Um release distribuído pela assessoria de imprensa do PCdoB
destaca o feito dos comunistas nas eleições de 2014.
O partido elege o primeiro governador, Flávio Dino, garante três
deputados estaduais (Marco Aurélio, Raimundo Cutrim e Othelino Neto, os dois
últimos reeleitos), um federal (Rubens Junior) e mantém duas vagas na Câmara
Municipal (Rose Sales e Prof. Lisboa).
Segundo o release do PCdoB, a “trajetória do partido no
Maranhão acumula várias conquistas, expansão e reconhecimento político. Com protagonismo na luta pelo fim do modelo
político oligárquico, a legenda esteve no centro do Partido do Maranhão –
que representou a união de 9 partidos pela superação do modelo de política
oligárquica que se instalou no Maranhão”.
ZIGUE ZAGUE
Os leitores e as leitoras deste blogue precisam saber que nem sempre foi
assim. Vejamos:
Corria o ano de 1985. Todo o chamado “campo
democrático-popular” engajava-se na consolidação de uma aliança liderada por
Haroldo Saboia (MDB) para disputar a Prefeitura de São Luís.
Aos 45 minutos do segundo tempo, o PCdoB abandonou a
esquerda para apoiar Jaime Santana (PFL), candidato da oligarquia Sarney.
Santana assustava a cidade com uma campanha milionária,
turbinada pelo bordão “Força Total”.
Detalhe: Jaime Santana é filho de Pedro Neiva de Santana,
governador biônico nomeado pelo ditador Garrastazu Médici e homem da
pré-história da oligarquia.
Saboia e Santana perderam para Gardênia Gonçalves (PDS),
esposa de João Castelo (PDS), fazendo uma das administrações mais desastrosas
de São Luís.
Dez anos depois, em 1995, o PCdoB estava novamente nos
braços da oligarquia, desta vez integrando a equipe da governadora Roseana
Sarney, eleita em 1994 com o apoio dos comunistas.
Roseana entregou o Instituto de Terras (Iterma) ao PCdoB e o
Incra a Marcos Kovarick. O mandato da filha de Sarney foi renovado em 98 e durou
até 2002. Nesse período, a oligarquia esteve oito anos aliada aos tucanos,
durante a era FHC.
PRAGMATISMO ELEITORAL
PCdoB aliou-se aos tucanos e obteve melhores resultados eleitorais. |
Os comunistas foram pioneiros na aliança com Sarney. O PT chegou depois, em 2010, mas já namorava o coronel desde 2006. |
A guinada eleitoral do PCdoB ocorreu a partir de 2008, com a
primeira candidatura majoritária de Flavio Dino, concorrendo à Prefeitura de
São Luís, coligado ao PT, que indicou o vice Rodrigo Comerciário.
O vencedor foi João Castelo (PSDB), esposo da ex-prefeita Gardênia
Castelo, a vitoriosa em 1985.
Registro importante: Flávio Dino recebeu o apoio de Gastão
Vieira (PMDB) no segundo turno de 2008.
Em 2010 Flavio Dino teve a primeira disputa ao governo, mas
sem o PT, já entregue a José Sarney (PMDB), no acordo com Lula & José
Dirceu.
Em 2014, o PCdoB aliou-se ao PSDB de João Castelo, que havia
derrotado os comunistas em 1985 e 2008.
O PT seguiu oficialmente com Sarney, mas a Resistência
Petista, dissidente da aliança com o PMDB, marchou com Dino.
NOVES FORA
WO, Roseana e Monteiro: aliança com Sarney só serviu para desmoralizar o PT |
Petistas e comunistas associaram-se à oligarquia em momentos
variados.
A diferença entre o PT e o PCdoB reside na eficácia
eleitoral das alianças.
Em seis anos, de 2008 a 2014, os comunistas elegeram dois
vereadores, três deputados estaduais e um federal.
Já o PT do Maranhão, tendo a presidência da República desde 2002,
só conseguiu eleger em 2014 um deputado federal (Zé Carlos) e dois estaduais
(Zé Inácio e Francisca Primo, reeleita).
Honorato Fernandes, vereador petista, já mudou tanto de lado
que pode parar no PSTU ou no PCO.
O PT, além do péssimo desempenho eleitoral, ainda perdeu
dois deputados, ameaçados de expulsão. O estadual Bira do Pindaré migrou para o
PSB e Domingos Dutra filiou-se ao Solidariedade, mas não conseguiu a reeleição.
Péssimo estrategista, o ex-vice governador Washington
Oliveira (WO) fatiou o PT em várias franquias e distribuiu em diversos balcões.
WO perdeu a liderança do partido e hoje administra um grupo
de derrotados, moral e eleitoralmente.
Do ponto de vista do pragmatismo para a obtenção de mandatos,
os comunistas jogaram melhor.
E o PT do Maranhão pode acabar virando uma tendência do
PCdoB, sob a liderança de Flávio Dino.
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