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quarta-feira, 28 de março de 2012

DEODORO: PRAÇA DAS NECESSIDADES

A imagem marcante do dia é do repórter fotográfico Biaman Prado. Na praça Deodoro, bem no centro de São Luís, uma pessoa faz necessidades fisiológicas ao lado do caixa eletrônico, na porta do Banco do Brasil.

A praça Deodoro é uma grande feira ao ar livre, onde se vende comida de todos os tipos. Tomada pelos camelôs, o logradouro é a imagem perfeita do abandono do Maranhão.

A sujeira, o odor de urina, as lonas de plástico, as fezes... tudo se mistura em cenas grotescas que lembram cidades improvisadas do início do capitalismo.

A praça Deodoro é a cara do prefeito João Castelo (PSDB) e da governadora Roseana Sarney (PSDB). O logradouro sintetiza um misto de incompetência administrativa e desleixo pela coisa pública.

A aristocracia parasitária que toma conta do Maranhão há 400 anos diverte-se em Miami, passeia em Paris e gasta em Las Vegas.

O Maranhão é apenas uma grande praça Deodoro, como a rodoviária de Peritoró ou o entroncamento de Itapecuru.

Tudo lembra o atraso, o passado, a sujeira, a lama, o abandono, as estradas ladeadas de miséria, o latifúndio improdutivo, a fome...

Os bustos do Panteon maranhense foram arrancados da praça Deodoro. No lugar das estátuas dos escritores os ambulantes armaram tendas de comida.

A biblioteca pública Benedito Leite passa por uma reforma interminável, a mesma reforma que é feita todas as vezes que Roseana Sarney assume o governo. Ao lado da biblioteca também funcionam banheiros improvisados, onde qualquer pessoa urina ou defeca.

Não se trata apenas de falta de educação dos moradores da capital. Aqui há muita gente de bem, honesta, trabalhadora.

Ocorre que as cidades do Maranhão no geral foram possuídas pelos demônios políticos da corrupção e da pilhagem, inspirados na mais sórdida miséria humana.

Na ausência da política, da administração pública, o povo joga na rua as suas necessidades.

3 comentários:

Herick Murad disse...

Caro colega Prof. Ed Wilson. Li o seu artigo com profunda comoção, pois praticamente nasci e fui criado no Centro de São Luis, exatamente nos arredores e na Praça Marechal Deodoro da Fonseca, vulgo Deodoro. Muitas histórias importantes, não só politicamente e socialmente tive o prazer de observar na vivência deste espaço. Vi muitos estudantes alcançarem seus objetivos indo estudar todos os dias na Biblioteca Benedito Leite e que hoje são Doutores. A Biblioteca, com sua arquitetura de uma rara beleza nos remota com seus pilares, para um palácio Atheniense. Quantos casamentos e famílias surgiram dos encontros de jovens e adultos na Praça? Quantos saraus de música e poesia surgiram na Deodoro que inspiraram vários artistas da ilha? É triste saber que os nossos líderes não dão à mínima para à nossa história. Fico mais triste em saber, que nós "povo" ficamos de braços cruzados e apáticos com a situação. Querendo achar culpados que na verdade somos nós. Por fim parabenizo-o pelo arti

João Actale disse...

Que outra coisa esperar numa terra cujo nome começa com M....

"M" de mentira, dizia, o padre António Vieira, profetizando.

Desde então apenas acrescentaram outros usos à palavra M. numa terra onde as moscas não mudam e a M.... é cada vez maior.

Será que isso perdura porque os narizes habituaram-se ao cheiro tal qual as mentes à mentira?

Parabéns Ed Wilson por ser mais uma voz que clama por mudanças nesse deserto.

Anônimo disse...

Agora a prefeitura e seus pares ficam numa faca de dois gumes. Lembra que a prefeitura fez há pouco uma ação de retirada dos veículos que prestavam um serviço ilegal de transporte no anel viário? Agora todo mundo reclama disso, falando que o prefeito está massacrando os mais humildes e tirando o pão de cada um. Se tirar os camelôs de lá também vai ser a mesma coisa. Nunca o poder público vai agradar a todos. Tenho amigos que vivem do comércio lícito e que é prejudicado pelos aunônomos da praça Deodoro, como tb tenho amigos camelôs que levam todos os dias o paozinho e a farinha pra casa através do trabalho. Essa não é a cara de Castelo e sim de todos os prefeitos e governadores que já passaram no Maranhão. Tu achas mesmo que o seu correligionário Washigton Oliveira ou o Flávio Dino ou o Juninho vão resolver o problema.