Prédio em homenagem ao poeta Bandeira Tribuzzi, onde nunca funcionou o memorial |
O interesse particular de José Sarney
em preservar a Fundação da Memória Republicana Brasileira, instalada no
Convento das Mercês, onde ele mandou construir o seu próprio mausoléu, é uma overdose
de narcisismo.
Além das suas obsessões pessoais, José
Sarney não tem qualquer interesse em preservar a memória de ninguém.
Se
tivesse, não teria abandonado o Memorial Bandeira Tribuzzi, um belo monumento
construído na Ponta d’Areia, transformado no maior símbolo do desprezo da
oligarquia por um dos maiores jornalistas, poetas e escritores do Maranhão.
Construído pelo então governador Luiz
Rocha, em 1986, o Memorial Bandeira Tribuzzi foi sucessivamente abandonado por
todos os governadores, inclusive pelos quatro mandatos de Roseana Sarney.
Autor do poema-hino “Louvação a São
Luís”, um dos fundadores do jornal O Estado do Maranhão, que deu origem ao
império midiático da oligarquia, Bandeira Tribuzzi tem uma vasta produção
literária e reconhecimento pelo conjunto da obra.
O memorial em homenagem ao poeta
serviria para acolher e conservar todo o acervo de escritos originais de
poemas, livros, desenhos, objetos afetivos, charges, artigos inéditos e até
partituras, cedidos pela família do poeta e amigos.
Mal foi inaugurado, em 1986, o memorial
entrou em abandono. Recuperado e reaberto em 1988, teve o mesmo destino – o
desprezo.
Não fosse pelo empenho da família do
poeta, que conservou todo o acervo, a memória de Tribuzzi estaria perdida.
Nunca se viu qualquer esforço de José
Sarney para assegurar o funcionamento do memorial que homenageia um dos seus
amigos e colaboradores, fundador do jornal que lhe rendeu o título de coronel
da mídia no Maranhão.
São demagógicos, portanto, os
argumentos do ex-presidente sobre o valor histórico do acervo da Fundação da
Memória Republicana.
Os argumentos de José Sarney para a
preservação da memória republicana representam única e exclusivamente o culto à
personalidade do ex-presidente.
Se quisesse realmente preservar a
memória do Brasil ou do Maranhão, deveria começar pela manutenção do
equipamento erguido para homenagear seu amigo Bandeira Tribuzzi.
Nem aqueles que mais o ajudaram, como Bandeira Tribuzzi.
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