Estado lastimável das escolas municipais de São Luís. Imagens: Sindeducação |
A pesquisa DataFolha divulgada hoje aponta um dado forte:
cerca de 30% do eleitorado mostra total desinteresse pelos candidatos a
presidente da República.
O número é preocupante porque aponta 1/3 dos pesquisados mostrando
desprezo pela eleição ao cargo máximo do país.
Somado ao desinteresse pela Copa da Fifa, a indiferença
pelos candidatos demonstra a rejeição de 1/3 dos brasileiros por um fracassado
modelo do futebol bilionário com a política corrupta.
O antiga euforia pela seleção brasileira acabou. O povo
gosta de futebol, mas detesta o luxo da Fifa e o lixo dos hospitais, o abandono
das escolas e a corrupção generalizada.
A seis dias do início da Copa, começam a pipocar os
protestos que podem novamente levar às ruas milhões de brasileiros.
Voltamos a repetir: a pauta central dos protestos deve ser a
reforma política.
Enquanto não houver mudanças profundas no sistema eleitoral
e partidário, acabando com a lavagem de dinheiro no financiamento das
campanhas, o Brasil não muda.
É preciso matar a fonte da corrupção que reproduz nos
parlamentos (municipais, estaduais e federais) o financiamento sujo que elege
os piores tipos de vereadores, deputados e senadores.
No Maranhão, por exemplo, bem antes da eleição, já se sabe
quem vai ocupar as vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal:
agiotas, empresários com lucros duvidosos, donos disso e donos daquilo, empreiteiros,
filhos de coronéis, descendentes de famílias tradicionais etc.
Esse ciclo vicioso é alimentado geralmente pelo abuso de
poder econômico que financia as campanhas.
É a mão invisível do mercado contaminando a política e
transformando os parlamentos em balcões de negócios, bolsas de valores e até
mercados de secos e molhados.
O dinheiro farto nas eleições e nos parlamentos falta nas
escolas e hospitais públicos, nos salários dos professores e dos profissionais
de saúde.
O dinheiro abusivo da corrupção na política faz falta nas
estradas, na agricultura, nos arranjos produtivos, na pesquisa científica que
poderia melhorar a vida de milhões de pessoas.
A política como negócio e o voto mercadoria são os
principais males do Brasil. Se não houver uma reforma profunda, nada muda.
Os protestos da Copa precisam ter um foco: a reforma
política.
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