O juiz Marcelo Baldochi virou meme na web, por conta da crise de autoritarismo no aeroporto de Imperatriz, onde deu voz de prisão a três trabalhadores da TAM.
Baldochi mandou prender os funcionários porque chegou atrasado e não pode embarcar. Responsável pelo cumprimento das regras, ele próprio exigia a quebra da norma para atender a uma vontade pessoal.
Certos juízes pensam que são Deus, enquanto outros têm certeza da divindade. Nessa condição, consideram-se superiores a qualquer coisa ou pessoa.
No popular, costuma-se chamar esses arroubos de juizite, um êxtase que configura os excessos da autoridade, o famoso bordão "eu quero, posso e mando".
Com esse ar de superioridade, colocando-se acima da Lei, Baldochi tratou os trabalhadores da TAM como serviçais dos seus interesses, como se fossem obrigados a atender às exigências do magistrado, atropelando as regras da aviação.
Tratar as pessoas como coisas não é estranho à vida do juiz. Ele já foi denunciado pela prática de trabalho escravo em uma fazenda de sua propriedade, na região tocantina, em 2007, quando uma fiscalização do Ministério do Trabalho resgatou 25 trabalhadores em precaríssimas condições de trabalho nas terras do magistrado.
Protagonista de vários episódios no Maranhão, o juiz já foi agredido a pauladas por um flanelinha, ao sair de um restaurante, em Imperatriz, em 2012.
Nesse mundo de coisificação das pessoas, Baldochi encontrou no seu caminho um homem embrutecido que lhe atacou pelas costas. Segundo relatos, o flanelinha agiu com violência porque o juiz teria negado o pagamento pela vigilância do seu veículo.
ORGULHO
O Maranhão tem se orgulhado da atuação de outros juízes. Douglas de Melo Martins e Márlon Reis são exemplos de altivez no exercício da magistratura.
Martins destaca-se pela atuação brilhante sobre a situação dos presídios no Brasil, denunciando a barbárie nas cadeias e reivindicando a humanização no trato da população carcerária.
Reis, autor do livro "O nobre deputado", é a principal figura pública da reforma política, uma questão urgente e necessária para a democracia brasileira.
Enquanto alguns operadores da Justiça viram notícia por êxtase de autoritarismo, outros são manchetes de causas que dignificam a magistratura.
O Brasil, e o Maranhão em especial, precisa de mais magistrados que nos orgulhem.
Já temos por demais notícias ruins sobre os indicadores sociais. É hora de construir uma agenda positiva. E o Judiciário tem um papel fundamental nesse novo cenário de esperanças no Maranhão.
Menos juizite e mais magistratura.
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