Ai, palavras, ai, palavras,
Que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
Sois de vento, ides no vento.
No vento que não retorna.
E, em tão rápida existência,
Tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
E quedais, com sorte nova!
Ai, palavras, ai, palavras,
Que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
Principia à vossa porta;
O mel do amor cristaliza
Seu perfume em vossa rosa;
Sois o sonho e sois a audácia,
Calúnia, fúria e derrota...
A liberdade das almas.
Ai! Com letras se elabora...
E dos venenos humanos
Sois a mais fina retorta:
Frágil, frágil como o vidro
E mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
Pelo vosso pulso rodam....
(Cecília Meireles)
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