Imperatriz cresce a olhos vistos.
Aumenta todos os seus índices urbanos dia a dia: quantidade de prédios altos,
de carros e motos nas ruas, de faculdades e universidades, de profissionais
liberais, de indústrias e casas comerciais, de shoppings, de casas noturnas
etc. Isso se vê por aí, basta andar pela cidade e nem precisa ter um olhar tão
perspicaz para notar. Mas e o desenvolvimento, como anda? Penso que, nesse
momento em que estamos apagando velinhas de 160 anos, é bastante providente
discutir até que ponto a cidade vem aliando crescimento e desenvolvimento. Para
mim, o que parece é que o desenvolvimento está perdendo a disputa para o
crescimento.
Por isso, como morador dessa cidade
há seis anos, proponho que ela cresça menos e se desenvolva mais.
Crescer menos, por esse prisma,
significa ter mais cuidado com a verticalização e a “condominionalização” desenfreadas, por exemplo. É racionalizar a abertura de bairros ou vilas
em locais que não estão preparados para recebê-los – ou pior: que se sabe, de
antemão, que não há condições de chegar, em breves dias, beneficiamentos
públicos – água, esgoto, escola, posto policial, posto de saúde. É administrar
melhor, com mais controle e eficácia gerencial, a industrialização e a chegada
de comércios – que muitas vezes, para se implantarem, exigem um preço
altíssimo, em termos de degradação ambiental e exploração de mão de obra e, em
outras vezes, não passam de aventura capitalista, pura e simples. É não
permitir que a cidade se espalhe sem planejamento urbano, arquitetônico, de
paisagismo. É, enfim, criar estratégias inteligentes de gerenciamento das
carências em todos os sentidos, para que a elas se aliem soluções também
inteligentes.
Na outra face da moeda, desenvolver
mais significa dotar as áreas da cidade de aparelhamentos urbanos: praças nos
bairros, árvores pelos canteiros de casas e avenidas, embelezamento de áreas de
recreio e lazer (um exemplo claro: sempre me perguntei por que a nossa
Beira-Rio é tão feia e por que não aproveitar aquelas duas lagoas que lá estão
para coisa mais útil que a pesca infrutífera...). É sanear os bairros que já
existem, calçar ruas (não necessariamente com asfalto, que é quente...), levar
escolas, postos médicos, postos policiais etc. É criar condições para que a
cidade receba mais arte, mais cultura: mais música, mais cinema, mais
literatura, mais teatro – costumamos nos gabar que estamos próximos a cinco
capitais, mas quase não recebemos espetáculos de lá – a não ser o monofônico
ritmo que todos conhecemos bem... Enfim, desenvolver mais é se preocupar com
uma expressão que, de tão usada pelo poder público e não aplicada, está virando
anedota: “qualidade de vida”.
E, antes que me chamem de
quixotesco, advirto: muitas cidades Brasil afora, do tamanho de Imperatriz ou
até menores, já fizeram ou vêm fazendo este dever de casa. A forma de
administrar é a mesma. O que falta é vontade de fazer: do poder público, das
entidades, da população. Considerando que estamos no aniversário de Imperatriz,
mudar a maneira de encarar a cidade, de uma cidade que “cresce” para uma cidade
que se “desenvolve” poderia ser um ótimo presente.
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