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domingo, 24 de julho de 2016

ESPETO DE PAU: DENÚNCIAS DA PROMOTORA LÍTIA CAVALCANTE COLOCAM O MINISTÉRIO PÚBLICO EM XEQUE

Promotora Litia Cavalcante é vítima de perseguição no Ministério Público
A promotora Litia Cavalcanti declarou guerra a setores do Ministério Público (MP) do Maranhão, ao afirmar que é vítima de assédio moral no exercício das suas funções, atingindo o centro nervoso dos ficais da lei.

De agora em diante, ambos os lados terão de se explicar. Ela é desafiada a provar o que disse nas redes sociais. A cúpula do MP, por sua vez, vai se defender.

O mais importante de tudo isso é a revelação do que haveria de obscuro nos bastidores das promotorias.

A sociedade precisa saber, sem meias palavras, o que ocorre de tão grave no MP, a ponto de uma promotora desabafar com veemência nas redes sociais.

Atuante em causas delicadas, Litia Cavalcanti já litigou em temas relevantes no espectro de poder do Maranhão, onde sempre há interesses privados sobrepondo-se aos difusos e coletivos.

Suas batalhas pelos direitos do consumidor já provocaram atritos com peixes grandes da política, a exemplo do esquema bilionário do transporte coletivo e da poderosa Cemar (Companhia Energética do Maranhão).

Apenas esses dois exemplos são suficientes para colocá-la como persona non grata entre os controladores de setores estratégicos na economia e na política maranhense.

Suas revelações na internet acabaram requentando as denúncias sobre desvios de conduta na CPI da Euromar, que investigava corrupção no mercado de compra e venda de automóveis em uma das maiores concessionárias do Maranhão.

Se forem fundo, as denúncias da promotora podem remontar ainda ao que há de mais contraditório no MP – as obras de reforma no prédio sede das Promotorias de Justiça da Capital, o “espeto de pau”, onde há suspeitas de malversação de recursos.

Por essa obra suntuosa, o MP passou a ser conhecido como “espeto de pau”, em alusão irônica ao fato de que o MP não poderia nem deveria ficar sob suspeita de malversar dinheiro público, visto que uma das suas principais funções é justamente fiscalizar o bom uso do erário.

De tudo que a promotora disse, o que mais preocupa é a situação dos cidadãos comuns, desprotegidos, que depositavam no Ministério Público suas últimas esperanças.

Se os promotores mais atuantes, como Litia Cavalcanti, são tolhidos, com quem a população vai contar?

O que se pode esperar de uma instituição que, em vez de estimular e promover as suas funções, inibe e persegue seus melhores quadros?

Definitivamente, o MP do Maranhão vive sua pior crise.

E precisa se livrar do estigma do "espeto de pau".

2 comentários:

Carlos Agostinho Couto disse...

Um dos grandes problemas do Maranhão - embora não seja exclusividade do estado - é justamente o hábito de não se questionarem os poderosos. O governo, o MP, a justiça, a Assembleia...são pouco analisados, pois o corporativismo entre os "donos do poder" faz com que se defendam mutuamente.
Há exceções, claro, mas pouco se vê de prático acontecer. A coragem da promotora Lítia talvez amenize o quadro.

Ed Wilson Ferreira Araújo disse...

Carlos Agostinho, só espero que a promotora abra o jogo inteiro e dê nomes, mostre provas sobre tudo que falou nas redes sociais.