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sexta-feira, 25 de abril de 2008

O PT não está à venda

Poucos partidos no mundo adotam o método da democracia participativa para arregimentar seus candidatos nas eleições. O PT é um deles.

Em congressos, plenárias, prévias e encontros decide quais nomes serão apresentados ao eleitorado. O voto de cada filiado, seja dirigente ou militante de base, tem o mesmo valor nos fóruns petistas.

Maio é o desaguadouro de dezenas de debates internos sobre tática eleitoral. Em São Luís, as diversas tendências têm suas posições sobre o caminho a ser seguido pelo partido para a sucessão municipal.

Umas defendem candidatura própria; outras, aliança. São posições divergentes de tática, interpretadas e debatidas democraticamente dentro do PT.

Nesse período de debate tático, muitas especulações infundadas sobre o partido começaram a percorrer a teia informativa da sucessão municipal, expondo a legenda como uma mercadoria qualquer a ser negociada nos balcões da política.

O PT também é responsável por essas interpretações equivocadas, porque trocou a formação política pelo personalismo, as eleições passaram a ser um objetivo imediato, o marketing virou mágica, o pragmatismo substituiu o horizonte da utopia e o trabalho de base foi invadido pela militância profissionalizada.

E aí, em vez de debater tática e estratégia, seria melhor matricular os petistas em cursos de técnicas de vendas.

Para reverter esse rumo, precisamos voltar ao Sítio Pirapora e ao Instituto Cajamar, recuperar os programas de formação de quadros, preparar os intelectuais para as grandes batalhas e retomar o trabalho de base.

É esse o vento que sopra e leva o mundo à esquerda. Michele Bachelet no Chile, Tabaré Vázquez no Uruguai, Fernando Lugo no Paraguai, Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Daniel Ortega na Nicarágua e Lula no Brasil são projetos de poder capazes de dar uma nova configuração no cenário internacional.

Quase todos chegaram ao poder por múltiplos fatores, entre os quais a capacidade de fazer alianças. Bachetet até radicalizou as alianças na concertação chilena. O próprio Lula coligou-se até com os extremos.

O PT precisa ousar na tática. Ao abdicar da candidatura própria, haverá perdas e ganhos. Quebra-se a tradição de ter um nome genuíno na disputa, mas ganha o campo democrático-popular com um projeto para São Luís.

Como diriam os velhos comunistas, é preciso dar um passo atrás para avançar depois. E cabe ainda um velho chavão, mas ainda atual: temos de acumular forças para dar o salto qualitativo e chegar à vitória.

É esse o sentido da aliança. Em que pese os méritos dos defensores da candidatura própria, o PT não terá o desempenho suficiente para sair vitorioso nesse momento decisivo da disputa em São Luís.

Na ilha, ergueremos o farol que vai iluminar o continente em 2010 e adiante. Temos de elaborar a tática pensando na estratégia, no objetivo final.

O PT tem uma missão relevante nesse contexto: aglutinar forças em um novo espectro partidário capaz de distinguir-se do sarneísmo e do jackismo.

Portanto, a tática de 2008 é essencial para a concretização de uma estratégia de tomada do poder em 2010 ou 2014, quando teremos, a partir da ilha de São Luís, um núcleo à esquerda para vencer as eleições ao Governo do Estado.

Precisamos ir além do maniqueísmo retórico e colocar o PT na posição de protagonista de uma aliança de esquerda no Maranhão para alcançar o nosso objetivo maior.

As condições objetivas para materializar a tática estão dadas. A aliança com o PC do B é o melhor caminho em 2008, a que mais aproxima-se do governo Lula, cujos investimentos no Maranhão constituem a maior força transformadora dos nossos indicadores sociais.

A tática é um momento da estratégia. Precisamos ter clareza dessa unidade dialética e dar o passo certo em São Luís. O caminho é pela esquerda, com o PC do B.

Portanto, é preciso olhar a ilha de São Luís pensando não só no Maranhão, mas na América e no mundo. O protagonista da maior vitória eleitoral na América Latina, com a re(eleição) de Lula, não pode retroceder na ilha de São Luís.

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