Maranhão, Roseana e Lobão: o trio maranhense investigado no STF |
Reportagem do jornalista Wilson Lima, do site Congresso em Foco, revela que o deputado federal Waldir Maranhão (PP) declarou R$ 16 mil no registro de candidatura, mas doou R$ 557 mil para a sua própria campanha, nas eleições de 2010.
O homem de mais de meio milhão em doações a si mesmo é o vice-presidente da Câmara dos Deputados e político de referência no PP (Partido Progressista).
Na lista de investigados do Supremo Tribunal Federal (STF), no decurso da operação Lava Jato, o PP tem o maior número de políticos (32 dos 47) e já foi rebatizado de Partido da Propina.
Sarneísta na teoria e na prática, Waldir Maranhão aderiu à campanha do governador Flávio Dino (PCdoB), mas não obteve espaços no governo comunista.
O parlamentar envergonha o Maranhão duas vezes: no sobrenome e nas ações. O STF vai investigá-lo. A conferir.
Veja a reportagem:
POR WILSON LIMA | 18/03/2015 08:30
Mesmo tendo declarado apenas R$ 16 mil em espécie e nenhum
centavo em conta bancária durante as eleições de 2010, o vice-presidente da
Câmara, deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA), doou R$ 557 mil para sua
própria campanha eleitoral de 2010. O parlamentar está sob investigação no
Supremo Tribunal Federal (STF), apontado como um dos beneficiários do pagamento
mensal de propina fruto do esquema de corrupção da Petrobras descoberto na
Operação Lava Jato.
Conforme as delações premiadas do doleiro Alberto Youssef,
operador financeiro do esquema, Maranhão fazia parte da ala de “menor
expressão” do PP em 2010 e recebeu repasses mensais que variavam de R$ 30 mil a
R$ 50 mil. O parlamentar sempre negou relações com o doleiro.
Segundo as prestações de contas do candidato referentes ao
pleito de 2010, ele efetuou dez transferências bancárias para sua própria campanha:
quatro em setembro e seis em outubro. As transferências realizadas em setembro
ocorreram no mesmo dia. Houve, no dia 20 de setembro, um repasse de R$ 10,3
mil, outro de R$ 60 mil e mais dois de R$ 86 mil cada.
Em outubro, mais seis transferências. No dia 15, houve dois
repasses no valor de R$ 86 mil cada. No dia 21, Maranhão contabilizou R$ 33,2
mil para a campanha. Já no dia 29, o parlamentar fez mais três transferências:
uma de R$ 10 mil, outra de R$ 46,5 mil e a última de R$ 53,4 mil.
O volume de recursos que Maranhão desembolsou para sua
campanha eleitoral foi superior até mesmo que as doações oficiais do diretório
nacional do PP. Na época, a legenda transferiu R$ 90 mil para as contas do
então candidato. Na prática, 67% daquilo que ele gastou na campanha eleitoral
saiu do próprio bolso, segundo sua prestação de contas.
Atualmente, de acordo com sua declaração de patrimônio, o
atual vice-presidente da Câmara disse possuir R$ 776,5 mil em bens. Esse valor
é correspondente a uma casa avaliada em R$ 300 mil, um automóvel de R$ 160 mil
e dois consórcios, um de R$ 120 mil e outro de R$ 180 mil. Além destes bens,
Maranhão afirmou que tinha R$ 16 mil em espécie. O Congresso em Foco tentou
contato com o parlamentar, mas não obteve resposta.
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