Desde 2010, quando o PT
do Maranhão virou legenda de aluguel da oligarquia Sarney, acentuaram-se os
vetos e intervenções em diversos partidos, atropelando as instâncias decisórias
e os direitos dos filiados.
Uma das situações de maior
repercussão foi o veto à candidatura de Wellington do Curso a vereador no PSL. Por
ordem do cacique Chico Carvalho, Wellington foi decapitado e teve de recorrer à
Justiça para assegurar o direito de disputar a eleição.
Mas antes de Wellington
do Curso ser vetado pelo PSL, outros partidos até mais representativos também
passaram por atos demolidores.
Os “históricos” do PDT,
vinculados a Clay Lago, viúva do ex-governador Jackson Lago, travaram uma luta
ferrenha contra o grupo de Weverton Rocha, menino prodígio criado pelo próprio
Jackson Lago e tido como seu sucessor no PDT.
Weverton Rocha venceu a
guerra interna e apropriou-se do PDT, restando a Clay Lago o consolo de um
grupo de resistência democrática operante na internet.
No PSB, a pacificação da
guerra interna veio por ordem do comando nacional (leia-se Eduardo Campos,
governador de Pernambuco), entregando o partido em São Luís para Roberto Rocha.
O PPS virou caso de
Polícia. A deputada estadual Eliziane Gama denunciou que foi mantida em cárcere
privado por integrantes do próprio partido, que pretendiam inviabilizar a
candidatura dela à Prefeitura de São Luís.
As disputas internas com
seus agravantes chegaram rapidamente até aos novos partidos de esquerda como o
PSOL.
No Maranhão, os pioneiros
militantes e dirigentes do PSOL foram substituídos por novos integrantes, após
sucessivas batalhas internas que culminaram na destituição do grupo de Paulo
Rios e ascensão de Haroldo Sabóia, candidato a prefeito de São Luís.
A situação piora nos
pequenos municípios, onde os partidos são reduzidos a pessoas, que fazem das
siglas balcão de negócio.
Nas tenebrosas transações
eleitorais, o partido-pessoa faz um leilão para ver quem oferece mais dinheiro
no negócio, vendendo a sigla para contemplar interesses próprios.
Cada partido é um pequeno
cartório, onde um presidente manda e desmanda, acoitado pelos vereadores
negociantes de apoios e mandatos.
Alguns partidos, até com
maquiagem de esquerdistas, são franquias negociadas nas mesmas regras das grifes
no shopping eleitoral.
Observam-se aí duas
situações: a judicialização e a mercantilização da política.
Quando as instâncias
partidárias perdem o poder de decisão, atropelando as regras estatutárias, os
prejudicados recorrem à Justiça para garantir determinados direitos.
É a situação de
Wellington do Curso. Acionando os tribunais, conseguiu uma liminar, que logo
foi derrubada, enredando o pré-candidato em uma teia kafkiana.
A segunda situação é agravante
porque trata-se da intervenção de um agente mais determinante – o capital –
comprando pessoas, mandatos e decisões.
A maioria dos partidos
perdeu o sentido de organização da luta política, esvaziaram-se do recheio
ideológico, capitularam diante das forças escusas que fazem da política um
negócio, entregaram-se à vida fácil do pragmatismo.
Nesse cenário há um
ganhador – a corrupção – e uma grande perdedora – a coletividade.
Uma reforma política é
necessária para recompor a democracia no Brasil. Os partidos são peças
fundamentais na disputa de poder, na difusão de idéias, na formatação de
estratégias e na governabilidade.
Na forma atual, os
partidos perderam-se no pragmatismo. É preciso reinventar o espectro partidário
brasileiro.
Nivelados por baixo,
iguais em quase tudo, os partidos desconfiguram a democracia brasileira.
Um comentário:
Parabéns... Belo texto e muito oportuno!
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