Marcos Fábio Belo Matos – professor doutor do Curso de
Jornalismo da UFMA Imperatriz
marcosfmatos@gmail.com
Eu tenho 42 anos. O novo governador do Maranhão, Flávio
Dino, tem 46. Somos, desse modo, da mesma geração. Assim como eu e ele, muitos
dos nomes que vão formar o primeiro e segundo escalões do novo governo, da
frente ampliada de oposição, que levou Dino ao Palácio dos Leões, também estão
ali, entre os 40 e 50 anos. É, portanto, a minha geração no poder, comandando a
nau do estado que Padre Antônio Vieira tanto amou quanto desancou. E é também a
geração de muitos que foram às ruas, que puseram seus veículos nas carreatas, que
colaram cartazes, que convenceram amigos, alunos, parentes, que depositaram, em
forma de voto, a sua confiança no seu representante geracional.
É uma geração que não viu nem sofreu os golpes do Golpe
Militar, do Regime Militar, da Revolução Militar ou do Governo Militar – a
depender do matiz ideológico, o nome muda, com eufemismos ou hipérboles. É uma
turma que, quando Jango foi deposto e exilado no Uruguai e os generais botaram
os coturnos na mesa, ainda andava de merendeira pelas escolas, cantando o Hino
Nacional, fervorosamente, com a mãozinha no peito e alinhados, como bons
soldadinhos. Ou que tinha aulas de Educação Moral e Cívica, para aprender a
respeitar, entre outras coisas, os símbolos nacionais. Ou que tinha um respeito
quase religioso pelo 7 de setembro. Ou que cantava os hinos da Bandeira e da
Proclamação da República, estampados nos versos dos cadernos de brochura. Ou
que, por fim, tirou aquela foto, sentado numa cadeira, com uma caneta na mão,
como “lembrança do jardim”.
Mas foi uma geração que, depois de 1985, quando os generais
vestiram o pijama, contribuiu, decisivamente, para a (re)construção da nossa democracia.
Que foi às ruas protestar contra o governo pusilânime do Sarney. Que foi às
ruas de cara pintada para botar o Collor para fora da Casa da Dinda. Que ajudou
a estruturar o movimento estudantil. (Lembro-me de, em 1991, já no Curso de Comunicação/Jornalismo
da UFMA, encontrar muitos dos nomes que hoje são de proa da política maranhense
às voltas com cartazes, passeatas e ponches, embrenhados no movimento
estudantil – CA’s e DCE).
É uma sensação estranha e boa ver essa minha geração agora
dando as cartas na política do Estado. Estranha porque não sabemos como será –
tudo, hoje, é uma questão de se ter esperança. E boa porque, de alguma forma,
há uma grande possibilidade de esse conjunto de pessoas, que viveu uma mesma
época, formou-se nos mesmos livros, teve os mesmos anseios e se fortaleceu nas
mesmas lutas que eu (e que muitos de nós) não desapontar. Não me desapontar.
Não nos desapontar.
Não tenho expectativas messiânicas. Não guardo apreensões
mitológicas. Não estou esperando milagres. Estou apenas querendo que essa minha
geração, agora com o carimbo e a caneta, cumpra os compromissos que eu, se
estivesse lá, cumpriria. E que muitos da minha geração também, se pudessem,
fariam.
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