A polêmica em torno do atropelamento das comunidades do Vinhais Velho pelas obras da Via Expressa acende um debate urgente e necessário sobre São Luís.
A Via Expressa não vai resolver os graves problemas do trânsito na cidade. Servirá apenas de ligação entre os shoppings da capital, valorizando os terrenos nas proximidades do Sítio Santa Eulália, onde gente grande está de olho.
Os maiores entraves no trânsito estão na "faixa de gaza" - trecho que vai do retorno da Cohama até o retorno da Forquilha - perímetro estrangulado onde faz-se urgente uma intervenção de desafogamento no fluxo de veículos.
Ocorre que nos interesses da Via Expressa estão imbutidos futuros empreendimentos imobiliários nas imediações da estrada, negócios bilionários, envolvendo construtoras poderosas no Maranhão.
O Santa Eulália, que já havia sido devastado pelo governador Epitácio Cafeteira, recuperou-se parcialmente até agora, quando a governadora Roseana Sarney meteu os tratores para fazer a Via Expressa.
Também está nos olhos das construtoras o que restou do Sítio Rangedor. Lá ergueram o novo prédio da Assembléia Legislativa e nas cercanias multiplicam-se novos condomínios.
A parte mais preciosa do Rangedor - com belos riachos, diversas espécies de animais e flora exuberante - já foi mapeada pelas construtoras. Diversos apelos de ambientalistas, artistas e moradores imploram para que a área seja preservada.
É impossível conter a especulação imobiliária. Esse é um fenômeno de todas as capitais. Só que nas cidades mais avançadas, com visão de urbanidade, as construções são disciplinadas. O Plano Diretor e o Código de Postura são minimanente levados em consideração.
Em São Luís tudo é diferente. Somos a única capital do Brasil sem um parque municipal, as praças estão destruídas, não temos calçadas decentes, nem ciclovias e nem ruas e avenidas pavimentadas.
O sentido da cidade como lugar do encontro das pessoas está inviabilizado pela falta de espaços de conviênvia. Sem praças nem parques, só restam os shoppings interligados pela Via Expressa. Essa estrada não surgiu por acaso.
Como não temos alternativas de convivência comunitária, somos obrigados a frequentar os shoppings, pagar estacionamento ilegal e convidados a gastar nas lojas e franquias das madames influentes no Executivo, do Legislativo e do Judiciário maranhense.
São Luís "cresce" totalmente na contra-mão das noções mínimas de desenvolvimento sustentável, das cidades inclusivas, solidárias, saudáveis e belas de todo o Brasil.
Vai ser preciso uma mudança de mentalidade política em São Luís para salvar o pouco que ainda resta de áreas verdes manejáveis na cidade. Precisamos de parques municipais, recuperação urgente das praças e construção de novos espaços de convivência humanitária.
Por enquanto somos todos empurrados para os shoppings ou praias, estas já bastante poluídas pelos esgotos dos condomínios erguidos pelas construtoras que estão de olho no Santa Eulália e no Rangedor.
Mas tudo tem jeito de salvar. Faltam sensibilidade e vontade política, qualidades desprezadas por gente como o prefeito João Castelo (PSDB) e a governadora Roseana Sarney (PMDB). Quanto mais tempo eles governam, mais decadente fica a cidade.
Um comentário:
Os equipamentos urbanos em São Luís são propositalmente esquecidos para que haja uma busca de um lazer pago!!! As duas capitais dos estados vizinhos, Teresina e Belém, dispõem de parques que são áreas de proteção ambiental, enquanto nossa cidade fecha os olhos para a importância do termo sustentabilidade. Ótimo artigo...estarei divulgando...abraços!
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