorado maranhense, segundo pesquisas qualitativas, pode ser caracterizado do seguinte modo: cerca de 30% do eleitorado a priori votam na oposição; cerca de 40% votam na candidatura sarneysista; e cerca de 30% são eleitores flutuantes, que serão disputados por Roseana Sarney e por candidatos da oposição.
Este perfil do eleitorado maranhense torna o resultado eleitoral incerto por duas razões, de acordo com a análise do especialista em pesquisa eleitoral Juliano Corbellini:
a) por trás da liderança de Roseana nas pesquisas, existe uma realidade “subterrânea” e uma configuração estrutural do tabuleiro maranhense que indica uma eleição em aberto, cujo destino pode ser mudado a depender dos atores e suas estratégias;
b) no bloco dos 30% de eleitores flutuantes, que não são nem pró e nem anti Sarney, predomina a simpatia pela idéia de mudança e de renovação da política maranhense. Pesquisa qualitativa indica também a existência de um espaço eleitoral generoso para um candidato que simbolize a renovação da política maranhense.
Perguntados sobre a principal característica de um candidato a governador, os entrevistados se referem ao quesito “honestidade” como o mais importante, chegando a 28%. Dos três possíveis candidatos ao governo (Roseana, Jackson e Flávio), é a imagem de Flávio Dino que mais se aproxima desse desejo do eleitor.
No quesito honestidade, Roseana apresenta 01,5% de menção como motivadoras de voto, e Jackson 04,9%. No quesito confiança, 01,5% e 04,9% respectivamente. A partir destes dados, Corbellini faz a seguinte análise:
a) Jackson e Roseana são candidatos que conjugam a movimentação de uma máquina populista e clientelista e uma imagem de “competência administrativa”, ou seja, uma motivação raciona;
b) Flávio Dino, por sua vez, é o candidato que se diferencia por ter consigo a bandeira da honestidade, e por poder mobilizar o sentimento de mudança e renovação que existe na opinião pública maranhense, ou seja, a motivação do seu voto está mais no terreno da emoção, que é mais poderoso do que a razão numa batalha eleitoral.
Estes mesmos dados, com alguma variação, também são base de análise do PMDB na montagem do cenário regional. A leitura desse cenário permite afirmar que a aliança PT-PMDB, no plano regional, possibilitaria ao grupo Sarney atingir simultaneamente três objetivos:
a) consolidar a vinculação da candidatura Roseana à imagem e às conquistas do governo Lula, que tem sido um dos motores do seu mais recente crescimento nas pesquisas;
b) impedir o surgimento de uma candidatura capaz de arregimentar os eleitores anti-sarneysistas e mobilizar o sentimento de mudança dos eleitores flutuantes;
c) implodir qualquer perspectiva de construção do campo democrático e popular no Maranhão e qualquer mudança na correlação de forças regional, um dos fatores de sustentabilidade do grupo Sarney no cenário nacional.
2. A decisão do PT do Estado do Maranhão em construir uma candidatura capaz de unir o campo democrático e popular e mobilizar o desejo de mudança da população maranhense não colocará em risco a aliança nacional e a base de sustentação da candidatura Dilma. Diferentes pesquisas acadêmicas confirmam que o grupo Sarney se sustenta em três pilares:
a) a mediação entre as esferas estadual e federal a partir do controle dos cargos federais no Estado e do controle de setores estratégicos no governo federal, a exemplo do setor elétrico;
b) a utilização da máquina pública a favor de interesses privados a partir do controle do governo estadual, através do qual é possível (i)mobilizar os eleitores em torno de uma candidatura;
c) a disputa das mentes e corações a partir do controle das agências midiáticas (rádio, jornal, televisão, portal de internet), que dão forma a espaços públicos na sociedade maranhense. Para a reprodução do grupo Sarney é vital tanto o controle do governo estadual, como o controle da mídia e de setores estratégicos do governo federal.
Embora Sarney e os seus aliados sejam chaves na montagem da aliança com o PMDB, a voracidade desse grupo tem reduzido a presença do PT no governo e a ampliação da base de sustentação do governo petista com outros atores sociais.
