O povo quer saber: na disputa de presidente, qual será o
palanque do governador eleito Flávio Dino (PCdoB)?
Para responder a essa pergunta, é fundamental entender o
seguinte: o controle das bancadas federais e a relação com o poder em Brasília
sempre foram estratégicos para a manutenção da oligarquia no Maranhão.
Dito isso, vamos aos cenários.
O PSDB integra a coligação vitoriosa no Maranhão. Pela
lógica, Dino teria de apoiar o tucano Aécio Neves.
Porém, o PCdoB nacional é aliado histórico do PT, desde
1989. Os comunistas foram agraciados seguidamente nos governos Lula e Dilma,
com o ministério dos Esportes e cargos em outros escalões.
Se a questão ideológica fosse algo importante, Dino apoiaria
Dilma (PT), fazendo justiça ao alinhamento entre comunistas e petistas no
chamado “campo democrático popular”.
Consultando o site Vermelho, onde estão registradas as
análises de conjuntura e decisões da Comissão Política Nacional PCdoB, Aécio
Neves é criticado como representante as forças retrógradas herdeiras da orientação neoliberal dos
dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.
No editorial do dia 6 de outubro, os comunistas atacam tanto
Aécio quanto Marina (PSB). Veja o que diz o site Vermelho:
“Dilma alcança o primeiro lugar com 41,5% dos votos válidos,
contra 33,5% de Aécio Neves, o candidato neoliberal e conservador do PSDB, uma
diferença de mais de oito milhões de votos. Em terceiro lugar, Marina Silva
ficou com 21,3% dos votos, apenas dois pontos percentuais acima do que obteve
em 2010. Fracassou rotundamente a tentativa de constituir uma chamada terceira
via travestida de nova política, que não passava de um decalque da velha
política conservadora e neoliberal.”
Leia mais aqui:
Em outro texto, publicado em abril de 2014, resenhando a
reunião da Comissão Política Nacional, o PCdoB se manifesta assim:
É nesse quadro que assume importância estratégica a
mobilização popular e a consolidação de uma frente democrática, progressista,
patriótica e popular em torno da luta pela reeleição da presidenta Dilma
Rousseff, com um “programa que renove as esperanças e aponte nova etapa para o
desenvolvimento”, como destaca a nota da direção comunista.
E prossegue:
Por outro lado, o que a oposição apresenta, em termos de
alternativa programática, é uma reedição anacrônica do receituário dos anos
1990 que levou o Brasil à bancarrota, aviltou a soberania nacional, vilipendiou
direitos dos trabalhadores e levou a vida do povo a um inaudito nível de
degradação.
Leia mais aqui:
OUTROS INGREDIENTES
Pela orientação nacional, os comunistas maranhenses teriam
de seguir Dilma.
No entanto, na conjuntura local, o PSDB foi fundamental na
coligação que levou Flávio Dino à vitória. Sem os tucanos e o PDT, Dino jamais
teria ganho a eleição.
Outro ingrediente precisa ser analisado: o controle local do
PMDB.
Diante da ameaça de derrota, o PT vai reforçar a aliança com o PMDB, com
a ampliação das ofertas de cargos federais nos estados em um segundo mandato
Dilma.
Se Flavio apoiar Aécio, mas Dilma ganhar, parte dos cargos
federais ainda será do PMDB controlado por José Sarney, que está abatido, mas
não morto.
Uma eventual vitória de Dilma vai fortalecer o PMDB no
Maranhão, interessado em boicotar a gestão de Flávio Dino.
Nesse contexto, do ponto de vista do pragmatismo eleitoral e
olhando para o futuro, nas suas pretensões de reeleição, e considerando o
crescimento de Aécio, a tendência de Flavio Dino é tucanar.
A vitória de Aécio também daria a Dino a hegemonia sobre a
bancada de deputados federais, de perfil conservador e afinada com os
interesses tucanos.
Dino tem apenas um terço do Senado (Roberto Rocha, do PSB), contra
dois senadores do PMDB: Edinho Lobão e João Alberto.
Repito: o controle das bancadas federais e a relação com o
poder em Brasília sempre foram estratégicos para a manutenção da oligarquia no
Maranhão.
Flavio Dino sabe disso. E tem três opções:
1)
Seguir o receituário do PCdoB nacional, apoiando
Dilma;
2)
Abraçar o pragmatismo eleitoral que o elegeu,
abraçando Aécio, o “retrógrado e conservador”, segundo os comunistas;
3)
Ficar neutro;
Deve avaliar e decidir, sabendo que sem a ajuda do governo
federal o futuro do Maranhão corre sérios riscos.
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