A onda de sofrência que tomou conta de São Luis no último
fim de semana é um duro golpe na ditadura dos forrozeiros.
Nas ruas esburacadas da cidade, a poluição sonora dos carros
de luxo e caminhonetes trocou os Aviões do Forró pelos melodramas sonoros do
pablismo.
Pablo é um símbolo da pedagogia do (coração) oprimido.
No fim de semana em que mataram 23 pessoas na região
metropolitana de São Luís, a 15ª cidade mais violenta do mundo, falar de amor é
fundamental.
Mas, a multidão da sofrência embarca hoje no forró de Wesley
Safadão, o mais esperado do ano, segundo seus divulgadores.
Da disputa entre Pablo e Safadão vai sair o adversário do
festival Jazz e Blues de São José de Ribamar, de 5 a 7 de dezembro.
Mississipi em chamas. A cidade balneária vai pegar fogo com
os acordes e sopros das guitarras e metais universais.
Quem vai para a final? Bluseiros, forrozeiros ou sofrêncios?
Falando sério, está começando a pintar um clima democrático
nas ondas sonoras do Maranhão.
Pablo conseguiu derrubar o avião forrozeiro que despeja
toneladas de decibéis pelas ruas todos os dias, a qualquer hora, repetindo as
surradas rimas sobre as intrigas entre a mulher safada e o homem raparigueiro.
Precisamos de mais jazz e blues no Maranhão, até agora
restritos a poucos espaços culturais e emissoras onde se pode ouvir algo
diferente do convencional.
Queremos também a ampliação do chorinho, do samba, da MPB,
do rock, do merengue, rumba, salsa e o escambau. A rádio Universidade FM é nosso porto seguro.
Aplausos para a Satchmo Produções e suas ótimas sacadas
musicais, envolvendo uma trupe de bons artistas e sonoridades poéticas.
Na Internet, a rádio da vanguarda revolucionária do movimento estudantil solta
uma seleção musical de primeira qualidade, retirada do fundo do baú de sonhos e
heterotopias da geração dos 80’s Oitentistas UFMA.
Falando mais sério ainda, é hora de dar um cavalo de pau na
política cultural do Maranhão, no que diz respeito à diversidade musical e à
produção independente, fomentando velhos e novos talentos da nossa terra.
Queremos diversidade. Chega da ditadura do forró. Ninguém é
obrigado a ouvir as mesmas músicas todos os dias, no último volume das
caminhonetes forrozeiras.
É hora de criar a Orquestra Sinfônica do Maranhão.
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