Senador Roberto Rocha está de olho no governo do Maranhão |
Melhor discípulo de José Sarney, o senador Roberto Rocha
(PSB) demarcou o território político onde pretende mandar, seguindo o exemplo
do seu pai, Luiz Alves Coelho Rocha, figura-símbolo do sarneísmo, que governou
o Maranhão de 1983 a 1986.
Seguindo a tradição oligárquica, Rocha já tem dois parentes
na política. O irmão, Luiz Rocha Filho, o Rochinha (PSB), é prefeito de Balsas,
na região sul do Maranhão. O filho, Roberto Rocha Junior (PSB), é vereador de
São Luís.
A família é proprietária de terras em Balsas. No campo
midiático, já controla uma rádio AM (Capital 1180 Khz) e uma concessão de
emissora comunitária.
O senador defende o agronegócio como a mais importante
matriz econômica do Maranhão e sua principal bandeira no Senado é a implantação
de uma base naval em São Luís.
Ex-deputado federal por dois mandatos no PSDB, Roberto Rocha
foi eleito senador pelo PSB, na carona de popularidade do governador Flávio
Dino (PCdoB).
O projeto do senador é sentar o mais rápido possível na
cadeira número um do Palácio dos Leões.
Tucano de formação, Rocha está no PSB por conveniência e vai
marchar com o PSDB em 2018. Será o primeiro confronto direto com Flávio Dino,
que deve ser candidato à reeleição no palanque local do PT.
O pensamento do senador está expresso na entrevista
concedida aos jornalistas Clodoaldo Correia e Leandro Miranda, que pode ser
acessada aqui.
DONO DO PSB
O senador entre Roberto Freire e Eliziane Gama: palanque tucano no Maranhão |
No raio-x da entrevista detecta-se de imediato a marca do cinturão
coronelista na forma como ele se expressa em relação ao PSB na eleição de São Luís,
em 2016. “O partido não tem movimentação nenhuma, porque eu sou o presidente e
não estou me movimentando. Então, se eu não faço movimentação, o partido não está
fazendo movimentação alguma”, decretou.
A mensagem é um aviso aos filiados, especialmente ao
secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Bira do Pindaré, cujo nome é sempre
cogitado para disputar a Prefeitura.
Os filiados, inclusive Bira, podem até se manifestar, mas cabe
ao coronel a decisão. “E por cima dela nenhuma voz vai se sobrepor”, finalizou.
CAIXÃO DE EDIVALDO HOLANDA JUNIOR
O prefeito Edivaldo Holanda Jr, o governador Flávio Dino e o senador Roberto Rocha podem estar em palanques separados em 2016 e 2018 |
Proprietário do PSB, o senador deve levar o partido a uma
coligação com Eliziane Gama (PPS), principal adversária do prefeito Edivaldo
Holanda Junior (PTC) e líder em todas as pesquisas.
Em 2016, Roberto Rocha já colocou a mão direita no caixão
político do prefeito. “Qualquer candidato no segundo turno tem condições de
ganhar dele”, sacramentou.
A posição do senador na eleição de São Luís destoa do
interesse do governador Flávio Dino (PCdoB), avalista do projeto de reeleição
de Edivaldo Junior.
O senador enfia sem pena a espora no lombo do prefeito, acusando-o de má gestão. Porém, as críticas de Roberto Rocha soam como cusparadas para
cima, já que ele próprio foi vice-prefeito de São Luís, eleito na chapa
liderada por Edivaldo Junior.
PALANQUE TUCANO EM 2018
Ninho maranhense: vice-governador Carlos Brandão, suplente de senador Pinto Itamaraty e Eliziane Gama convergindo com o senador Roberto Rocha em 2018 |
A provável aliança entre Roberto Rocha (PSB) e Eliziane Gama
(PPS) na eleição para a Prefeitura de São Luís 2016 é o prenúncio de 2018.
Líder em todas as pesquisas, se Eliziane ganhar vai fazer um
alinhamento automático à candidatura tucana em 2018, contra os interesses do
governador Flávio Dino.
Em uma frase solta no meio da entrevista, Rocha deu a senha:
“Acho até que em 2018 a
aliança do PCdoB será com o PT”.
Significa que o palanque tucano do Maranhão será liderado
por Roberto Rocha, contra a candidatura dinista, provavelmente aliada de
Lula/Dilma (PT).
Pode significar também um descolamento do PSDB maranhense da base de Flávio Dino, que se elegeu com o vice-governador tucano Carlos Brandão.
Com ataques frontais a Dilma, Roberto Rocha reitera o
estelionato eleitoral petista no estado. “A Dilma teve uma votação sem
vir no Maranhão. Não há uma única obra de infraestrutura do governo dela no
estado do Maranhão. Nem mesmo do Lula”, denunciou.
Os surtos autoritários e personalistas do senador estão em vários momentos
da entrevista, manifestados nas frases do tipo:
“Quantas vezes o prefeito Edivaldo Holanda Junior já falou
comigo sobre eleição de 2016? Nenhuma vez. Se você me perguntar nesse minuto se
ele é candidato à reeleição, eu vou dizer que para mim não é, porque nunca
tratou comigo.”
“Sou uma asa do avião. Sem mim o avião não voa.”
ESQUERDA MALUCA
Na cabeça do senador, PSTU liderado por Marcos Silva é "esquerda maluca" |
A pérola preconceituosa da entrevista foi dita quando o
senador estratificou os campos políticos que disputarão a prefeitura de São
Luís, em 2016.
Na visão do senador, os partidos de esquerda são “malucos”. Veja:
“São Luís terá quatro campos políticos: do governo com o
prefeito, dos partidos aliados do Sarney, o campo político da esquerda, desses partidos malucos,
e o campo político que pode ser criado”
Na entrevista, é importante ressaltar, o senador referiu-se à
boa relação com o governador Flávio Dino e aos seus propósitos em relação ao
Maranhão.
Suas bandeiras são o agronegócio e a base naval de São Luís. O
governo, para ele, é uma empresa e precisa trabalhar na lógica liberal.
No cenário de crise, aconselhou o governador e o prefeito a
cortar gastos e enxugar a máquina administrativa.
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