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domingo, 19 de julho de 2015

LAVA JATO CHEGA NOS POLÍTICOS. E AGORA?

Oposição a si mesmo, Cunha é dúvida: pode ser homem-bomba ou tiro de festim
A operação Lava Jato está no momento mais delicado: saltou dos empresários financiadores de campanha para os políticos financiados pelos esquemas de corrupção.

E começou pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), dando sinal de que vai investigar os chefes maiores.

Basta observar a varredura na casa do senador Collor de Melo (PTB).

Essas primeiras movimentações apontam para uma devassa da Lava Jato no coração da máquina de corrupção do Brasil – o Congresso Nacional.

Cunha, especialmente, tem dupla complicação. Além das denúncias dos delatores, ele deve passar à condição de investigado já com alguns indícios de provas documentais.

Recentemente, a Lava-Jato fez uma busca nos computadores da Câmara que podem complicá-lo no curso das investigações.

Da condição de primeiro-ministro informal, Cunha desceu ao chão de denunciado e partiu para o ataque contra o governo e o procurador-geral Rodrigo Janot.

O ataque de fúria não vai funcionar, porque o presidente da Câmara é oposição a ele mesmo.

ALÍVIO PREOCUPANTE

A baixa de Cunha, se por um lado alivia o governo Dilma, por outro preocupa.

O presidente da Câmara já estava na oposição, atuando como chantagista e lobista do PMDB junto à administração pública.

Agora, ele assumiu a condição de oposicionista e deve fazer uma chantagem pior, ameaçando implodir o Congresso e deflagrar o processo de impeachment da presidente Dilma Roussef (PT).

Por outro lado, a baixa de Cunha dá ao governo as mínimas condições de operar um novo pacto com o PMDB, salvando o mandato de Dilma.

Em qualquer dos cenários, a crise não vai cessar, porque o problema não é Cunha ou Collor, é a contaminação geral do sistema político-partidário que corrompeu a República por inteiro.

Vivemos, portanto, uma crise da democracia brasileira, agravada com dois componentes: o peemedebismo e o lulismo. Já tratei desse temaem outro artigo.

À LÁ ITÁLIA

Nesse contexto, a Lava Jato aproxima-se da operação “Mãos Limpas”, deflagrada na Itália, que investigou as organizações mafiosas.

A prática de cartéis entre empreiteiras, lavagem de dinheiro, pagamento de propina e tantos outros crimes têm semelhanças com as práticas mafiosas, sim!

Mas, o problema das investigações é atribuir toda essa lama ao PT, como se as operações entre as empreiteiras e os políticos fossem obra de Lula.

Se os vícios no financiamento de campanha estão presentes no PT e no PMDB, porque não estariam no PSDB?!

As empreiteiras operam no Brasil desde a ditadura militar (veja aqui). Por que só agora e apenas o PT está no centro das investigações?

Esse é o xis da questão, que torna a operação Lava Jato cega de um olho.

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