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sábado, 11 de outubro de 2014

A MELHOR TESE DE FLÁVIO DINO: CHOQUE DE CAPITALISMO NO MARANHÃO

Ed Wilson Araújo *

Os leitores deste blogue podem ver novamente o artigo Por um choque de capitalismono Maranhão, escrito em 2012.

Naquele texto, eu analisei as questões mais profundas que atrasam o nosso desenvolvimento: clientelismo, corrupção e patrimonialismo.

Esses trigêmeos dominam o governo e as prefeituras desde a pré-história do vitorinismo, estendendo-se até os últimos 50 anos da era Sarney.

Eleito governador em 2014, Flavio Dino (PCdoB) já anunciou em várias entrevistas que vai introduzir o capitalismo no Maranhão.

Não precisa muito esforço para entender a tese. Basta viajar pelas nossas estradas e chegar a qualquer município pequeno ou médio.

Só há duas imagens. Nas estradas, o latifúndio improdutivo e as casas de taipa. Nas cidades, o atraso total.

Esse cenário só muda se houver alterações profundas no modo de produção.

O Bolsa Família já cumpriu a primeira etapa, ao libertar as pessoas pobres dos favores e migalhas dos vereadores e prefeitos, que sempre trataram a coletividade como gado, transformando as pessoas em animais, presas aos currais (eleitorais).

Agora, é chegado o momento de evoluirmos do assistencialismo ao capitalismo.

OUTROS CAPITAIS

Para quebrar o ciclo vicioso do atraso é necessário, em primeiro lugar, libertar as prefeituras da agiotagem, esquema que financia as campanhas eleitorais e controla o dinheiro das prefeituras e as bancadas parlamentares.

O Maranhão precisa abrir as portas aos investimentos privados que introduzam uma nova dinâmica nas cidades: empresas competitivas atuando na produção, geração de emprego e renda, mediante contrato de trabalho, carteira assinada, férias, FGTS, auxílio-alimentação etc.

Concorrendo com o capital produtivo, a agiotagem vai reduzir consideravelmente o controle sobre as administrações municipais e os parlamentares.

O capital “limpo” do capitalismo produtivo é fundamental para implantar uma nova cultura política nos municípios.

A introdução de empreendimentos privados leva à geração de empregos e à dinamização da economia local, questões fundamentais para quebrar o ciclo vicioso entre os prefeitos e os agiotas.

MUDANÇA POLÍTICA

No Maranhão, predomina uma rede de corrupção com tentáculos em todas as dimensões e várias instituições.

Esse modelo sustentou uma aristocracia parasita, inimiga do trabalho e beneficiária da corrupção que produziu o atraso econômico e a miséria de milhões de maranhenses.

Para quebrar esse esquema, a “mão invisível” do mercado pode cumprir uma tarefa essencial no desmonte do sistema oligárquico instituído no clientelismo e no patrimonialismo.

Nesse contexto, cabe ao governo comunista o papel de incentivar e regular o ingresso do capital produtivo no Maranhão.

Quando digo “regular”, entenda-se o estabelecimento de relações republicanas e democráticas no processo de atração dos empreendimentos, sem privilégios aos aliados e financiadores de campanha.

O primeiro sinal de mudança do governo Flávio Dino (PCdoB) deve ser a criação de uma plataforma de acompanhamento de todas as licitações, contratos e atos institucionais, aberta ao amplo conhecimento da população.

Sem transparência, não há mudança!

Não adianta trocar as empresas de Edinho Lobão e Fernando Sarney por outros esquemas de aliados comunistas.

É urgente quebrar o monopólio e democratizar a concorrência, destruindo a aristocracia parasitária que domina os negócios com o governo.

LATIFÚNDIO E DIVERSIDADE

O Maranhão precisa também multiplicar e dinamizar os arranjos produtivos no campo. Até agora, temos dois extremos: a pequena agricultura familiar e o agronegócio.

A monocultura de soja e eucalipto avança a cada dia no controle de terras em todas as regiões do Maranhão – do sul ao baixo Parnaíba.

A expansão da fronteira da soja é nociva ao meio ambiente e expulsa o pequeno agricultor do campo, que acaba vendendo suas terras ao agronegócio altamente competitivo.

Diante desse cenário, há espaço para outros arranjos produtivos: médias empresas de agroindústria precisam invadir o Maranhão.

A única maneira de preservar as terras dos pequenos e médios produtores é torná-los competitivos, com acesso ao crédito, maquinário e assistência técnica de ponta.

O capitalismo precisa chegar ao campo beneficiando os pequenos e médios produtores. É a única forma de impedir a expansão ilimitada das fronteiras da soja e do eucalipto.

OUSADIA E CORAGEM

A aristocracia parasita do Maranhão precisa ser exterminada pela ação do capitalismo produtivo e competitivo.

Para realizar essa tarefa, o novo governo precisa ser ousado e corajoso.

A missão histórica do governo comunista é destruir a cultura política oligárquica que sustentou uma elite perversa, asquerosa, sócia do ócio, inimiga do trabalho e da produtividade.

O choque de capitalismo, portanto, é fundamental para destruir os parasitas instalados no Palácio dos Leões, com seus tentáculos em quase todos os municípios.

Só o liberalismo é capaz de libertar o Maranhão, rompendo com o coronelismo e o sistema oligárquico que sempre impediu o nosso desenvolvimento.

O Maranhão, sempre caminhando por vias tortas, pode construir um futuro justo optando pelo modelo injusto – o capitalismo produtivo e competitivo.

É pela antítese que se pode construir a síntese de um futuro melhor.

No governo comunista, é chegada a hora da “revolução” capitalista.

* Ed Wilson Araújo é jornalista, professor da UFMA e doutorando em Comunicação pela PUCRS.

2 comentários:

Dervil Mantovani disse...

Se na China o Partido Comunista entendeu que a etapa é esta aí abaixo, por que no Maranhão isto não pode ser colocado na agenda pelo único comunista eleito no Brasil? Eu não gostava do Flávio, mas acho que ele poderá tirar esse Estado do atraso lulo-sarneysista. Até o PT aqui (pelo menos a facção do Dutra) mostrou dignidade e pode contribuir. Aliás, isso poderá valer pra toda a parte atrasada do país. Inda com a vantagem de preservar a democracia QUE É CONQUISTA ÁRDUA E SOFRIDA DE GERAÇÕES DE TRABALHADORES DO MUNDO INTEIRO AO LONGO DO SÉC QUE PASSOU.

Mauro Carvalho disse...

Caro professor, você disse tudo! Grato por sintetizar nesse post tudo o que eu tentava organizar em palavras. Vou repetí-las (com os devidos créditos).