Robison Pereira *
Infere-se, com o advento do novo governo, que a alternância ocorrida em outubro de 2006 não foi nada profunda, pelo contrário. O jornal Estado de São Paulo, em 20 de maio de 2007, fez uma reportagem e mostrou que Jackson Lago colocara 23 parentes no governo, apenas ele.
O importante, acredita-se, é entender o significado dessa permanência de prática. Então torna-se relevante analisar as relações com o governo central, as relações familiares e a apropriação familiar do Estado.
Portanto, o problema muitas vezes não é a inexistência de Estado, mas de quem o controla. Sua presença pode aumentar ainda mais a opressão.
Entende-se que o caminho é assim demonstrado com fatos e nomes, em que a conservação do poder oligárquico (poder oligárquico sim, pois oligarquia não é apenas uma família) é associada com uma presença no poder central, fonte essencial para preservar o poder local.
Sem o centro, o chefão local não se mantém. Na década de 1960, como hoje, há uma disputa entre dois chefes locais pela preferência do poder central, isto é, Virorino Freire e José Sarney; José Sarney e Jackson Lago.
O desafio parece ser encontrar os caminhos para o rompimento desse domínio nos marcos, evidentemente, da democracia.
Tem-se acompanhado o novo governo por meio de jornais e blogs do Maranhão e do Brasil, além de relatos de informantes. O atual mandatário do Maranhão criou, logo nos primórdios do seu governo, 3.718 cargos comissionados para amigos e parentes em menos de quatro meses.
Permitiu que o chefe da Casa Civil, seu primo Aderson Lago, nomeasse, entre vários familiares, a mãe de 80 anos para a Assembléia Legislativa. Ao que tudo indica, os Lago estão finalmente dando certo.
Eis o que deve ser afirmado: que foram os maranhenses mais uma vez enganados. Sabe-se que não.
Ademais, a experiência já tem mostrado largamente como a pura e simples substituição dos detentores do poder público é um remédio aleatório, quando não precedida e até certo ponto determinada por transformações complexas e verdadeiramente estruturais na vida da sociedade.
Essas vitórias nunca se consumarão enquanto não forem liquidados, por sua vez, os fundamentos personalistas e, por menos que o pareçam, aristocráticos, em que ainda assenta nossa vida social.
A alternância de poder é uma variável fundamental na democracia, desde que haja participação e cobrança popular, princípios alardeados em época de campanha, mas que não foram viabilizados no período dos Sarney, nem nos primeiros dois anos de governo Jackson.
Muito pelo contrário, “meninos eu vi”, o governo retirar direitos de professores, ameaçá-los com demissão... Vimos até aqui pelo menos 14 categorias em greve e a violência campear por absoluta insegurança protagonizada pelo Estado.
Daí, meus caros, como sair às ruas para defender quem nos ameaça? Resta aos neobalaios esta tarefa. E olhe! Têm pelo menos uns 3.718 disponíveis.
Infere-se, com o advento do novo governo, que a alternância ocorrida em outubro de 2006 não foi nada profunda, pelo contrário. O jornal Estado de São Paulo, em 20 de maio de 2007, fez uma reportagem e mostrou que Jackson Lago colocara 23 parentes no governo, apenas ele.
O importante, acredita-se, é entender o significado dessa permanência de prática. Então torna-se relevante analisar as relações com o governo central, as relações familiares e a apropriação familiar do Estado.
Portanto, o problema muitas vezes não é a inexistência de Estado, mas de quem o controla. Sua presença pode aumentar ainda mais a opressão.
Entende-se que o caminho é assim demonstrado com fatos e nomes, em que a conservação do poder oligárquico (poder oligárquico sim, pois oligarquia não é apenas uma família) é associada com uma presença no poder central, fonte essencial para preservar o poder local.
Sem o centro, o chefão local não se mantém. Na década de 1960, como hoje, há uma disputa entre dois chefes locais pela preferência do poder central, isto é, Virorino Freire e José Sarney; José Sarney e Jackson Lago.
O desafio parece ser encontrar os caminhos para o rompimento desse domínio nos marcos, evidentemente, da democracia.
Tem-se acompanhado o novo governo por meio de jornais e blogs do Maranhão e do Brasil, além de relatos de informantes. O atual mandatário do Maranhão criou, logo nos primórdios do seu governo, 3.718 cargos comissionados para amigos e parentes em menos de quatro meses.
Permitiu que o chefe da Casa Civil, seu primo Aderson Lago, nomeasse, entre vários familiares, a mãe de 80 anos para a Assembléia Legislativa. Ao que tudo indica, os Lago estão finalmente dando certo.
Eis o que deve ser afirmado: que foram os maranhenses mais uma vez enganados. Sabe-se que não.
Ademais, a experiência já tem mostrado largamente como a pura e simples substituição dos detentores do poder público é um remédio aleatório, quando não precedida e até certo ponto determinada por transformações complexas e verdadeiramente estruturais na vida da sociedade.
Essas vitórias nunca se consumarão enquanto não forem liquidados, por sua vez, os fundamentos personalistas e, por menos que o pareçam, aristocráticos, em que ainda assenta nossa vida social.
A alternância de poder é uma variável fundamental na democracia, desde que haja participação e cobrança popular, princípios alardeados em época de campanha, mas que não foram viabilizados no período dos Sarney, nem nos primeiros dois anos de governo Jackson.
Muito pelo contrário, “meninos eu vi”, o governo retirar direitos de professores, ameaçá-los com demissão... Vimos até aqui pelo menos 14 categorias em greve e a violência campear por absoluta insegurança protagonizada pelo Estado.
Daí, meus caros, como sair às ruas para defender quem nos ameaça? Resta aos neobalaios esta tarefa. E olhe! Têm pelo menos uns 3.718 disponíveis.
* Sociólogo, especialista em História do Maranhão e mestre em Ciências Sociais.
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