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sábado, 4 de setembro de 2010

AS SOMBRAS DO PSOL

As palavras “Socialismo e Liberdade”, ao formarem a sigla PSOL, buscam construir uma nova e radical plataforma partidária de esquerda. Com um discurso aguerrido da transformação estrutural no capitalismo, os militantes e dirigentes do partido são em parte originários do PT, após o racha liderado pela senadora Heloísa Helena em 2003.

No plano das idéias a pregação é perfeita, mas no cotidiano da labuta partidária alguns vícios do PT ainda persistem no PSOL. Nas eleições de 2010 no Maranhão vieram à tona denúncias sobre veto a programas eleitorais, autoritarismo nas entranhas partidárias e até mesmo uma nota da senadora Heloísa Helena desautorizando o candidato a senador Paulo Rios.

Com média de 600 filiados, presente em apenas 24 dos 217 municípios maranhenses, os novos radicais do Maranhão ainda têm uma longa tarefa a cumprir. A começar do dever de casa: a propalada democracia interna.

De Imperatriz, o historiador e ambientalista Carlos Leen Santiago apresenta um relato crítico sobre os avanços e as contradições da sigla. Ele integra a Executiva Estadual do PSOL, foi militante do movimento estudantil na UEMA e faz parte do Fórum de Cultura de Imperatriz, vinculado no site: www.pracadacultura.com.

A seguir, a entrevista:

Como está organizado o PSOL no Maranhão?

Carlos Leen - O PSOL está em 24 municípios e possui cerca de 600 filiados. Eu particularmente acho pouco pela dimensão que o partido é nacionalmente. Nosso nível de organização no Maranhão pode melhorar bastante.

Existem tendências no PSOL ou há comando único?

Carlos Leen - Nacionalmente o partido possui as correntes, diferentemente do PCB, por exemplo, ou do PSTU. No Maranhão possuímos basicamente dois grupos internos que infelizmente até agora não tem logrado êxito em sentar e discutir o partido, coligações e dinâmicas partidárias como um todo. De minha parte sempre busquei o diálogo e o acordo.

Como é o processo de definição das candidaturas do PSOL? Tem alguma conferência ou encontro?

Carlos Leen - Sim. Temos as plenárias municipais que proporcionalmente tiram os delegados para a convenção estadual e nacional. O grande problema nosso começou quando grupo “anti-Socorro” achou por bem “cancelar” os nossos delegados, invalidando nossa participação desde o início da conferência eleitoral. Tivemos que recorrer ao Diretório Nacional, que bateu o martelo e achou absurda esta atitude de veto. Infelizmente não foi feita uma nova conferência, como deveria ser feita, mas legitimamos a participação de Socorro no processo eleitoral.

O que está ocorrendo no partido em relação a vetos e restrições no horário eleitoral?

Carlos Leen - A candidatura da professora Socorro ao Senado sofreu veto no horário eleitoral por parte de um grupo da executiva. Este grupo por hora possui uma maioria muito pequena, o que não justifica o veto, já que deveríamos respeitar o caráter de proporcionalidade garantido no estatuto do PSOL. Quase metade da executiva é a favor da candidatura dela. Temos ainda abstenções sobre este assunto. É um grupo reduzido na verdade. Coincidentemente essa era a candidatura que vinha crescendo mais nas pesquisas.

Quem compõe esse grupo que vetou a professora Socorro?

Carlos Leen - Diria que o mais interessado nisso é Paulo Rios. Ele sente o receio de perder eleitoralmente (a professora Socorro já chegou a pontuar 4,2 % segundo pesquisa registrada no TRE, olhe no site protocolo 27.173/2010).

Esses conflitos internos dificultam a candidatura de governador do PSOL?

Carlos Leen - Com certeza. E sinceramente não sei se eles ligam pra isso. Tentamos fazer um acordo e dialogar sobre a questão, mas o que encontramos foi uma posição irredutível, autoproclamatória e de uma estreiteza sem tamanho por parte deste setor do partido no Maranhão. Tivemos que recorrer ao Diretório Nacional para garantir a candidatura dela. Uma questão como essa mereceria no mínimo uma intervenção por parte da Direção Nacional.

O PSOL, ao ser originário do PT, carregou para o novo partido os problemas da sigla anterior?

Carlos Leen - O problema no Maranhão é sui generis. Eu diria que de forma geral, no âmbito nacional mesmo, o PSOL aglutinou o que tinha de mais valoroso em termos de luta político-partidária, que antes estava no PT. Infelizmente, devido ao próprio fator tempo, isso não se traduziu na base mais social, pois o partido nasce numa conjuntura de rompimento em Brasília, diferentemente do PT que, nos anos 80, nasce como um partido de massas e do movimento social. No entanto, e essa é só minha opinião, aos poucos temos forjado uma aliança mais significativa com os movimentos sociais e creio que com essa virada do PT à direita, com Dilma representando todos os interesses do capitalismo, nos tornaremos cada dia mais uma ferramenta das lutas do povo brasileiro contra o colonizador, os coronéis, oligarcas e os opressores. Voltando ao âmbito estadual faltam-nos quadros preparados para fazer esse diálogo com o nosso povo.

Quais as perspectivas de crescimento do PSOL no Maranhão?

Carlos Leen - Creio que a excelente participação de Plínio de Arruda Sampaio na campanha deste ano vem a acrescentar bastante no crescimento do PSOL. Todas as características de um partido de massas, de esquerda e luta têm sido elencadas. Infelizmente essa boa intervenção não é conseguida no programa estadual do partido. O programa mal feito tecnicamente, aliado às falas sectárias das candidaturas majoritárias postas, que não possuem representatividade alguma, causa mais risos do que reflexão no povo. No entanto afirmo que o partido vai crescer bastante. Isso por conta de dois fatores:

1) o enorme espaço deixado pelo PT que abandonou as lutas sociais em prol de um programa de consenso conservador com a burguesia;

2) As grandes tarefas históricas postas no Maranhão que aglutinarão setores progressistas em torno de um projeto partidário e empurrarão o PSOL para a realidade objetiva. E isso vai ser muito bom.

2 comentários:

WILSONLEITE disse...

Sr. Ed Wilson,

Sou Wilson Leite e passado esse processo eleitoral gostarai de lhe dar uma entrevista a cerca das informações e conclusões de "Lutador da Luta Real", Carlos Leen, e sua a dita participação dele e do grupo no qual ele faz parte.

Wilson Leite 99-9901-1722

Ed Wilson Ferreira Araújo disse...

ok Wilson,
Vamos dialogar. O espaço está aberto no blogue.
Ed Wilson