Marcos Fábio Belo Matos *
Sempre que leio matérias acerca das novas oportunidades de trabalho, de fixação de pessoas nas cidades do interior do Brasil faço, imediatamente, a conexão com as diásporas.
Acabei de ler uma, no site do Yahoo!, sobre uma nova pesquisa encomendada pela revista Você para a FGV, que apontou as “100 melhores cidades para se fazer carreira” e, óbvio e ululante, como diria Nelson Rodrigues, que as cidades ditas médias estão entre elas.
A matéria elenca uma série de razões para as pessoas fazerem a escolha de deixar uma vida em grandes centros, como São Paulo e as demais capitais urbanamente urbanas, e rumar para cidades de 500 mil habitantes para baixo: busca por uma melhor qualidade de vida; tentativa de se livrar da tirania do relógio; possibilidade de viver mais tranquilamente, tendo tempo para fazer aquilo de que se gosta e/ou necessita; condição efetiva de fazer o salário render mais, por conta do custo de vida, que é menor; necessidade de criar os filhos longe dos problemas comuns das megalópoles, que não valem a pena aqui enumerar; etc.
Mas este tema da diáspora (porque, sim, são muitas pessoas hoje fazendo isso, o que nos permite aplicar a metáfora da diáspora) me traz à nossa realidade imperatrizense: nem é preciso ter muita perspicácia para perceber a quantidade de gente que chegou a Imperatriz, para ‘fazer a vida’, nos últimos tempos – e nem estou chamando assim a época da abertura da Belém-Brasília, não, este é um primeiro ciclo migratório; estou falando é dos últimos dez anos. É muita gente, de todos os cantos do país. Isso se reflete nos sotaques, no tipo físico, na indumentária, nas placas dos carros, no estilo de música que sai deles, na comida, no nome dos estabelecimentos comerciais etc. Nesse sentido, Imperatriz é uma babel...
E existe ainda uma subespécie de diáspora: são aquelas muitas e muitas pessoas que, não tendo condições de fixar residência por aqui, ficam ‘indo e vindo’ sistematicamente (por semana, por quinzena, por mês), e acabam dividindo a vida: parte por aqui e parte onde moram, de fato. Um exemplo cabal são os três ônibus que saem, diariamente, para São Luís à noite, fora os que saem de dia, as rotas de avião e a do trem.
Claro que morar aqui vale muito mais a pena que morar em um centro maior, se você tem um bom emprego, uma estimativa de durabilidade e ascensão na carreira profissional: aqui tudo é mais perto, a vida é um pouco mais sossegada, essas coisas. Porém, ao contrário das matérias que leio sobre esse êxodo para as minicidades, nós ainda sofremos com a falta de serviços de melhor qualidade, com a escassez de oportunidades de lazer e entretenimento, com a parca infraestrutura de serviços públicos, com o caos no trânsito e a falta de segurança, só para citar os mais ostensivos. Tudo isso precisa melhorar – em alguns aspectos, muito! – para que tenhamos em Imperatriz o mesmo cenário dos depoimentos felizes dos personagens das matérias, que dizem estar plenamente satisfeitos com as escolhas e as trocas de urbes que fizeram, porque, na nova vida, quase nada lhes falta.
Aqui ainda falta muita coisa. Talvez sobre esperança de que tudo melhore a olhos vistos.
2 comentários:
Caro Edwilson,
Concordo em genero, numero e grau com que o colega falou, faltando incluir ainda a instalacao de um curso de medicina e de engenharia eletrica e civil para atender a demanda de grandes instalacoes industriais, tipo UHE Estreito, Susano Celulose e Aciarias, so para citar alguns empreendimentos.
É se fosse só Imperatriz que tivesse essas carências.... O nosso caso..é mais drástico...Todo o estado do Maranhão...
Falando em diáspora...lembrei que o sebastianismo é forte entre nós... essa coisa de um messias etc. O povo pendeluar... ainda pode aparecer um mestre que os guie para ilha prometida....
O buraco bem maior... esse melhor governo da vida dela vai tornar o Maranhão em um purgatório geral...
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