A CARTA DO EX-GUERRILHEIRO ANTONIO ESPINOSA, PUBLICADA HOJE 8, NO PAINEL DO LEITOR, DA FOLHA DE SÃO PAULO.
NA SEQUÊNCIA, A TRÉPLICA DA JORNALISTA FERNANDA ODILLA.
Dilma
"Em respeito à inteligência dos leitores, e para amenizar os danos à imagem e à honra da ministra Dilma Rousseff, aceitei a proposta do editor deste "Painel do Leitor" para escrever uma nova carta, num espaço exíguo, mas sob o compromisso de publicação na íntegra.
Segundo seu editor, o "Painel do Leitor" só publica cartas inéditas, e a que enviei, ainda no domingo, mas não publicada na edição de segunda-feira, como seria de esperar de um jornal sério, já repercutiu reproduzida em outros veículos de imprensa, cuja leitura recomendo.
Para os leitores que tiverem interesse, dou três endereços: www.paulohenriqueamorim.com.br, http://colunistas.ig.com.br/luisnassif e www.zedirceu.com.br.
Sob o título geral "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto" (Brasil, 5/4), a Folha utilizou-se de uma entrevista por telefone a uma jovem repórter. Lamento que o maior jornal brasileiro use a fonoportagem, o lamentável e preguiçoso vício da "investigação" por telefone.
Segundo os editores, o sequestro de Delfim Netto em 1969 "chegou a ter data e local definidos". A que hora e em que local, então, ocorreria? A Folha não informa. O mais grave: acusa a ministra pela ação, lançando uma sórdida anticampanha contra a sua virtual candidatura a presidente.
É possível que Dilma, pelas suas tarefas na organização, sequer tenha sido informada sobre o levantamento realizado.
Entretanto, a edição oportunista transformou um não fato do passado (o sequestro que não houve) num factoide do presente (o início de uma sórdida campanha), que vai desacreditar ainda mais o jornal da "ditabranda".
Esclareço que Dilma pertencia, sim, à VAR-Palmares, e era uma militante séria, corajosa e humana, mas que era uma militante somente com ação política, ou seja, sem envolvimento em empreendimentos armados.
E digo isso com a autoridade de quem era o responsável pelo setor militar da organização, assumindo a responsabilidade política e moral pelas iniciativas da VAR-Palmares.
Por isso, desafio a Folha a esclarecer todos os pontos nebulosos da reportagem de domingo e a publicar a íntegra da entrevista, de mais de três horas, para que os leitores a comparem com a imundície publicada, que constitui um dos momentos mais tristes da liberdade de imprensa e uma vergonha para a imprensa brasileira."
ANTONIO ROBERTO ESPINOSA, jornalista, doutorando em ciência política pela USP (São Paulo, SP)
RESPOSTA DA JORNALISTA FERNANDA ODILLA
A reportagem não afirmou que Dilma Rousseff planejou o sequestro de Delfim Netto.
Trouxe, sim, declarações do ex-dirigente da VAR-Palmares, que, pela primeira vez, assumiu que o plano existia e que ele foi seu coordenador.
À Folha, Espinosa disse que, no final de 1969, todas as tarefas (as "políticas" e o "foco guerrilheiro") da VAR "eram do comando nacional", citou três vezes Dilma Rousseff como um dos cinco integrantes desse colegiado e, indagado pela Folha em diferentes momentos, afirmou que "os cinco sabiam" do plano de sequestro e que "não houve nenhum veto" deles à ideia.
Todas as suas declarações estão gravadas. Na entrevista, Espinosa informou que o sequestro ocorreria num sítio no interior de São Paulo em dezembro de 1969 -informação que reiterou, com mais detalhes, em posterior troca de e-mails com esta repórter.
Jornalista Fernanda Odilla
Folha de São Paulo
Nota da Redação - A primeira carta do missivista chegou à Redação às 21h58 do domingo; o "Painel do Leitor" fecha às 20h.
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