O tucano Aécio e o comunista Dino: namoro passageiro |
A imagem serve,
também, para educar os militantes muito jovens e os maduros iludidos sobre uma
suposta linha imaginária entre esquerda e direita.
Até onde a
vista alcança e a memória recupera, as coligações no Maranhão nem sempre mantêm
coerência com as supostas linhas ideológicas dos partidos.
Tomemos como
exemplo duas legendas emblemáticas: o PT e o PCdoB.
Em diferentes
momentos, os dois partidos transitaram por espectros distintos de um suposto
enquadramento ideológico – o chamado campo democrático-popular. Vejamos:
PCdoB e a
Força Total
Em 1985,
grande parte do chamado campo da esquerda reunia-se em torno da candidatura de
Haroldo Sabóia (PMDB), contra Jaime Santana (PFL), candidato da oligarquia
Sarney, com o poderoso bordão de “Força Total.”
Santana
tinha o apoio do então presidente da República José Sarney, do governador Luiz
Rocha e do prefeito Mauro Fecury, todos do PDS, antiga Arena, base da ditadura
militar.
Aos 45
minutos do segundo tempo, o PCdoB, que namorava a candidatura de Haroldo
Saboia, desembarcou da canoa oposicionista e acoplou no foguete da “Força Total”.
Mesmo com o apoio do presidente, do governador e do prefeito, Santana perdeu a eleição para Gardênia Gonçalves, esposa do ex-governador João Castelo.
PCdoB com
Roseana Sarney e FHC
Os
comunistas estiveram com Roseana Sarney nos dois mandatos de governadora, quando
ela militava no PFL (ex-PDS) e tinha apoio do então presidente Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
Nesse
período (1995-2002), o PCdoB ocupou cargos importantes no setor agrário, tendo
como figuras destacadas o austero comunista Marcos Kowarick, no Incra; e o
presidente do Iterma, Stefano Silva Nunes.
A lógica do
PCdoB, concebida na estratégia partidária, era ocupar espaços no governo
oligárquico para miná-lo por dentro, explorando as contradições internas do
bloco hegemônico.
Algo
parecido com o pensamento do PT, a partir de 2006, conforme abaixo.
PT com
Sarney
Consolidado
em 2010, o noivado entre o PT e a oligarquia Sarney no Maranhão começou em
2006, quando a candidatura de Lula selou uma aliança longa com o PMDB.
Ex-dirigente
do PCdoB, o líder petista Washington Oliveira (WO), que viria a ser
vice-governador de Roseana Sarney, raciocinava semelhante aos comunistas:
precisamos minar a oligarquia por dentro, fazendo uma aliança com Sarney.
O PT entrou
no barco da oligarquia em um momento muito propício à vitória das oposições, em
2010, quando as candidaturas de Jackson Lago (PDT) e Flavio Dino (PCdoB) quase
derrotam Roseana Sarney (PMDB).
Foi
decisiva, portanto, a aliança do PT para o prolongamento da oligarquia no
Maranhão.
Novas
novidades em 2014
Sarney e o último suspiro com Lula, que depende do PMDB para reeleger Dilma |
Flavio Dino tentou aliança com o PT para ter no seu palanque as presenças de Lula e Dilma, tentando convencê-los de descartar a oligarquia. Não foi possível.
O outro caminho
era coligar-se ao adversário (momentâneo) de Sarney no plano nacional, formando
um palanque estadual forte. E assim foi feito, objetivando a conquista imediata
do poder.
Ao longo dos
últimos 29 anos os comunistas e os petistas estiveram em vários lados, com e
contra Sarney, a favor e distantes de Lula.
As táticas
eleitorais oscilam a cada eleição, mas em todas elas há sempre uma retórica
comum: renovação, mudança e liberdade. São três palavras mágicas que sempre
funcionam e empolgam os militantes jovens e os maduros iludidos.
As palavras
mágicas encaixam-se perfeitamente na imaginária linha divisória entre esquerda
e direita, mesmo que a suposta esquerda esteja com os tucanos e com o PT/Sarney,
simultaneamente.
Para o senso
comum, uma frase explica tanta complicação: “os políticos são todos iguais.”
Mas, nem
sempre é assim. Há governos melhores ou piores que outros, fruto de
coligações, pessoas, ideias e projetos.
No Maranhão dos últimos 50 anos, tem sido sempre pior. Vamos ver se a aliança dos
comunistas com os tucanos melhora nossos indicadores. O tempo dirá!
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