Afastado de suas funções, o juiz Baldochi foi repudiado pelos magistrados |
O ano de 2014 vai encerrando com as
cenas do atraso, típicas de uma cultura coronelista enraizada nos
três poderes do Maranhão. No geral, nossos prefeitos diante do
espelho enxergam-se chefes de oligarquias municipais.
Essa cultura política, propícia à
confusão entre autoridade e autoritarismo, extrapola aos outros
poderes, inclusive em alguns membros do Judiciário.
Na terra arrasada, onde por mais de
50 anos imperou a lei do “quero, posso e mando!”, o juiz Marcelo
Baldochi encarou o truculento Braddock, personagem do ator Chuck
Norris, mandando prender funcionários da TAM, no aeroporto de
Imperatriz.
Denunciado pela prática de trabalho
escravo, Baldochi ainda vê o Maranhão como as republiquetas de
bananas da América do Sul, invadidas por militares imperialistas que
atropelam as leis da soberania, trucidam e incendeiam as aldeias
latino-americanas.
Os filmes estrelados pelo coronel
Braddock são a excelência do autoritarismo ianque, característico
do heroísmo estadunidense, protagonizado por um brutamonte armado
até os dentes, que sempre vence as guerrilhas rotuladas de
narcotraficantes.
Ao mandar prender os funcionários
da companhia aérea, depois de chegar atrasado para um embarque, o
juiz Baldochi agiu como o coronel do filme hollywoodiano, ou como a
filha do coronel José Sarney, a ex-governadora titular do bordão
“quero, posso e mando!”
As primeiras providências contra as
atitudes do juiz já foram devidamente tomadas. Ele foi afastado de
suas funções e o Tribunal de Justiça pediu a instauração de
procedimento administrativo disciplinar.
Baldochi também foi repudiado nas
suas atitures pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e na sua
própria entidade, a Associação dos Magistrados.
O juiz já chegou a ser incluído na
lista nacional de fazendeiros acusados de usar trabalho escravo,
divulgada pelo Ministério do Trabalho.
Está incluído ainda, na mídia
nacional, na lista de fatos ofensivos à postura de um magistrado. E
no rol das notícias desagradáveis sobre o Maranhão, sempre
estigmatizado no noticiário como um lugar sem lei ou de autoridades
acima da lei.
Ofender trabalhadores ou colocá-los
em situação anĺáloga à escratidão atentam contra a cidadania.
Há outras denúncias arquivadas e
latentes sobre as arbitrariedades de Baldochi. O Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) tem a obrigação de apurar e agir.
O Maranhão precisa se livrar desses
estigmas. A principal mudança, a partir de 1º de janeiro de 2015,
quando o governador Flávio Dino (PCdoB) tomar posse, deve ser a
transformação da cultura política oligárquica na prática
democrática.
Juiz não é Deus e Balcochi não é
Braddock.
O filme dos coronéis saiu de
cartaz.
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