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segunda-feira, 31 de março de 2014

GOLPE CIVIL-MILITAR: 50 ANOS DEPOIS, A INTOLERÂNCIA SE REORGANIZA

Nenhuma ditadura é ou foi boa, seja do comunista Joseph Stalin ou do militar Garrastazu Médici.

Quem está querendo a volta dos militares ou algo parecido, nunca foi torturado ou leu sequer a orelha de um livro com relatos sobre prisões, sumiços e assassinatos nos porões da ditadura militar no Brasil.

Os 50 anos do golpe civil-militar devem ser lembrados, requentados e servir de alerta para o momento atual, quando forças de extrema direita se reorganizam no país.

Eles têm pregadores e seguidores, a exemplo do filósofo Olavo de Carvalho e do deputado Jair Bolsonaro (PP), exemplos de intolerância e fundamentalismo.

Há em curso no Brasil a propagação do ódio aos homossexuais, aversão ao Bolsa Família (porque favorece a pobreza) e forte retomada do preconceito racial.

As declarações de intolerância contra pobres e negros ganham as redes sociais e os programas de televisão, a exemplo do comentário grotesco da apresentadora Raquel Sheherazade, do SBT.

Até dentro da Universidade, outrora um ambiente fértil para o embate de ideias e comportamentos, a intolerância virou regra, a ponto de o uso de maconha ser motivo de repressão violenta (vide episódios na USP e UFSC).

O Brasil já passou por muitos momentos de exceção, de Getúlio Vargas a João Batista Figueiredo, situações em que os dissidentes foram presos e/ou mortos, sem julgamento ou chance de defesa.

Muitos cadáveres nunca foram encontrados. A Comissão da Verdade tenta dar transparência aos fatos que ocorreram no período mais cruel da vida política brasileira.

A ditadura acabou, mas os torturadores estão vivos. Pior, outros entusiastas de regimes totalitários ganham as ruas, pregando o ódio, o preconceito e usando a violência para combater seus adversários.

Ainda estamos em processo de construção da democracia e toda forma de repressão ou intolerância deve ser evitada.

Somos um país laico, com espaço para todos os tipos de religião, opções sexuais e multiculturalismo.

As ideias dos liberais devem ser respeitadas tanto quanto as dos socialistas e anarquistas, sem violência física como forma de garantir a imposição de um só pensamento.

O Brasil é de todos os credos, cores, culturas e regiões. Que vençam os melhores argumentos e não a força bruta das ditaduras.

Como diria Caetano Veloso, só uma coisa é proibida: proibir!

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