A proposta de reforma política em andamento no Congresso
Nacional tende a piorar o sistema eleitoral e gerar mais corrupção.
No centro da reforma está a tentativa de legalizar o
financiamento empresarial das campanhas eleitorais e dos partidos.
Trocando em miúdos: aquilo que já existe, na forma de caixa
2 ou propina, deve ser institucionalizado.
Para ser mais claro: todo o mar de lama envolvendo desvio de
dinheiro para os partidos e campanhas pode ficar dentro da lei.
De todos os males, esse é o pior, porque vai
constitucionalizar as relações promíscuas entre as empresas e os políticos.
Dentro da lei, as doações empresariais tornarão mais
eficiente o esquema do “é dando que se recebe”, ou seja: as empresas financiam
as campanhas e em troca recebem as obras e serviços, geralmente viabilizados
com propinas e aditivos sem fim.
A constitucionalização do esquema que vem colocando os
partidos nas páginas policiais é o maior retrocesso já visto no Brasil, após a
redemocratização iniciada nos anos 1980.
Quando todos pensavam que o mar de lama das máfias
partidárias ia ser limpo, eis que a sujeira pode ficar ainda maior.
A reforma piorada é conduzida pelo presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um evangélico de bíblia paraguaia e
político asqueroso entre os piores ratos criados na República.
Com a legalização do financiamento empresarial, a política
se perde no pior momento do Brasil.
A política, no sentido de construção épica da democracia,
sofrerá o mais duro golpe se a reforma de Eduardo Cunha for aprovada.
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