Os dados
divulgados no período anterior às eleições, e também durante, chamam a atenção
dos eleitores e analistas políticos. Fala-se nas deficiências da área
educacional, falta de vagas nos hospitais, quantidade de ruas por asfaltar,
qualidade dos serviços públicos etc.
Muito se fala
também nos recursos possivelmente investidos pelos diversos candidatos, seja ao
cargo majoritário de prefeito ou aos proporcionais de vereador.
Nas eleições para
a Prefeitura de São Luís de 2012 não foi diferente.
Mas chama mais a
atenção ainda, com o cenário eleitoral já definido neste ano, os dados
divulgados no período pós-eleitoral. Oficiais, devemos admitir, mas dados
apresentados aos tribunais eleitorais, portanto, dignos de nota. Eles mostram o
valor que cada candidato alegou ter gasto nas eleições, com destaque aqui para os
custos de campanha dos candidatos a prefeito mais bem colocados na eleição.
Eles nos
mostram, entre tantas outras coisas, o poder econômico de cada candidato ou
grupo. E, por extensão, o ímpeto financeiro com que cada um enfrentou a
campanha. Podemos, inclusive, deduzir quanto custou cada voto conquistado pelos
candidatos. Antes que se criem dúvidas, não nos referimos à compra de votos,
algo que – insistem os tribunais e políticos – é hábito ultrapassado. Não o é, a
meu ver, mas não é o objeto desta análise.
Voltando ao
mundo dos dados oficias, e fazendo uma simples comparação dos valores
declarados pelos candidatos e o seu resultado eleitoral, perceberemos qual a
relação entre os valores investidos e o que disseram as urnas.
Vejamos:
O candidato que
mais investiu, oficialmente, foi o prefeito João Castelo. Foram R$ 4.697.991,79.
Se considerarmos que ele participou dos dois turnos e o gasto informado
refere-se a ambos, e dividindo-se o valor gasto pelos votos alcançados nos dois
pleitos, que somaram 376.405 votos (156.320, no primeiro e 220.085 no segundo
turno), temos que cada voto custou o valor de R$ 12,48.
O que declarou
ter o segundo maior gasto, Washington Luiz, disponibilizou R$ 4.421.085,46. Como
ele teve 56.328 votos (4º colocado no primeiro turno), significa que cada voto
seu lhe custou R$ 78,48.
O que teve o
terceiro investimento, em dados oficiais, foi o candidato eleito Edivaldo Holanda
Jr. Ele gastou R$ 2.164.279,82. Como teve 466.993 votos nos dois turnos (186.184
no primeiro e 280.809 no segundo turno), cada voto saiu por R$ 4,63.
Eliziane Gama,
terceira colocada no primeiro turno, com 70.582 votos, declarou ter gasto R$
304.440. O que dá uma média de R$ 4,31 por voto.
Ficando por
aqui, pois os demais candidatos tiveram um número bem menos significativo de
votos, deduzimos que Eliziane Gama gastou pouco e ganhou muito. Com um baixo
investimento financeiro e uma campanha que enfatizava um discurso humanitário pela
cidade, ficou em terceiro lugar no primeiro turno.
Washington Luiz gastou
muito e ganhou pouco. O poder do seu dinheiro e o discurso propagandístico de
que também teria o poder de conseguir os apoios federal e estadual pouco lhe
renderam nas urnas. Um fiasco político e econômico-financeiro.
Pragmaticamente,
João Castelo perdeu mais porque não conseguiu a reeleição e Holanda Jr ganhou
mais porque, mesmo com um investimento por voto dezesseis vezes menor que o
candidato que mais gastou proporcionalmente por voto (Washington Luiz), venceu
as eleições.
Resta sabermos
de onde veio tanto dinheiro e o que justifica o gasto de fortunas para chegar
ao poder.
* Carlos
Agostinho A. de M. Couto é professor da UFMA e doutor em Políticas Públicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário