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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O PT E A GLOBO: NOVA DIREÇÃO

O dia 7 de agosto foi uma data fundamental para entender o posicionamento da Globo em relação ao PT e ao governo Dilma Roussef.

Nesta data, o editorial do jornal o Globo refutou a tese do impeachment, corroborando o pensamento de FHC e Serra, a síntese do pensamento tucano.

À noite, o Jornal Nacional deu ampla cobertura aos atos de Dilma, em Roraima, durante uma solenidade para a entrega de casas populares.

No cenário de crise, a família Marinho não aposta no caos total, a ponto de prejudicar os seus empreendimentos no âmbito do capitalismo. A economia precisa funcionar bem para assegurar os lucros das elites, incluindo os negócios midiáticos.

Não interessa também à Globo que o país seja totalmente entregue ao PMDB, que poderia gerar uma crise incontrolável. Também não é recomendável que a bomba da economia caia no colo do PSDB, o preferido da família Marinho.

DEIXA SANGRAR

Navegando na conjuntura, nesse momento a ordem é alimentar o noticiário negativo da operação Lava-Jato e deixar o PT sangrando, até o momento do bote final – a eleição de 2018.

O casamento entre a Globo e o PT, iniciado em 2003 com a posse de Lula e a entrevista no Jornal Nacional, vai chegar ao fim com litígio.

Esse processo é fruto das opções feitas por Lula, contrariando as questões programáticas do PT e a pauta dos movimentos sociais que reivindicavam ações dos governos petistas visando democratizar a Comunicação no Brasil.

Lula teve todas as chances de inibir o poder da Globo, quando estava no auge da popularidade, tinha maioria no Congresso Nacional, ampla base social e confiança da grande massa da população.

DORMINDO COM O INIMIGO

Nesse período, Lula poderia sim ter dado uma guinada na política de distribuição das verbas publicitárias, esvaziando o balão da Globo, mas não o fez. Preferiu manter 54% de todo o bolo publicitário para entupir ainda mais os cofres da família Marinho, durante os anos de 2003 até 2012, apenas se considerarmos os dados divulgados pelo governo federal nesse período.

Em síntese, Lula foi cúmplice e patrocinador do monopólio da Globo, juntamente com o PT.
Na Argentina, Cristina Kirchner enfrentou o monopólio do grupo Clarín (equivalente à Globo), flexibilizando a legislação que favorecia o monopólio.

O que fez Lula diante disso? Preferiu manter os privilégios da Globo e não moveu uma palha para quebrar o império midiático que agora o petismo chama de "golpista".

Temos milhões de motivos para defender o governo Dilma e a democracia, mas não podemos cegar e ignorar os erros da política de comunicação do PT, que ficou em segundo plano diante do pragmatismo do seu presidente de honra.

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