Os leitores deste blogue sabem da nossa postura de combate à
oligarquia Sarney, fortemente sustentada no braço midiático do Sistema Mirante
de Comunicação, a maior máquina midiática do Maranhão.
Porém, manifestamos nossa solidariedade aos jornalistas e
radialistas demitidos nas empresas dirigidas pelo empresário Fernando Sarney.
Após a derrota do candidato Edinho Lobão (PMDB), também proprietário
de emissoras de rádio e TV (Difusora/SBT), uma onda de demissões tomou conta do
Sistema Mirante.
Não podemos nos alegrar com a perda do emprego dos nossos
colegas comunicadores. Devemos, sim, repudiar essa prática corolenesca, típica
de Maranhão atrasado.
As demissões teriam sido provocadas visando enxugar as
empresas e prepará-las para a venda, dentro do projeto da família Sarney de
abandonar o Brasil, temendo também possíveis operações da Polícia Federal a
partir do dia 1º de janeiro de 2015, quando Roseana Sarney deixar o Palácio dos
Leões.
Mais uma vez, os Sarney priorizam seus interesses privados.
Salvam a pele dos seus e jogam no olho da rua os profissionais que, em alguns
casos, dedicaram a vida de trabalho ao Sistema Mirante.
RAÍZES PROFUNDAS
A ausência do choque de capitalismo no Maranhão colocou as
empresas de Comunicação reféns de uma estrutura de poder nefasta à liberdade de
pensamento e expressão dos seus profissionais.
Como não há concorrência entre as empresas de mídia, dentro
da lógica do mercado, todo o sistema midiático depende única e exclusivamente
do repasse de verbas publicitárias do governo e da Prefeitura de São Luís, os
maiores anunciantes.
Assim, os profissionais de Comunicação ficam aprisionados às
oscilações da conjuntura eleitoral/empresarial, alinhando-se ao governador ou
prefeito de plantão nos palácios dos Leões e La Ravardière.
Nesse modelo político-midiático, os profissionais de
comunicação ficam atrelados aos gestores e parlamentares, adequando-se
automaticamente aos interesses dos contra-cheques.
Ao longo de décadas, o Sistema Mirante deu cobertura ao
Sindicato dos Jornalistas, presidido por Leonardo Monteiro (já falecido), titular
de uma coluna no jornal O Estado do Maranhão, fundado e controlado por José
Sarney.
O sindicato, que deveria lutar pelos interesses dos jornalistas,
era capacho dos patrões e proibia a filiação de profissionais não alinhados ao
peleguismo de Monteiro.
PROMISCUIDADE PUBLICITÁRIA
O Sistema Mirante sempre foi sustentado pelas verbas
publicitárias pelo Governo do Estado, em uma simbiose de interesses público e
privado.
Traduzindo: a governadora Roseana Sarney paga com recursos
públicos a empresa do irmão dela, Fernando Sarney, para veicular publicidade
oficial.
Esse midiaduto tem sido um dos principais sustentáculos econômico
e político da oligarquia Sarney.
Porém, após a derrota de Edinho Lobão (PMDB) na disputa pelo
governo do Maranhão, essa fonte pode secar, caso o governador eleito Flávio
Dino (PCdoB) estabeleça uma nova relação entre o poder público e os meios de
comunicação.
As demissões no Sistema Mirante são a fratura exposta de um
modelo político-midiático-empresarial que privilegia os interesses privados,
concentra as verbas publicitárias e controla as empresas de Comunicação de
acordo com os interesses dos governantes.
Cabe ao novo governo, sob o comando de Flávio Dino,
estabelecer novos patamares nas relações com as empresas de Comunicação.
Na perspectiva de mudança, são fundamentais a democratização
dos recursos publicitários e o estímulo à concorrência no setor midiático.
É preciso virar a página do coronelismo eletrônico e acabar
com a submissão dos profissionais de comunicação aos governos e parlamentares,
criando as condições para o maior exercício da liberdade de expressão, da
crítica fundamentada e diversidade de opiniões.
Os meios de comunicação têm um papel fundamental no
acompanhamento do novo governo. O
Maranhão precisa mudar a cultura política e midiática, assegurando aos jornalistas,
radialistas e blogueiros o pleno exercício profissional.
Até agora, as relações entre mídia e política conspiraram
contra o interesse público e a valorização dos profissionais de comunicação.
Reféns dos empresários colonizados pelo governo, os
profissionais de comunicação ficaram vulneráveis aos negócios midiáticos. A
qualquer momento, podem ser demitidos e mudar de opinião em um novo alinhamento
editorial.
Nesse cenário, só quem perde é o leitor-ouvinte-telespectador-internauta
que, às vezes, precisa ler vários jornais para buscar uma informação e não
encontra a verdade.
As demissões no Sistema Mirante são, portanto, o retrato
falado de um defunto – o interesse público.
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