Maranhão 2016: Sarney saiu. Dino entrou.
Em outubro de 2014 milhões de maranhenses impuseram uma
incontestável derrota eleitoral à Oligarquia Sarney elegendo Flávio Dino (PC do
B) para Governador.
O povo permanece com expectativas de concurso público,
salários dignos e serviços públicos de qualidade e um Maranhão menos corrupto e
fora das últimas posições nos rankings dos desenvolvimentos humano e econômico.
Ainda existem ilusões de que basta colocar um outro governante e será possível
ter todas estas reivindicações atendidas e um “Novo Maranhão”.
Porém, apesar da roupagem nova, o Governo Flávio Dino, com
um pouco mais de um ano de mandato, já deu demonstrações claras de que as
mudanças tão radicais propostas não sairão do papel. Até porque seu programa e
suas alianças eleitorais e pós-eleitorais já prenunciavam que não seria capaz
de garantir um Maranhão de todos.
Basta lembrar que o vice-governador é do PSDB, partido da
direita tradicional, do ex-presidente FHC e de Aécio, Serra e Alckmin e que se
notabilizaram pelas privatizações, repressão policial e o desemprego. Mais
ainda, compõem a base do governo Dino políticos oligarcas tradicionais como
Humberto Coutinho, Sebastião Madeira, Roberto Rocha, Edivaldo Holanda, Waldir
Maranhão (aliado de Eduardo Cunha), o ex-candidato sarneysta Luís Fernando,
entre outros.
Um programa que defenda crescimento econômico com justiça
social exige mudanças profundas na sociedade ou então continuará se submetendo
aos interesses dos poderosos. Desse modo, os flagrantes de desrespeito por
parte do governo do Estado para facilitar a construção de um grande porto na
região da comunidade do Cajueiro, em São Luís, é uma prova de que são os
interesses de grandes empresas e do agronegócio que são a prioridade do governo
Dino. Além de esse empreendimento vir a causar profundos impactos ambientais, é
um duro ataque às populações tradicionais centenárias dessa região, que vivem
hoje uma rotina de ameaças de jagunços da WPR/WTorre e o medo do despejo
forçado.
Aliás, esse porto é também uma contrapartida do governo no
âmbito do Matopiba, nova fronteira agrícola instituída pelo governo Dilma para
promover o desenvolvimento do agronegócio no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia,
a partir de ações integradas entre esses estados. Isto é, se hoje o agronegócio
e as madeireiras expulsam milhares de camponeses, quilombolas e indígenas de
suas terras, com o Matopiba, que prevê que mais de 72% do território maranhense
seja ocupado pela soja e grãos, a falta de produção de alimentos para segurança
alimentar da população e a situação de conflito no campo maranhense, que já
atinge mais de 15 mil famílias, com muitas ameaças e assassinatos, se agravarão
ainda mais.
Outro exemplo: um programa que verdadeiramente priorize os
trabalhadores da educação e os servidores estaduais tem que garantir aumento
salarial, progressão funcional e ambiente de trabalho de qualidade para
atendimento à população. Não é possível se utilizar do argumento da Lei de
Responsabilidade Fiscal e crise econômica para praticar arrocho contra os
trabalhadores, cortando a correção salarial de 21,7% dos servidores do
Judiciário e não pagando o piso aos professores, enquanto se terceiriza
serviços para enriquecer empresas e paga sem nenhum questionamento às dívidas
feitas pelo governo anterior.
Outra semelhança com o grupo Sarney é a utilização da
polícia para reprimir manifestações populares, como aconteceu recentemente em
uma manifestação por melhorias na estrada de acesso à comunidade Porto Grande
com prisões e feridos por balas de borracha da PM, e desenvolver uma política
de extermínio da juventude negra nas periferias maranhenses. Só em 2015, o
índice de homicídios decorrentes de intervenção policial subiu 90,9%, corroborando
com as denúncias feitas sobre o aumento da violência policial. Casos como do
jovem negro Fagner de 19 anos que foi morto a tiros por um policial em uma
reintegração de posse na região do Turu.
Na Saúde, mantêm-se a terceirização e privatização de
hospitais e unidades de saúde através da gestão de várias Organizações
Sociais(OS´s), inclusive remanescentes do governo Roseana Sarney. Foram mais de
700 milhões no último ano para estas empresas, a partir de uma licitação
realizada em abril do ano passado. E quando se esperava o tão prometido
concurso público para profissionais efetivos da Saúde (há mais de 20 anos que
não ocorre no Estado), o governador Flávio Dino lança um edital para
contratação temporária por um prazo inicial de 24 meses, pelo regime da CLT,
através da EMSERH (Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares), empresa de
direito privado e criada em 2012 no governo Roseana Sarney, cuja lei foi
alterada pelo atual governador para prever esta contratação temporária.
Nós do PSTU, combatemos nas lutas e nas eleições a
Oligarquia Sarney e somos oposição de esquerda ao governo Flávio Dino.
Defendemos outro projeto de governo, baseado na democracia direta e na
superação do capitalismo. Por isso nos apoiamos nas reivindicações da população
para combater as ilusões nos governos e desenvolver suas lutas.
Conclamamos a unidade dos trabalhadores e movimentos
sociais, indígenas, quilombolas, professores, funcionários públicos e
trabalhadores em geral para construir a luta por nossas reivindicações. É
preciso lutar pelas mudanças que queremos e necessitamos. Os leões estão bem
vindos à democracia, mas sabem que só a luta muda a vida!
Um comentário:
Complementando... Se o Maranhão já tem um super, mega, extraordinário porto que é o Itaqui, porque precisamos de um outro porto (e privado) bem ao seu lado? não seria mais coerente modernizar e fazer o Itaqui um porto de verdade? o que se fala do Itaqui, não se escreve...essa é a grande verdade. Um porto que mingua a cada dia com um Ted que fica laranja cada vez que lança noticias do porto. Pobre do Maranhão, pobre do Cajueiro, que infelizmente vai se acabar.
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