Conheço o
ex-presidente do PT José Genoíno há mais de vinte anos. Sempre o admirei pela
sua coragem e determinação. Com convicção, enfrentou o debate sobre os grandes
tabus da esquerda, ao questionar o centralismo democrático e a ditadura do
proletariado, ao propor a reforma política do Estado burguês e defender aliança
ampla para o PT chegar ao centro do poder.
Genoíno foi um
parlamentar sempre firme e sério, disputando os rumos do PT, interna e
externamente; muitas vezes elogiado pela imprensa burguesa, esta mesma que o
desqualifica e tenta lhe colocar na vala comum dos que saqueiam os cofres
públicos.
Qual foi o crime
do Genoíno? Ter presidido o PT, assinado as rubricas do partido, ter dialogado
com os partidos aliados que deram sustentação ao governo Lula. Não podemos
concordar com a execração de alguém que, ao longo da sua vida, dedicou suas
forças na luta “por uma sociedade socialmente igual, humanamente distinta e
totalmente livre”.
O STF, em minha
opinião, errou. Fez um julgamento político. Cometeu o mesmo erro quando cassou
o ex-governador Jackson Lago (PDT), alegando abuso de poder econômico, dando
ganho de causa a uma oligarquia que comanda o Maranhão há 50 anos.
Não quero aqui
fazer nenhum juízo de valor dos ministros do STF. Apenas gostaria que o
julgamento do Genoíno tivesse critério mais plausível.
Genoíno, ao
longo de toda a sua vida de militância, como parlamentar e dirigente
partidário, nunca acumulou patrimônio incompatível com sua renda. Também não há
qualquer gravação que o incrimine, revelando situações em que tenha se
aproveitado do dinheiro público em benéfico próprio.
Quando
parlamentar, Genoíno nunca se envolveu em corrupção. Pelo contrário, denunciava
e questionava a forma de distribuição e o uso das emendas parlamentares. No seu
gabinete tinha escrito “aqui não se vende e não se compra”, ou seja, o gabinete
não é lugar de negócio.
Parlamentar
exemplar e admirado tanto pela esquerda quanto pela direita, não tem no seu
currículo e nem no seu DNA atos de desonestidade. Alguns discursos dele
marcavam quem o ouvia por alguma frase. Uma delas me marcou muito: “o que não é
público não pode ser ético”, resumindo a concepção e autoridade política de
quem defende a transparência contra qualquer tipo de corrupção em nosso país.
Genoíno é pra
mim e sempre será muito mais que um companheiro. É o símbolo de alguém que
pagou e paga o preço por ter convicções e posições claras. Para mim, ele
continua o mesmo Genoíno de sempre, cuja trajetória política inspirou o slogan
de campanha: “Genoíno, firme e sério”.
* Augusto Lobato
é vice-presidente do PT/MA
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