No segundo mandato de Lula, por exemplo, os petistas na região foram gradativamente excluídos de posições estratégicas no governo federal, como Eletronorte e INCRA, e substituídos por políticos e/ou profissionais vinculados ao grupo Sarney.
A mudança na correlação de forças política e eleitoral no Estado tende a contribuir para a alteração, a favor das demandas dos movimentos sociais, da base de governalibilidade do próximo governo e para a consolidação de novo bloco de poder no Maranhão.
O grupo Sarney não romperá com a candidatura Dilma caso o PT regional decida se manter no campo democrático e popular, já que isto implicaria em abrir mão de uma de suas bases de sustentação, às vésperas de uma eleição competitiva e incerta.
Do mesmo modo, a decisão do congresso nacional do PT em reconhecer a possibilidade de dois palanques nos estados em que não for possível reproduzir a aliança nacional, o desgaste da figura de Sarney no cenário nacional em razão de uma sequência de escândalos e a sua voracidade por cargos federais, o papel do PC do B na base de sustentação do governo Lula nos dois mandatos e a crescente liderança de Dilma entre o eleitorado maranhense retiram do cenário qualquer possibilidade de intervenção do diretório nacional no diretório regional.
A decisão de coligar com o PMDB ou com o PC do B e o PSB depende, neste momento, mais da vontade dos militantes e dirigentes locais do que de injunções nacionais. Ou, será que o PT não deve levar em conta os cenários regionais e suas imbricações nos cenários nacionais para tomar essa decisão?
Por exemplo, a aliança com o PMDB pode levar o partido a uma intensa disputa interna, com perca de significativas bases políticas e eleitorais. A aliança com o PC do B e o PSB cria condições para a unidade partidária e ampliação da base democrática e popular da candidatura Dilma, com profundos efeitos na base de apoio do próximo governo.
3. As últimas eleições já demonstraram que é possível e viável a constituição de um novo bloco de poder no Estado do Maranhão, comprometido com a mudança e a renovação e sensível às demandas dos movimentos sociais.
Não é novidade para ninguém, que nas últimas décadas cresceu o eleitorado de oposição no Estado e que o grupo hegemônico na política maranhense vem passando, nas últimas décadas, por uma série de cisões. A última crise no grupo Sarney levou ao rompimento com o grupo liderado pelo então governador Zé Reinaldo e de lideranças como Edson Vidigal.
Esta crise possibilitou a eleição de Jackson Lago (PDT) e a formação de um governo com forte e determinante influência de setores dissidentes do grupo Sarney. A composição e a concepção política do governo Jackson, no entanto, contribuíram para a aplicação de medidas antipopulares e o distanciamento do governo das demandas populares, com redução de popularidade.
É neste cenário que o PT e o PC do B, em um gesto de ousadia e generosidade política, reeditam a frente democrática e popular na disputa da prefeitura da capital, levando o seu candidato para o segundo turno contra candidatura de João Castelo (PSDB).
Naquela ocasião, o PT e o PC do B souberam interpretar e dar conseqüência ao desejo de mudança e renovação presente no eleitorado da capital. Hoje, os partidos do campo democrático e popular lideram cerca de 50% do eleitorado da capital nas pesquisas de opinião, com capacidade de ampliação.
Esta disputa eleitoral, classificada pelas lideranças do PT como estratégica na construção de um novo bloco de poder no Estado, demonstrou a viabilidade da frente democrática e popular e revelou os espaços abertos para projetos de renovação. Hoje, todas as pesquisas indicam que os eleitores anti-Sarney e os eleitores flutuantes simpáticos à mudança e a renovação formam a maioria dos eleitores.
O PT, junto com o PC do B e o PSB e com uma candidatura capaz de expressar e mobilizar esse sentimento, pode transformar esse desejo de mudança e renovação em maioria política e eleger o próximo governador do Estado do Maranhão, comprometido com as demandas populares e democráticas e com a governabilidade do futuro governo Dilma.
