Por Eduardo Júlio
Não é de hoje que o Poder Público costuma errar mais que
acertar, sobretudo quando se trata da arborização da cidade. A retirada de
árvores se tornou obrigatória em qualquer reforma realizada tanto pela
prefeitura quanto pelo Estado. Vamos lembrar que uma das primeiras providências
da administração do prefeito anterior, Castelo, foi retirar todas as árvores
(eu reafirmo todas) existentes ao longo da avenida Marechal Castelo Branco, no
São Francisco. Ele também autorizou o corte de quase todas as árvores da praça
da igreja daquele bairro e muitas do canteiro central da avenida Colares
Moreira e de outras vias da cidade.
A ideia estapafúrdia foi trocar árvores por palmeiras de
várias espécies, incluindo carnaubeiras. Além de não oferecer sombra adequada,
a maioria não vingou. O dinheiro público foi pelo ralo ou para os bolsos dos
gestores e ficamos com o sol, mais do que nunca, queimando a cara.
Antes de sair, o ex-prefeito ainda foi responsável
pela derrubada de todas as árvores do canteiro central da avenida Vitorino
Freire, nas proximidades da antiga rotatória de acesso à avenida dos
Portugueses, quando tentou implantar o fantasmagórico VLT.
Este último exemplo indica um futuro comprometedor para o
que resta da arborização de São Luís, porque aqui, ao contrário de todas as
outras capitais brasileiras, árvores foram plantadas ou preservadas somente nos
canteiros centrais, ou seja, um dia deverão ser retiradas para darem lugar a
vias ou estruturas de concreto para os novos modelos de transporte coletivo ou
mesmo para o alargamento das avenidas, como já vem sendo feito em outras
cidades.
Neste caso, também se encaixa a retirada, na década passada,
de algumas árvores centenárias que embelezavam a Beira-Mar e o recente corte de
algumas de um canteiro localizado no Jaracaty, que desapareceu provavelmente
para alargar a avenida.
Na capital maranhense, os gestores esqueceram de plantar nas
calçadas, onde as pessoas, de fato, caminham. Mas se eles nem sequer lembraram
de construir um calçamento adequado na cidade, como poderiam se preocupar com
árvores. Seria pedir demais, não é mesmo?
Lembro-me que até os anos 90 a rua do Egito era uma das
poucas que possuía árvores nas calçadas. Hoje, restam algumas nas proximidades
da praça João Lisboa. E vale recordar que pouco antes da inauguração do teatro
da Cidade (antigo Roxy), em 2012, um gestor da administração de Castelo
(novamente ele) mandou cortar várias jovens amendoeiras que existiam na lateral
do teatro, sem qualquer explicação plausível.
PRAÇAS
Em relação às praças históricas da cidade, na década
passada, quando realizaram reformas nas praças Pedro II, Benedito Leite e
Gonçalves Dias, foram retiradas dezenas de árvores. Somente da Pedro II foram
35, segundo uma reportagem da época. É certo que foram replantadas algumas
outras. Mas quem conheceu aquelas praças antes destas reformas, sabe que,
embora tenham ganhado uma nova e bonita estrutura, não possuem mais o mesmo
verde.
No ano passado, ainda retiraram da Gonçalves Dias um lindo
flamboyant, o último da espécie que tinha escapado na última reforma. Como não
se trata de uma árvore nativa, foi cortado sem nenhum pudor, com autorização
científica.
Muitas árvores também foram retiradas das praças da Praia
Grande, quando o Governo do Estado realizou - se não estou enganado no final do
ano de 2001 - reformas nas praças dos Catraieiros e na atual Nauro Machado.
Na época, além do impiedoso corte de árvores, o piso
original, mais alto, colocado na obra de Cafeteira em 1989, foi posto abaixo,
com o provável intuito de facilitar a apresentação de manifestações da cultura
popular. Mas este modelo contribuiu para a recente transformação da praça
dos Catraieiros em estacionamento, um crime contra a memória da humanidade. No
momento, o problema parece ter sido controlado. Não se sabe até quando.
2 comentários:
Desculpe a ignorancia, mas se a arvore atrapalha a rua ou então transmite algum perigo a população, o correto não seria corta-la?
Nestes casos, sim, mas acontece que aqui em São Luís cortam-se árvores sem qualquer plano de manejo.
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