Caberia ao PT renunciar à possibilidade de construir uma nova maioria política no Maranhão para ser apenas coadjuvante de um jogo cujos jogadores o eleitorado deseja ver fora de campo? Durante três décadas o PT insistiu na tese da construção de uma frente de caráter democrático e popular.
No momento em que essa possibilidade ganha materialidade histórica e eleitoral, caberia ao PT renunciar a esse projeto para renovar o passado e comprometer o futuro da população maranhense?
Parece-me que este é o dilema ideológico, político e eleitoral do PT, parido e criado na tradição da esquerda, cuja característica é a defesa da igualdade na diversidade, a luta pela emancipação humana e a mobilização social como formação de novos sujeitos. Ou seja, a candidatura do campo democrático e popular, como apontam as pesquisas e as últimas eleições, é viável tanto do ponto de vista político como eleitoral.
O PT não está sem opção. O PT tem a opção de refundar o passado ou renovar o presente.
No mês de março, o encontro estadual do PT decidirá a tática eleitoral. Você e os seus companheiros de chapa participarão dessa decisão, que atinge os filiados e o povo do Maranhão.
Desejo a você e aos seus companheiros que não deixem de mirar a estrela mais alta, aquela que anima as nossas esperanças e impulsiona a defensa das idéias que dão sentido ao nosso partido, o Partido dos Trabalhadores. Nos próximos dias, as pressões serão intensas a favor de uma tese e outra.
Em momentos como esse, penso que o hino da nossa terra continua sendo uma boa referência para quem sonha que o mundo pode ser melhor, melhor para todos: “a liberdade é o sol que nos dá vida!”.
Abraços do amigo e companheiro,
* Francisco Gonçalves da Conceição é jornalista, professor da UFMA e militante histórico do PT.
5 comentários:
O Profº Francisco Gonçalves Consegue mais uma vez expressar de forma coerente as expectativas dos setores democráticos, dos movimentos sociais e da esquerda no que diz respeito ao encontro petista.
Belo texto.
Parabéns.
Brilhante análise. Amplitude de pensamento rara no partido. O tempo todo em que eu lia, eu pensava nos projetos pessoais de alguns influentes e poderosos membros do partido, cujo espírito socialista está bem desgastado. Espero que os delegados e delegadas leiam e compreendam a profunda responsabilidade que carregam consigo.
Gerald Iensen
A análise é de suma importância para observações sobre o momento, que se configura como verdadeiro ápice no processo da transição do quadro político que se passa no Maranhão.
A transfiguração do político, que se assiste com a aproximação dos líderes conservadores do Maranhão e outras localidades do país, das mudanças na condução das políticas públicas não pode passar despercebida.
A crise do ofício do político, manifestada e examinada por autores como Inerarity, Sennet, Mafesolli, apontam e esclarecem como figuras históricas tombaram, caíram no descrédito em prol de tribalização de seus grupos para usufruir de benesses desligando-se da história e da ética da agremiação partidária. Esquecem os mesmos, que o momento é de transição, suas índoles estão sob observação e exame.
Portanto, o que se vislumbra é a materialização de uma transição, que a direita ou esquerda tradicional representada por membros históricos em mutação, transfiguração, declínio, como abordam especialistas, estão em verdadeira retirada, dias contados.
Espero, tal como o colega que os delegados possam enxergar o ápice da transição externa e interna do quadro político e defendam as idéias que dão sentido à existência do sentido da frente popular e de esquerda, mais que isso, abram caminho para alternância de poder, para uma necessária nova cultura política condizente com o nosso tempo.
Ricardo André
Mestre em Gestão Desportiva pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto-Portugal.
Membro do PCdoB-Ma.
É impossível não questionar esse "desejo" de mudança. Dia 27 está próximo, embora já estejamos ouvindo burburinhos sobre uma suposta adesão do Dino. Será verdade?! Aposto que sim!
Vejamos a mudança que o Flávio irá apresentar ao nosso estado. Pra mim as coisas já estão bem, obrigado. Muito melhor do que com o cassado Jackson.
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